Eu mal consegui dormir, passei a noite em claro, imerso em pensamentos enquanto encarava a adaga na minha mesinha de cabeceira. Acabei cochichando em algum momento e acordei assim que o sol apareceu.
Me arrumei e saí rapidamente comendo um pão no caminho para a delegacia.
Tentei ligar e mandar mensagens para Namjoon, mas ele não retornou. Sei que a essa hora ele deve estar no trabalho, então vou direto para lá.
Chego na delegacia, uma estrutura pequena, apenas para abrigar os poucos funcionários e os recursos ainda menores.
Não costumamos ter muita criminalidade no Vale das Sombras, porém, com esse novo caso "secreto", a delegacia tem ficado mais movimentada e os funcionários estão trabalhando em dobro.
A última vez que vi a polícia trabalhar assim foi só no assassinato do meu irmão, há quatro meses.
Me lembro disso quando entro, a última vez que estive aqui foi para dar meu relato da noite em que perdi Jihyun.
Está o caos que eu já esperava, Yoonjun passava carregando uma pilha de papéis, o Jackson lidava com uma papelada no balcão de atendimento.
Dava para ouvir, das outras salas, conversas e sons de escritório, como grampos, telefones tocando, a cafeteira ligada, bufadas e exclamações de frustração.
Yoonjun entrou em uma sala sem me ver e eu me aproximei do balcão, onde Jackson se assustou ao notar minha presença.
— Que susto, garoto! — Jackson disse.
— Desculpa — Eu sorriu sem graça. — Como vai?
— Estou bem... na verdade, um pouco cansado. As coisas estão um caos aqui.
— Eu sei. Não vejo meu primo há dias. Falando nisso, eu vim falar com ele. Sabe se ele está ocupado?
Jackson se levanta do banco e vai até a mesa atrás dele, onde fica a cafeteira.
— Não sei. Ele está obcecado com esse caso, está fazendo de tudo para achar um culpado e solucionar os homicídios. Nunca vi ele assim, parece uma máquina. — Ele dizia enquanto enchia um corpinho de café. Jackson é um lobo, assim como os outros na delegacia. Ele é bem legal, contrário de Yoonjun, o filho do xerife todo mesquinho e desocupado que só sabe criticar a cidade inteira e mal ajuda o pai no trabalho. — Quer café? — Ele oferece, eu aceito, afinal não dormi e provavelmente nem dormirei.
Jackson me dá o copinho e bebe o dele de uma vez só.
— O Namjoon está na sala dele, pode ir lá — Ele diz por fim.
— Obrigado — respondo e vou para o corredor ao lado do balcão, assopro um pouco o café.
O corredor é curto, tem apenas quatro portas, uma sendo o banheiro. Tem a sala de Namjoon, a sala do xerife e uma sala própria para interrogatórios.
Eu bato na porta com o nome do meu primo e a abro a ouvi-lo gritar para entrar.
— Bom dia flor do dia — Eu digo ao entrar.
Namjoon está sentado em sua mesa, o corpo curvado, visivelmente cansado. Detonado, na verdade. Seu rosto com olheiras e pálido pela falta de cuidados.
— Você está péssimo — Acabo dizendo.
— Me diz uma coisa que eu não sei — Ele retruca, a voz rouca de quem está desidratado.
— Bom — Eu começo, pego a adaga que trouxe escondida numa sacola, onde tem um pote com pão para o meu primo. — Acho que isso você vai gostar de saber... ou não.
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Vale Das Sombras: Cidade do Bem e do Mal
General Fiction[EM PAUSA] Num mundo onde existem seres sobrenaturais, como vampiros, fadas, lobisomens, anjos, duendes, entre muitos outros, na cidade denominada Vale das Sombras, Park Jimin, um duende, está retomando a vida depois de um longo período de luto pe...