Reencontro

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Hoje fazem dois meses da morte do Antônio na novela e me veio a ideia dessa One, a Irene reencontrando o Antônio em um sonho, uma despedida.

Não sou espírita, mas tive uma perca de uma ente querida recentemente, me agarro nos sonhos que tenho com ela, são um conforto pra alma enlutada. Essa experiência me levou a escrever essa história, relevem qualquer item que pareça surreal demais, nos sonhos, tudo pode acontecer.

Escrevi escutando as músicas "Choro- Fábio Júnior" e "Eu sei que vou te amar- Ana Carolina".
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Viu-se derrepente de forma inexplicável em uma sala escura, tal ambiente era parcialmente iluminado por uma tênue luz âmbar que revelava uma mesa repleta de livros, ao lado da mesma, vislumbrava-se timidamente uma figura masculina que brilhava sutilmente.

Com curiosidade e confusão, resolveu adentrar mais aquele cômodo e descobrir detalhes da imagem que lhe intrigava. Passos lentos permeavam sua busca, a distância se encurtava a cada segundo, juntamente a ela, encurtava-se o mistério.

Vislumbrou com olhos marejados como a figura a sua frente era familiar, sentiu-se sufocada pela realidade que lhe era apresentada. Realidade? Realmente estava frente a aquele homem que a tanto tempo não via?

    ⁃    Irene? Que bom te ver novamente, não é coisa da sua cabeça, chega mais, senta. Tô esperando esse reencontro tem tempo.

Seu coração disparou, atormentado ao ouvir aquela voz novamente. Não conseguia acreditar no fato de estar escutando-o sem ser através de um vídeo qualquer perdido em sua galeria do celular.

    ⁃    An, Antônio? - Perguntou trêmula. - Como isso é possível? Você está morto! - Sua voz denunciava sua incredulidade.

    ⁃    Fisicamente estou sim, mas no seu coração, continuo vivo, não é mesmo? - Respondeu apontando a cadeira a sua frente, um claro convite para que ela se sentasse. - Eu sempre acompanho cada passo seu, Irene! Inclusive vi como você lamentou minha morte na beira do meu túmulo, escutei cada choro de tristeza seu. Vi como se casou novamente, tão linda, tinha esquecido o quanto você ficava linda de noiva. - Pausou olhando-a nos olhos. - Estava lá quando você adotou aquela criança e depositou todo seu amor de mãe reprimido.

    ⁃    Você esteve por perto todo esse tempo, Antônio? - Apoiou as mãos na mesa, buscando aferrar-se a algo em respaldo as declarações de seu ex-marido.

    ⁃    Claro, amor. Minha partida foi repentina, levei um bom tempo pra entender que tinha morrido, pensa num negócio estranho. - Suspirou. - Não consegui descansar, ainda estou nesse plano, andando por aí, atordoado por meus feitos passados, tinha muitas coisas pendentes. Entre elas, conseguir me despedir de você decentemente.

A morena estava sem reação, olhava-o fixamente, com um enorme temor de que ele desaparecesse outra vez de sua vida.

    ⁃    Você está tão bonita, Irene! Seus olhos voltaram a brilhar, tô orgulhoso de como você tem se virado. Sabe? Eu fui um tolo, deveria ter saído daquela prisão, pegado o primeiro avião e ter ido te procurar em cada canto desse mundo até te achar pra vivermos juntos até ficarmos velhinhos.

    ⁃    Como sempre a ambição e o orgulho te cegando... - Retrucou a mulher em um fio de voz.

    ⁃    Cê tem razão, essa ambição, esse ódio todo me destruíram, aniquilaram tudo aquilo que a gente construiu, nosso império, nossa família, nossas vidas... Olhando pra trás, teria feito tudo diferente, teria sido um pai mais compreensível, amoroso, um marido mais digno, teria te tratado de outra forma, Irene...

    ⁃    Agora é um pouco tarde pra se lamentar, não? - Afirmou com amargura na voz.

Ela o encarou, sentiu cada pelo de seu corpo arrepiar ao constatar como ele estava sem barba, com uma pele que transmitia uma áurea que nunca antes vira. Entrecerrou os olhos tentando reconhecer o homem aparentemente frágil com quem conversava após tanto tempo. Não reconhecia a melancolia na voz, o olhar sôfrego, já não havia mais altivez em sua feição.

Reencontro de AlmasOnde histórias criam vida. Descubra agora