Capítulo 03

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Como todas as manhãs, Youssef acordou às cinco da manhã, porém o resmungo de dor o lembrou que ele não estava sozinho.

O menor sentou na cama, sentia dor por todo o seu corpo mas não se comparava às partes baixas e entrou em pânico quando viu um pouco de sangue seco manchando os lençóis brancos.

— Parece que as minhas costas vão partir ao meio — Youssef caminhou lentamente até José que estava em nervoso e tentou acalmar o outro.

— Nós fizemos a noite toda, é normal sentir dor. Vá tomar um banho, eu ajudo a  aplicar a pomada para diminuir o inchaço — Disse ajudando o outro a levantar mas as suas pernas falharam miseravelmente.

— Não acredito que isso aconteceu logo na minha primeira vez — O mais alto encarou José descrente nas palavras que acabou de escutar.

— Primeira vez? Virgem aos 30 anos em pleno séc. XXI?! Nem mesmo você acredita nisso — Questionou com a mão no queixo coberto pela barba por fazer e José revirou os olhos castanhos quando notou o deboche pela parte dele.

José sempre passava o tempo trabalhando ou estudando e tinha a Linda gravemente doente por isso nunca havia pensado na possibilidade de namorar.

— Não vou perder o meu tempo explicando o óbvio — Retrucou irritado com o comentário de Youssef e tentou novamente levantar da cama.

— É por isso que eu gosto de baixinhos — Disse ao perceber o mau humor de José que caminhava com dificuldade para a casa de banho.

— Vai se foder! — Gritou mostrando o dedo do meio para Youssef que balançou a cabeça antes de pegou o telefone para consultar serviços do hotel.

Dentro da casa de banho, um choque de realidade bateu em José com toda a força ao perceber o que tinha acontecido na noite anterior.

— Seu burro! — Bateu na parede de mosaico ao lembrar dos melhores momentos que tinha passado nos seus últimos trinta anos de vida.

Ainda podia sentir o toque de Youssef na sua pele, o seu cheiro, os lábios contra si, o seu interior formigando desejoso por tê-lo dentro de si.

— Não morreu aí dentro, não é? Barbosa! — Sobressaltou-se ao escutar o estrondo na porta e a voz grave de Youssef o irritou.

Saiu do banheiro e passou directo por Youssef que estava vestido e pronto para trabalhar, não gostava de demorar no banho ou se vestindo.

— Bem, tudo está pronto por isso fique aqui até a hora do leilão, alguém virá buscá-lo — Disse saindo do quarto.

José desabou a chorar assim que ficou sozinho. Youssef não mostrou nenhum tipo de sentimento ou mesmo falou sobre a noite que tiveram.

O mais velho havia escutado os rumores sobre Youssef fazer aquilo mas doeu sentir que tinha sido mais um dos muitos que o seu chefe levava para cama.

— Você tem que esquecer que essa noite aconteceu, seu tolo. Não esqueça que estás fazendo isso pelo seu bem e da Linda — Falou encorajando a si mesmo.


Youssef estava divagava sobre a maravilhosa noite que teve com José. O seu corpo inteiro vibrou ao recordar dos gemidos, a pele escura que ficava arrepiada e ele estremecia toda a vez que estocava o lugar estreito.

Os mamilos escuros duros como se estivesse com frio, os olhos nublados pelo prazer. Trincou o maxilar tentando controlar a vontade de voltar para aquele quarto e ficar com ele mas o seu orgulho não permitia.

— Transou com o seu secretário, não é? — Abdul questionou ao notar o quão calado o seu enteado e a ausência de José somente reforçava a sua fala.



— Algum problema com isso? — Rebateu frio como sempre era com Abdul mas estava acostumado com a hostilidade de Youssef.

— Tenha cuidado com as suas escolhas, Youssef. Não são todos que consideram sexo algo banal e a Yasmin não iria gostar de descobrisse que está dormindo com o seu novo secretário que aliás ainda está no período probatório — Repreendeu o enteado que inclinou a cabeça totalmente indiferente ao conselho de Abdul.



— O que você quer? Que eu case com ele só porque dormimos juntos? E caso tenha esquecido, eu vim aqui para falar de trabalho por isso vamos encerrar esta conversa — Abdul balançou a cabeça decepcionado com as palavras de Youssef.


— O leilão será no mesmo lugar do ano passado e desta vez temos maiores investidores e talvez sócios — Youssef escutou com atenção o seu sogro.

— As produções estão boas nas plantas na Austrália e Moçambique, talvez eu precise de mais investidores para a planta em construção na Nigéria. Você sabe dizer se são de confiança? Não quero me meter com gananciosos sem salvação — Respondeu olhando as horas no relógio, somente haviam passado quinze minutos desde que saiu do hotel.



— Sim, são e estarão no leilão de hoje a noite. Sobre as plantas, você já considerou a ideia de levar mais estrangeiros para trabalhar lá? — Youssef pegou um copo com água para beber.

— Não. Eu quero ajudar os locais oferecendo emprego e a lei não permite ter mais estrangeiros que locais numa empresa desse porte — Abdul trincou o maxilar insatisfeito com a resposta do mais novo.


— A empresa é sua, você faz as regras, quem sou para opinar — Youssef ignorou o homem saindo do carro quando chegou ao local onde iria acontecer o evento.



O CEO andava sempre acompanhando de guarda-costas por um e único motivo, ser dono de uma empresa que explorava minerais onde uma parte vendia e outra usava para produzir colares, anéis, brincos e outras quinquilharias o fazia ganhar dinheiro e com isso vinham os inimigos.


Youssef não confiava em Abdul justamente por sentir que havia alguma coisa no genro prestativo e gentil que ele tentava ser.

O moreno ficou no enorme salão esperando os convidados chegarem e principalmente José que chegou com os olhos ligeiramente inchados, Youssef não gostou de ver aquilo.

— Andou chorando? — Sussurrou perto do ouvido do mais baixo que manteve a expressão neutra enquanto voltava os olhos castanhos para Youssef.


— Com todo respeito, senhor Al-Mansoori mas a minha vida não diz respeito a você — Respondeu com a voz embargada mostrando o choro preso.

— Venha comigo — Ordenou e José, sem escolha, se viu obrigado a seguir o seu chefe que não se importou em chamar atenção entre os demais na sala.


José parou enfrente a Youssef que o esperava claramente ofendido pelas palavras duras do seu secretário.

— Você está assim porque sai depois de fazer sexo? Não seja infantil, somos ambos adultos e você sabia que seria só sexo e nada mais — O homem negro manteve a postura erecta enquanto Youssef falava.


— Eu sei, senhor Al-Mansoori. Podemos voltar ao leilão, acho que algumas pessoas estão querendo conversar com você — Respondeu aparentemente calmo mas por dentro estava um turbilhão de sentimentos.

Youssef segurou o braço de José quando este fez menção de ir embora. Olhou ao redor se certificando que ninguém veria ou ouviria o que estava prestes a dizer, tinha uma imagem a zelar no final das contas.

— É porque eu tirei a sua virgindade? Se for isso, eu peço desculpas mas não gosto desse clima tenso entre nós — José podia ver a verdade nos olhos negros de Youssef mas ele era um mentiroso profissional, poderia enganar qualquer um por isso não acreditou nas suas palavras.

— O que foi? Não quer que descubram que andou fodendo o seu secretário preto? Pois fique tranquilo pois não falarei nada e ontem a noite não aconteceu. Eu queria e você também queria por isso não há porque se preocupar — Youssef massageou a testa pedindo paciência divina para não surtar ali mesmo.



— Quer saber? Esquece, não vou perder o meu tempo com você — Youssef exclamou deixando José para trás.

VINCULADO A TIOnde histórias criam vida. Descubra agora