Não me considero uma deslumbrada da mais alta classe social do Rio de Janeiro. O único fator verdadeiro dessa frase é eu pentecer a um patamar superior em Copacabana, mas isso não condiz com minha personalidade, não mesmo!
Se minha mãe tivesse a boa vontade de lembrar de seus tempos de ousadia e princípios adolescente, não estaria dizendo que eu arrumei encrenca por achar que eu posso fazer tudo o que eu quero
Não está entendendo? Vamos voltar 4 casas atrás, ou melhor, 4 dias
Era o grande dia do evento dos novos patrocinadores da sintonia de rádio do meu pai, Oscar Paloviski, proprietário da maior estação de rádio nacional. Não me orgulho de dizer isso, isso só reforça ainda mais minha fama de "filhinha de papai".
Todos os convidados eram celebridades, empresários, acionistas e blá-blá-blá e eu tinha que me comportar, pois de acordo con a minha mãe eu sou uma capetinha no corpo de uma mulher.
Até um certo momento, tudo ocorria na maior tranquilidade e pacatez possível, cada um em seu canto falando sobre negociações e política, até porque 1994 era ano de eleições e homens velhos gostam de retrucar opiniões sobre democracia como se eles tomassem conta do Legislativo. Tudo o que eu queria era estar com os pés na areia saboreando contato cheiro salgado do mar com o Sol.
Abstrata em meus pensamentos, um homem de meia idade de barba por fazer com trajes requintados se senta ao meu lado e puxa assunto comigo, não estava para conversa mas lembrei das "sábias palavras da mamãe" que dizia que eu tenho a obrigação de ser a grande amiga dos homens.
Assunto vai, assunto vem, até que ele começa a contorcer as ideias e passa mão entre meu vestido, passando pela perna até chegar você sabe a onde. Me levantei num impulso de fúria e joguei a taça mais próxima da mesa onde estava minha cadeira e lhe referi palavras do mais baixo calão arranjando uma tremenda confusão. Tentei esclarecer o ocorrido dizendo que aquilo foi a reação de um assédio, mas parece que "assédio" não existe no vocabulário dos velhote ricos imbecis, isso inclui meus pais.
E agora, acham que eu sou errada??
Portanto vamos percusar o ponto atual do problema que está vindo diretamente do meu quarto como água fresca-Mãe, você não tem direito de fazer isso comigo! O que vão achar quando souberem que a senhora colocou a sua filhinha de cerâmica em uma escola imunda no meio de gente de tão...baixo nível! O que acha vão pensar?
-Vão pensar que sou uma ótima mãe que sabe colocar os filhos no devido lugar e que você é uma desequilibrada, Laura Paloviski!- respondeu de forma sarcasticamente rude apontando o dedo indicador bem no meu nariz
-Sua mãe está certa, Laura- me virei para escutar meu pai, que se arrumava com pressa para ir ao estúdio e que estava com problemas com a gravata- você já não é uma menininha e precisa aprender a se virar, daqui a pouco você vai assumir meu posto na minha rádio e nada vai ser entregue de mão-beijada
-Nossa rádio Oscar, nossa rádio- caminhava minha mãe em direção ao meu pai para enfim ajustar a bendita gravata, me deram um beijo de despedida e foram em direção ao trabalho
-Não esqueça meu amor, isso é para seu bem! Um dia você vai entender- ela já ia saindo até se virar e concluir- Ah! Uma moça virá consertar esse problema no encamento da sua suíte, ela é filha do Seu Anselmo e da Dona Lurdes lembra?? Eles trabalharam aqui durante sua infância, são de confiança e de indicaram sua filha, acho que o nome dela é Paula ou alguma coisa assim
Silêncio absoluto no quarto tirando o tilindar suave dos ornamentos de cocais debatendo-se um ao outro no teto
Resumidamente, a solução dos meus pais é causar mais problemas, um deles é que eu conclua meu terceirão numa escola pública que fica provavelmente em um beco sujo e tirar meus "brinquedinhos" de alto orçamento para que eu aprenda a ser uma dama, não duvido que planejem uma lobotomia para o gran' finale.
Era sábado e precisava ficar trancada no quarto para esperar a garota mecânica, fazia horas que meu namorado não me ligava. A única coisa boa era a sintonia do rádio que tocava Pepeu Gomes, conseguia sentir um pedacinho da praia em mim dessa maneira. Arrisquei alguns passos de dança desgovernados vestindo uma canga por cima da camisa branca e a calcinha, era libertador estar sozinha se imaginando sozinha, até não estar mais sozinha.
Não escuto as batidas na porta pelo volume relativamente alto da música e ela se abre sozinha e me pega desprevenida naquela situação íntima. Desesperadamente desligo a música e pego o objeto mais perto do meu alcance de olhos cerrados de medo pensando ser um invasor ou do tipo--Tá maluca garota? Não é por que sou sua subordinada que pode tacar coisas em mim
Sinto uma mão feminina segurando firme meu pulso para repudiar o meu ato. Abro os olhos e vejo uma mulher bem mais alta que eu de traços grotescos olhando para mim. Usava roupas características de um encanador ou algo do tipo e estava com os cachos amarrados em um coque alto. Deduzi que fosse a Paula, fiquei extremamente constrangida em recebe-la de maneira nenhum pouco hóspede.
--Me desculpe eu não vi ninguém entrando, você bem que poderia ter batido mais forte na porta!- lhe encaro revoltada me soltando das garras dela
--Se eu batesse mais forte eu iria abrir um buraco na porta, se não fosse surda teria ouvido! E sua mãe deixou minha entrada liberada no teu apart e a porta aberta. Mas enfim, onde está o problema que eu vim resolver- me encarou de volta e em seguida olhou para os cantos da casa transmitindo um sorriso lateral ao falar comigo
--Seu nome é Paula, não é?
--Paola, ao seu dispor, madame
Paola, o nome da folgada era Paola.
Me escoro na parede e aponto para a suíte indicando que lá estava o serviço dela
Ela entra e se agacha para ver o vazamento da pia melhor, abriu sua caída de ferramentas e começou a labuta--E você, como se chama?--Paola pergunta para mim
--Laura Trindade Paloviski
--É o seguinte Patoviski--que tiro foi esse--você vai ter que me ajudar aqui, tenta tirar esse cano para que eu possa trocar
--Primeiramente, é Paloviski, e seguidamente, você que tinha que estar com controle sobre isso, eu nunca nem mexi com algo parecido
Aquela garota não tinha limites, não se contentou em atrapalhar meu sossego que agora quer que eu faça coisas tão brutais, sei que é só um cano, mas eu acabei de fazer as unhas na Camile!
--Paloviski é? Achava que isso era nome de marca de picolé. Você só vai segurar um cano, não vai te arranhar
Após bastante resistência e hesitação, eu concordei em ajudá-la, não por boa vontade, é porque queria que ela fosse embora logo. Fiquei ao seu lado e pressionei o cano como ela havia instrucionado. Nós calamos por boa parte da obra, até Paola quebrar o gelo cantarolando desfinado de um jeito tão rídiculo que me obrigava a ouvir
"A noite vai ter Lua cheia
Tudo pode acontecer
A noite vai ter Lua cheia
Quem eu amo vem me ver"--Dá pra calar a boca? Tá estragando a música
--Nem minha mãe me manda calar a boca, sua metida
--Quem você pensa que é pra me chamar assim?
--Você nem me conhece e me manda calar a boca, porra
Começamos a discutir mais uma vez, dessa vez berrando uma na cara da outra igual bodes, sem nem nos darmos conta de que estávamos no meio de um serviço delicado. O clima começou a esquentar tanto no mais puro gesto de ira, quebrei o cano sem perceber. Não foi culpa minha, se ela não fosse tão boca aberta não teria me distraído
A água foi direto na minha cara que eu cai pra trás tentando tampar a tremenda cratera que fiz, o jato não parava de molhar nós duas e Paola não parava de rir.
O negócio tava tão complicado que a cacheada teve que pisar no cano e quebra-lo de uma vez por todas.
A suíte tava encharcada, mais que ela só eu que parecia o monstro do lago Ness de peruca loira
Paola chorava de rir tão escandalosamente que fui me impulsionou a rir também mesmo estando furiosa com ela--É a primeira vez que eu rio em semanas
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أدب المراهقينROMANCE NACIONAL SÁFICO‼️ ☆ Laura é da alta classe social do Rio de Janeiro, seus pais são donos da maior rede de rádio do país. Porém, como toda garota de 16, Laura também arranja encrencas marcantes Após uma grande co...