Estou desconfortável.

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Maraisa

Comecei a preparar os pedidos já que muitos estavam vindo para cá. Já é fim de tarde e sempre tiram um tempinho para virem tomar um café, depois voltarem para o trabalho.

Marília havia vindo atrás de mim, mas sumiu, dizendo que iria resolver algo com Murilo. Fiquei um pouco intrigada, mas óbvio que não é nada demais, certo?

Vou com o pedido até uma mesa e deixo ali em cima, sorrindo simpático e voltando para trás do balcão.

Daqui a pouquinho vou para casa... Graças a Deus!

Sou nova, mas tenho uma personalidade de velho... Fico cansada só em fazer nada! Não sei o que acontece.

Deito minha cabeça em meus braços e solto um suspiro fundo, fechando os olhos.

Que preguiça...

Quero que esse povo vá embora logo e que não venha mais ninguém, só pra eu ir embora. Mas eles demoram demais...

Levanto minha cabeça rapidamente ao sentir uma bolinha de papel acertar minha cara, vendo Marília sorrir sapeca.

Mano?

- Que porra é essa...?

- Olha o vocabulário, menina. - Nega com a cabeça e se senta em frente ao balcão. - Oiiii!

- Oi?

- Nossa, fala direito comigo...

Reviro os olhos e nego com a cabeça.

Ela joga um papel na minha cara e ainda quer que eu responda direito.

- Então você não gosta mais de mim? É isso? - A loira faz beicinho.

Eu vou morder esse beiço.

- Mas que drama, loira... - Solto uma risadinha.

- Não é drama, você respondeu toda seca... Isso não é legal.

- Tá bom então... Perdão, dramática.

- Tudo bem... O que você está fazendo? Você estava quase dormindo aí.

- Só estava pensando na vida... E tô esperando esse povo sair pra eu ir embora. - Dou de ombros.

- Eu posso te levar pra casa? - Marília pergunta sorrindo.

Oshi, já estamos assim já? Te conheci hoje, Mendonça.

- Não, não quero incomodar. Acho que tenho dinheiro pra um Uber... Qualquer coisa eu pego um ônibus.

- Claro que não. Eu tô me oferecendo pra te levar. Afinal, agora somos amigas, né?

- Somos?

- É claro que sim! Podemos nos conhecer mais no caminho... Posso vir aqui te ver todos os dias, e assim vai... - Seu sorriso aumenta mais.

- Tudo bem... Mas só dessa vez. - Dou um sorrisinho.

- Só dessa vez não. E não adianta discordar de mim, eu não vou dar a mínima.

Dou uma risadinha e reviro os olhos. - Já te disseram que você é chata?

- Eu não sou chata.

- É chata sim.

- Não sou não.

- É sim.

- Não sou.

- Chata chata chata.

- Para de me chamar de chata, véi! - Ela fala emburrada.

- Ficou brava, bebezão? - Digo rindo.

Dessa vez, ela quem revira os olhos, cruzando os braços.

The Other Woman. || Malila.Where stories live. Discover now