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Atendendo a pedidos (ninguém me pediu nada) fiz essa short-fic de três capítulos de Saskia e Sadie, inspirada em um edit que vi. Embora não seja Supercorp são personagens da Katie e da Melissa, então pensei que pudessem gostar.

Divirtam-se! (Ou não)

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Passa das dez da noite e estou sentada sozinha no balcão de um bar que nunca entrei antes. Hoje eu tive o que pode se chamar de dia de cão, me sinto tão cansada mentalmente que queria apenas uma bebida para relaxar. Normalmente, uso as sextas à noite para fazer algo assim, mas é quarta-feira e a já me sinto esgotada. Ao menos o lugar desconhecido do qual eu entrei é aconchegante e calmo.

O bar de luz amarelada, paredes rusticas, assentos de madeira e uma parede inteira cheia de bebidas, está quase vazio. Tirando o garçom e eu, há apenas umas duas mesas com pessoas conversando e dois caras que jogam sinuca ao fundo do bar. A única coisa que me irrita é essa música de elevador que ecoa. Poderiam melhorar nesse quesito.

Por estar dirigindo, não deveria estar bebendo, então tento me contentar e aproveitar gole a gole de uma única taça de vinho branco.

Gosto do meu trabalho e ele me rende um bom dinheiro por mês, mas às vezes ele é exaustivo demais. Na verdade, meus clientes me deixam assim. Eu digo: "não faça isso", "não diga aquilo" e eles fazem justamente o contrário. O pior de tudo é que reclamam quando recebem um processo, como se eu não tivesse os alertado.

Eu deveria ter fugido com o circo quando pequena, ao invés de crescer e me tornar advogada. Mas como eu disse, consigo um bom dinheiro por mês com esse emprego que tenho certeza que não conseguiria com o circo.

Escuto um barulho de algo duro batendo contra o piso de madeira, quando me viro, me deparo com uma morena, digitando no celular, com um chapéu preto na cabeça e pacote de balas de canudos de açúcar. Ela anda em direção ao balcão do bar e se senta três bancos afastados de onde estou sentada.

A mulher é bem bonita, para ser sincera. Tão bonita que fica difícil desviar os olhos dela e acabo sendo pega no flagra.

— Se continuar me olhando assim, vai se apaixonar — diz a mulher, até então, misteriosa para mim, com os olhos vidrados na tela do celular.

Reviro os olhos e volto a minha atenção para a taça de vinho.

— Não precisa ficar envergonhada, gosto de ser notada.

— Não estou te 'notando' — digo um pouco mais na defensiva do que gostaria.

— Não é o que parece.

Solto um riso anasalado. É bonita e é convencida, não posso dizer que não gosto disso.

Dou um gole no meu vinho e sinto que a morena sem nome está se aproximando de mim.

— Gostou de algo em mim? — ela pergunta ao se sentar ao meu lado.

— O que?

— Você ficou vários minutos me encarando, deve ter gostado de algo em mim.

Não encaro seu rosto imediatamente, primeiro a observo de cima a abaixo e, bom, reparando melhor, posso dizer que gostei sim de algo nela. Ou melhor, tudo nela. Quando fito seu rosto, seus olhos azuis já estão sobre mim.

Os delas são de um tom azul acinzentado, profundos e brilhantes. Ornam bem com todo o resto do rosto, que é muito bem marcado. Ela tem traços bonitos e uma cicatriz pequena na testa. Até a cicatriz combina com o jeito dela.

— O que faz sozinha aqui?

— Quantas perguntas.

— Tem razão. — Ela estende a mão direita em minha direção. — Sou Sadie McCarthy.

Middle Of The NightOnde histórias criam vida. Descubra agora