Segundo

205 29 14
                                    


Fernanda J.

Barra da Tijuca -RJ


Depois do papo esquisito essa semana onde eu disse a Tati que eu tava conhecendo alguém e dela ter passado a semana toda me convencendo de como essa história de aplicativo de namoro era ruim, decidi ceder ao pedido dela e vamos sair hoje.

Pode ser que eu me arrependa? Pode. Mas também dizem que o show de Filipe Ret é bom demais e ela sempre me solta aquela frase horrível típica de quem tá acostumada a fazer merda: só se vive uma vez.

E é assim que eu estou pronta dentro do carro a caminho da casa da Tati vestindo um vestidinho preto com um decote enorme que deixa meus seios apertados demais, a mostra demais.

Não é como se nós advogados tivéssemos um código de vestimenta fora do âmbito jurídico, mas a gente sempre que pode tenta manter o decoro, ser formal. Não me lembro quando foi a última vez que usei uma roupa assim... acho que nem na faculdade.

Todos ao meu redor sempre estão certinhos demais, bem vestidos de mais, formais demais.

E eu tenho medo de viver essa vida como a Tati vive e acabar gostando muito disso, acabar querendo me afundar na bebida sempre que posso e sei lá, perder o respeito e a credibilidade que eu levei anos pra construir.

-E ai tia, cadê a Tati? - Digo assim que ela abre a porta.

-Oi tia, tô bem e a senhora - Semicerrou os olhos - Filha, como você tá linda! - Ela deixa um beijo carinhoso na minha bochecha e em seguida volta a me olhar.

-Gostou? - Dou uma voltinha.

-Nanda, você é linda. Deveria sair mais vezes só não tanto quanto a dona Tatiana - Tia Lourdes é a pessoa mais incrível que eu conheci, assim como a filha.

Ela é minha mãezona. A mãe da Tati assim como o restante da família me acolheram e sou mais uma agregada. O papo de ser parte da família é tão sério que uma vez ao ano no mínimo nos reunimos e fazemos aquelas viagens clichês de família de comercial de margarina.

-Mãe - A tati congela no corredor - Porra Fernanda, você não brinca de ser linda né.

-Vamos, a gente tá atrasada, hoje é dia de jogo e você sabe que o rio para em dias assim.

-Juízo minhas filhas, vocês são tudo pra mim, viu? - Tia Lurdinha deixa um beijo em mim e depois na Tatiana.

A gente dirige até a Vitrinni, vim aqui pouquíssimas vezes e nenhuma delas da forma que estou hoje. Chegamos um pouco tarde e pelo visto tudo tá lotado.

A Tatiana anda na minha frente segurando minha mão e cortando a fila indo direto aos seguranças na entrada.

-Camarote do - Ela diz o nome de alguém no ouvido do segurança e eu sinceramente não ouço devido ao volume da música que vem lá de dentro. Ele entrega duas pulseiras a ela e entramos.

-A gente tá indo pro camarote de quem exatamente? - Pergunto.

-Que camarote filha, estamos indo ver o show de cima do palco, a gente lá tem cara de quem vê show em camarote, eu em.

-Você não brinca de ser baladeira mesmo, amiga.

E como ela prometeu, assistimos o show todo do canto do palco junto da mulher nova do Ret e uma porrada de amigos dele. A Tati conversa com alguém da produção dele por várias vezes e eu não entendo a não ser a parte do "ta só eu e ela".

Cupido Querido | Matias Viña Onde histórias criam vida. Descubra agora