Quando saímos eu salão eu pergunto:
— Que história é essa de tatuagem?
— A nossa tatuagem da amizade — Taehyung diz em tom óbvio. — A gente vai fazer em algum momento.
Uma coisa que descobri sobre as visões de feiticeiros, é que são atemporais. Pode acontecer hoje, amanhã, ou demorar anos, mas vai acontecer inevitavelmente.
— Eu não posso fazer tatuagem, minha mãe me mata. — Eu digo.
— A gente dá um jeito — Taehyung responde despreocupado. — E aí, gostou do cabelo novo?
— Amei — respondo. Estamos voltando para o Laguinho. — O que a gente faz agora?
— A gente conversa, ué.
Nós sentamos e conversamos a tarde toda, até que minha mãe me liga perguntando se eu esqueci o caminho de casa. Taehyung também tinha que ir, estava perto do horário do bar abrir e hoje é folga de Yoongi, então ele precisa entrar mais cedo.
Pelo menos ele me acompanhou até metade do caminho, quando as pessoas começaram a olhar estranho pra gente, por verem um duende andando com um feiticeiro (um feiticeiro desconhecido, mas ainda um feiticeiro).
Ele não se importou, mas eu fiquei desconfortável.
Faz tanto tempo que não presencio esse tipo de preconceito que cheguei a tremer de raiva. Infelizmente não posso fazer nada, mas mentalmente mando todas essas pessoas irem a merda.
— Calma, Ji, vai explodir se ficar mais vermelho — Taehyung ri da minha cara.
— Você tem magia, podia pelo menos fazer eles tropeçarem pra gente ri deles ao invés de ficar recebendo esses olhares.
— Sim, eu poderia — Taehyung diz como quem até considera a ideia. — Mas não. Não uso minha magia, nunca.
— Por que? — eu fico chocado. — Se fosse você, nunca faria nada, seria um preguiçoso nato, nunca mais levantaria ou usaria as mãos, só magia.
— Não é bem assim que funciona — Taehyung diz, acabando com a minha fantasia. — Eu fiz um pacto comigo mesmo, prometi nunca usar minha magia, seja para o bem ou para o mal. O único poder que me permito desfrutar são as visões, infelizmente não posso controlá-las, mas posso escolher o que fazer com elas. Por exemplo: eu vi que estaríamos aqui nessa esquina, neste exato momento, e que a sacola daquela menina cairia — Ele apontou para o lado, onde uma menina de uns oito anos saía do mercado, ela deixou sua sacola cair como meu amigo disse. — Eu poderia ir ajudar, poderia ter te contado isso antes, ou qualquer outra coisa, entende?
— Sim. Mas... você podia ter evitado isso, não?
— Não — Ele retruca. — Não posso impedir que algo aconteça quando previsto, apenas escolher como lidar com isso.
— Ah, agora eu entendi — respondo. — Então... me conta quando ver algo sobre mim?
— Dependendo do que for, eu te aviso — ele diz em tom misterioso, e acrescenta: — Nem sempre é bom sabermos do futuro, o melhor é viver cada coisa no seu tempo.
Eu paro tudo e fico admirando Kim Taehyung. Ele soou tão sábio que foi bonito de ouvir.
Eu amo essa dualidade dele, minutos atrás falando besteira e de repente uma reflexão que me dá um tapa na cara.
— Por que você é assim? — acabo perguntando.
— Eu não sei — ele suspira, refletindo minha pergunta — Desculpa?
— Não, eu gosto — sorrio.
— Então, acho que já vou. Não posso me atrasar.
— É, ... Tchau — Ele me abraça e anda para longe, fazendo o caminho de volta para a Jaqueira.
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Vale Das Sombras: Cidade do Bem e do Mal
Genel Kurgu[EM PAUSA] Num mundo onde existem seres sobrenaturais, como vampiros, fadas, lobisomens, anjos, duendes, entre muitos outros, na cidade denominada Vale das Sombras, Park Jimin, um duende, está retomando a vida depois de um longo período de luto pe...