3.1. Quando as máscaras caem

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A festa já havia começado.

Muitas pessoas circulavam pelo salão grande e bem iluminado, o que a agente Gattaz considerava um absurdo. Se sua equipe estivesse certa em suas suspeitas, aquele imóvel tinha sido comprado com o dinheiro do furto e as pessoas que o praticaram estavam ali, podendo ser qualquer uma entre aquelas tantas.

Não era, até então, do conhecimento de nenhuma delas sobre a fisionomia da quadrilha. Anne, colega da agente Silva, não havia comentado sobre mesmo a agente tendo se esforçado para conseguir aquela informação. As agentes também não sabiam como Rosamaria Montibeller - nome já citado em conversa - estava atualmente. Estudaram juntas anos atrás, ainda no colegial, então poderia estar completamente diferente agora e, se não, a memória falha também contribuia para essa incerteza.

Além disso, é claro, mesmo que soubessem, tinha, ainda, um forte empecilho àquela descoberta: estavam em uma festa à fantasia.

Todos os presentes estavam fantasiados. Vestiam roupas diferentes em cor e em modelo. E todos, absolutamente todos, possuíam uma máscara no rosto.

Genial, a chefe pensava. Como saberiam por quem procuravam? Pensava em ter que conversar com todos até encontrar quem buscavam, já que nem ela própria sabia quem era a exata pessoa. Bufou contrariada quando constatou.

"Tudo bem, chefe? Eu quase consigo ver fumaça saindo de suas orelhas", a agente Guimarães brincou ao se aproximar.

"Não pense que só porque estamos fora do departamento pode agir com desrespeito, agente. Eu ainda sou sua superior e exijo que me trate como tal", Gattaz falou séria ousando tirar a máscara rosa que havia escolhido especialmente para aquela ocasião e olhando diretamente para a agente que engoliu em seco com a resposta, assentindo depressa e terminando em um só gole o pouco do líquido que havia no copo que segurava.

"Desculpe, chefe, não foi minha intenção tratá-la com desrespeito", a agente respondeu apressadamente.

Gattaz até tentou segurar a risada por mais tempo, mas foi impossível estando tão próxima da mulher e vendo tão de perto seus olhos arregalados e amedrontados.

"Estou brincando, agente", falou com resquícios de risada na voz. "Tem toda essa postura séria e confiante, mas consegue ser uma molenga, às vezes. O que a agente Castro pensa disso?"

A agente Guimarães a olhou indignada. Como assim molenga? "Eu não sou molenga", retificou a fala da chefe. Tinha a intenção de continuar sua defesa, é claro que tinha, porém seu cérebro imediatamente a lembrou da pergunta feita e desistiu. "O que a agente Castro tem a ver com isso?, questionou incerta com uma sobrancelha arqueada.

"Não sou tola, agente. Inclusive, arrisco a dizer que todos os funcionários do departamento já perceberam sua afeição por ela", a chefe respondeu o mais séria que conseguia, cobrindo novamente o seu rosto. Sentia vontade de rir, mas se obrigava a se conter ante ao embaraço da mulher.

"Não há nada entre nós duas", a agente Guimarães negou procurando com os olhos pelo garçom que transitava entre as pessoas, interessada em ter algo para beber e se distrair.

"Tem certeza? Pois eu lembro de tê-las visto saindo juntas outro dia", a chefe insistiu. Não queria ser grossa ou intrometida, mas era evidente para qualquer um que havia algo mais íntimo entre as companheiras de equipe. Achando-se próxima o bastante para tal conversa, queria apenas fazê-la perceber aquilo.

E a agente lembrava perfeitamente daquele dia. Lembrava de ter ido dormir com um sorriso frouxo no rosto. Estava cheia de dor nos pés, nas costas e irritada por ter que ficar alguns dias sem seu carro, mas havia dormido tranquila e alegre pelo breve momento de descontração que teve com a agente Castro. "Foi apenas uma carona. Estava tarde e eu estava sem carro aquele dia. Ela foi apenas gentil", assegurou.

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