Os pesadelos já não eram incomuns em seu dia a dia. Margot a muito se acostumou à velha rotina de lançar feitiços silenciadores ao redor de sua cama para evitar acordar suas colegas de quarto com seus gritos.
Não era realmente algo bom para se acostumar, mas não é como se ela pudesse resolver seus problemas de estresse pós-traumático indo a um psicólogo ou coisa do tipo. Normalmente ela mandaria uma mensagem de Íris para a namorada em Nova Roma, mas evitou realizar a ação por saber que era cedo demais e a namorada precisaria de todo o descanso necessário antes de começar o dia.
Naquela manhã, Margot acordou antes de todos. A luz do sol mal havia aparecido no céu quando a semideusa cambaleou até o banheiro com o objetivo de se aprontar para o verdadeiro inferno que os próximos dias seriam. Ela ainda estava com raiva de Dumbledore, e não se arrependia nem um pouco da decisão que tomou na noite anterior depois que sua privacidade foi mais uma vez violada pelo diretor.
Margot já não confiava completamente no homem desde que ele próprio tomou a liberdade de investigar sua árvore genealógica por causa de algumas suspeitas e, consequentemente, descobrira sobre a sua família do lado divino. Ele afirmou que havia sido para a segurança dela e dos alunos, mas Margot sempre teve uma leve suspeita de que ele pretendia usar essas informações para seu próprio benefício em algum momento. E agora que esse dito momento chegou, ela iria fazer todo o possível para que o bruxo finalmente sofresse as consequências de seus atos, embora obviamente não fosse fazer isso sozinha. Sua mãe e sua bisavó poderiam ser muito criativas quando se tratavam de punições, e Margot suspeitava que sua namorada também teria suas próprias ideias de como colocar Dumbledore em seu devido lugar.
Balançando a cabeça com o objetivo de tirar a mente dos acontecimentos da noite anterior, Margot terminou de se arrumar e voltou para o quarto onde suas colegas despertavam aos poucos.
Como sempre, algumas das garotas lhe desejaram um simples bom dia, enquanto as outras simplesmente ignoraram a sua existência. Margot não se importava com isso, a dinâmica era assim desde que a semideusa se recusou a aguentar calada o falatório sobre a "pureza de sangue" que alguns dos sonserinos tanto insistem em ressaltar.
Decidida a não se estressar logo de imediato, Margot simplesmente saiu do dormitório com o objetivo de ir direto para o salão para comer alguma coisa.
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Ao chegar ao salão, os grupos de estudantes conversavam apenas sobre uma coisa: o que iria acontecer? Conversas essas que a semideusa fez o possível para ignorar.
Margot caminhou até a mesa da Sonserina de maneira tranquila, propositalmente ignorando o olhar cortante que Dumbledore lhe lançou, bem como a pilha de livros posicionada em frente a mesa dos professores. Ela sabia que, se olhasse demais, lançaria um Incendio naquela direção. Se acertaria os livros ou o diretor, bem, ela não se importava.
O café da manhã foi rápido e feito sem grandes acontecimentos conforme mais e mais estudantes apareciam.
A mesa da Grifinória, entretanto, resolveu quebrar um pouco a calmaria ao começar o dia explodindo suco de abóbora no rosto de um garoto do quarto ano. Cortesia do quarteto conhecido como marotos que riam descontroladamente, com Remus e Peter sendo mais discretos, e James e Sirius os mais escandalosos. Margot revirou os olhos quando viu Lily Evans tentar dar uma bronca nos quatro, pois a ruiva parecia estar a um passo de cair na gargalhada.
A semideusa trocou um rápido olhar exasperado com Regulus Black, que balançou a cabeça e passou a ignorar totalmente as palhaçadas do grupo em favor de conversar com os amigos. Os dois não eram exatamente amigos, mas se davam minimamente bem quando se juntavam em algumas sessões de estudos na biblioteca. O Black mais novo nunca se incomodou com sua dificuldade em ler ─ causada pela dislexia ─, e sempre a ajudou o máximo possível. Em troca, Margot ajudava ele e os amigos nas aulas de poções onde ela era estranhamente boa e tirava notas excelentes.
Logo chegou a hora mais aguardada pelos alunos e mais temida pela Bouchard. Dumbledore afastou as mesas com um simples aceno e os alunos se viraram para encará-lo com expectativa. O diretor olhou atentamente para Margot, que devolveu o olhar com toda a intensidade e raiva que conseguiu reunir em seu ser, deixando claro que estava totalmente infeliz com os acontecimentos que viriam a seguir.
Ele quebrou o contato visual primeiro, acenando para o livro no topo da pilha que flutuou até suas mãos e o passou para a professora Minerva.
Porém, antes que algo pudesse ser dito, as portas se abriram com um quase estrondo, surpreendendo a todos já que as pesadas portas do Salão Principal dificilmente poderiam ser abertas daquela forma, a menos que magia estivesse envolvida.
A atenção foi direcionada para a entrada do salão, onde a figura de um rapaz de cabelos escuros que usava uma camisa roxa estava parada, as mãos nos bolsos da calça jeans revelando sua postura enganosamente relaxada.
Margot sentiu um sorriso astuto aparecer em seus lábios quando ela o reconheceu imediatamente, sentindo o olhar de Dumbledore queimar a lateral de sua cabeça.
Aquele era ninguém mais ninguém menos que Eris Soltadi, filho de Discordia, e um dos melhores amigos de Margot.
── Bem, bem ── O rapaz disse, um sorriso afiado aparecendo em suas feições.
Os olhos escuros percorreram o salão até parar na mesa da Sonserina onde ele fez contato visual com Margot, seu sorriso aumentando levemente quando os dois chegaram a um entendimento silencioso de que a partir de agora, o que quer que acontecesse dali para frente, eles iriam apreciar de qualquer forma. Ele quebrou o contato visual com Margot, direcionando totalmente sua atenção para o diretor que parecia ter chupado um limão.
── Eu soube que uma leitura estava prestes a acontecer.
E assim Margot soube que os próximos dias não seria assim tão horríveis.
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Para quem estiver interessado, o Eris acabou de ser adicionado ao capítulo dedicado aos personagens!
Ok, podem me bater, eu admito totalmente o fato de que esqueci que que também publiquei essa fanfics no wattpad, e quando eu lembrei eu genuinamente pensei que não fazia tanto tempo assim, então eu vi a data da última publicação e fiquei "ah"
Enfim, MIL PERDÕES, EU JURO QUE O PRÓXIMO CAPÍTULO JÁ ESTÁ QUASE QUE TOTALMENTE PRONTO!
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DIVINE BLOOD, Hogwarts lendo PJO
FanficMargot Bouchard não é o que podemos chamar de uma semideusa típica. Sendo filha de uma deusa pouco conhecida, o legado de outra tão temida quanto respeitada, e possuindo um parentesco distante com o uma vez temido bruxo das trevas Grindelwald, Margo...