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Divirtam-se!(ou não)

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Para conseguir tirar Sadie da delegacia, tive que fazer algumas ligações e cobrar alguns favores. Acho que essa mulher não conhece muito a palavras limites, ao levar em conta o que ela tinha feito para ir parar no 13º DP. O que mais me surpreende é que esse tipo de coisas não aconteceu uma ou duas vezes, além de inúmeros processos, ela tem uma ficha extensa de passagem por delegacias.

Todo o processo para a liberação dela demora algumas horas. Enquanto isso, ela está em uma sala e toda vez que me vê passando, me lança um sorriso ladeado de quase como quem diz "eu sabia que não me deixaria aqui". Minha única reação honesta ao seu jeito é respirar fundo.

Não poderia prever que um dia além de dormir com a repórter que quase me fez perder o meu emprego, eu também a livraria de uma grande enrascada.

Termino de assinar algumas coisas para ela ser liberada. Quando vou em direção a sala onde Sadie está, seu sorriso cínico volta a dar as caras.

— Vamos — digo ao abrir a porta —, você já está liberada.

— Eu tinha certeza que você não iria me decepcionar.

Sadie pega a sua bolsa e se aproxima de mim, antes de sair da sala, me dá um beijo no rosto como se isso fosse algo natural entre a gente.

Caminhamos para fora da delegacia e assim que Sadie passa pela porta, ela abre os braços e quase grita:

— Viva a liberdade!

— O que você tinha na cabeça quando achou que seria uma boa ideia invadir o gabinete de um deputado? — pergunto enquanto andamos em direção ao estacionamento.

— Não foi invasão. Eu precisava de um posicionamento dele sobre os casos de corrupção, então fui até lá em busca do posicionamento dele — diz simplesmente.

— Se você está proibida de entrar em algum lugar e mesmo assim você entra, isso é invasão.

— Detalhes, Saskia.

— Você tem sorte que eu tinha alguns favores a serem cobrados e seu nome não vai ser fichado, mas não garanto um processo.

— Bom, não é a primeira vez que alguém me processa. — Dá de ombros.

Curiosamente, Sadie não parece arrependida de nada que fez e parece muito menos que não fará algo parecido de novo.

— Como você tem emprego se envolvendo em tantas situações assim?

— Eu sou muito boa no que faço, Saskia. — Me encara.

— Boa em arranjar confusão com gente que tem o poder te destruir?

— Principalmente nisso. Se essas pessoas tem algo a esconder, eu sou a responsável por expor.

— Qualquer hora ninguém vai conseguir te tirar da cadeia.

Ela me dá um empurrãozinho de leve com o ombro.

— Ainda bem que minha nova advogada sabe o que fazer.

Paro de andar para encará-la.

— Nova advogada?

— Sim — responde com convicção —, minha antiga advogada me deixou. Mas tudo bem, ela não era tão bonita como você e tão boa de cama. Não que eu tenha dormido com ela para afirmar isso... enfim.

— Você não sabe conversar sério, não é, McCarthy? Tudo o que sai da sua boca é uma completa baixaira.

— Sei, mas porquê falaria sério com você, sendo que você gosta das baixarias que eu digo?

Middle Of The NightOnde histórias criam vida. Descubra agora