Estranho

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A mensagem que era para Mayuna a fez novamente fechar os olhos e cair em lágrimas de saudade de sua mãe mas permaneceu olhando a fita, o pai da jovem logo suspirou fortemente e permaneceu, também, olhando a TV enquanto acariciava as costas de sua filha.
A fita mostrava as adolescentes brincando e conversando enquanto se banhavam no lago. Em meio aquela floresta atrás das moças, quase invisível, uma figura alta e negra entre as árvores enquanto olhava em direção às moças mas não parecia que elas haviam percebido aquela figura ali. A fita avançava novamente e as jovens já estavam fora do lago enroladas em uma toalha o que faz que a gravação ficasse completamente negra novamente enquanto ao fundo era possível ouvir comentários delas e risadas das mesmas enquanto se trocavam. Miriam então pegou a câmera novamente e ela já estava com seu pijama por mais que fosse metade da tarde e estava para anoitecer. Ela apoiava a câmera dentro da barraca enquanto logo se afastou saindo da mesma mas dava pera ver as duas garotas do lado de fora da mesma em frente a barraca pensando enquanto olhava uma pilha de gravetos secos.

M — Okay mas quem vai ascender a fogueira?

O — Ah, poxa... Eu não sei ascender fogueira, não. Quem sabe fazer isso é o Akame.

M — Que chato, ein, está sempre tocando no nome do seu namorado.

O — Ué, Miriam, foi só um comentário.

M — Tanto faz, a gente não depende de homem nenhum pra ascender uma fogueira, vamos tentar nós mesmas. Eu acho que trouxe meu sequeiro.

O — Por que você tá reclamando tanto então, garota?

Miriam debochou um pouco e logo foi até sua bolsa e abriu a mesma, procurando por um esqueiro mas aparentemente não havia achado.

M — Aishi... Desculpa, Okiko, eu não achei meu esqueiro, acho que ficaremos sem marshmellows então.

O — Ah, sério? Poxa... Bom, não tem problema!

Nesse momento, era possível se ouvir na gravação, uma voz masculina logo ao lado da barraca que a câmera não capturou a imagem, que dizia o seguinte.

? — Me parece que as moças estão tendo problemas com a fogueira.

Isso fez com que as duas jovens olhassem a figura, estranhando um pouco mas logo ficando lado a lado enquanto olhava o homem que se aproximava e finalmente se mostrava na câmera mas seu rosto não era captado na câmera, apenas seu corpo por estar próximo a barraca.

M — Ah sim! Estamos sim!

? — Querem ajuda?

M — Claro, não vejo porque não!

O homem se abaixava de costas para a barraca, bem para onde estava a câmera e passou a ascender a fogueira enquanto as duas moças olhavam, Okiko não parecia muito confortável mas Miriam olhava maravilhada.

M — Oh! Muitíssimo obrigada!

? — É um prazer ajudar.

O homem logo colocou sua mochila nas costas novamente e saiu caminhando para fora do acampamento das garotas enquanto Okiko o encarava e Miriam não via problema em nada.

O — Ele me parece estranho.

M — Aí, Okiko! Deixa de ser assim!

Miriam dizia para sua amiga enquanto se sentava no tronco em volta da fogueira enquanto olhava o fogo queimar os pedaços secos de madeira e convidada Okiko para se sentar com ela, o que foi feito de bom grado enquanto Okiko colocava marshmellows em outros dois pedaços de gravetos, um para ela e o outro para Miriam que pegou e aproximou o graveto do fogo enquanto Miriam pegava a câmera dentro da barraca e deixava ali com elas e finalmente se sentando novamente ao lado de sua amiga.

M — Me sinto em um filme americano, sabe? Quando todo mundo se junta assim em volta da fogueira e come marshmellow queimadinho... Só falta contar histórias de terror! Você começa!

O — Ah, Miriam, vai, você sabe que eu não gosto dessas coisas, sabe que eu não consigo dormir depois.

M — Por favor, eu estou aqui com você, não vai acontecer nada!

Miriam dizia logo sorrindo para sua amiga enquanto a abraçava envolvendo o braço em seu ombro e acariciava a cabeça dela devagar e passava a mão entre seus cabelos.

O — Tá bom... Deixa eu pensar.

Okiko fechou os olhos devagar e logo pensou em algo e finalmente lhe veio algo a mente depois de alguns segundos e olhando para o céu enquanto segurava o graveto com o doce na ponta.

O — Eu não sei se você conhece a lenda do Teke teke.

M — Me conta!

Okiko riu um pouco e logo olhou o seu doce que já estava queimando o que a fez tirar do fogo e assoprar um pouco.

O — A lenda do Teke Teke, diz que era uma mulher que foi jogada aos trilhos do trem por seu amado mas quando o tem passou, arrancou metade de seu corpo, a deixando sem pernas. Seu nome é Teke teke por ser o barulho que ela faz quando seus cotovelos batem no chão a noite enquanto ela se rasteja pela cidade!

Okiko balançou a perna de sua amiga levemente tentando lhe dar um certo medo enquanto ria um pouco e passou a comer seu marshmellow esperando que Miriam falasse.

M — Ah, que fraca! Minha vez! Aka manto é uma mulher de capa vermelha que aparece no banheiro e pergunta se você quer papel vermelho ou azul, se você quiser o azul, ela vai te matar por asfixia e fazer sua pele ficar azul!

O — E o vermelho?

M — Você vai ser cortada em pedaços!

Miriam riu um pouco e logo Okiko fez o mesmo depois de mastigar seu doce e olhava sua amiga. O tempo passava e na câmera já marcava duas horas de gravação, até que a mesma é cortada e logo voltava a transmitir no dia seguinte onde Miriam estava gravando ela fazendo o café da manhã dela e de sua amiga enquanto Okiko ainda dormia tranquilamente. Logo Miriam levou o café da manhã para sua amiga dentro da barraca que acordou para comer. Novamente, entre as árvores, longe das jovens mas ainda sim visível, fora da barraca, a mesma figura preta que aparentemente era um homem, olhava o acampamento das duas que, novamente, não pareciam prestar atenção nisso. A tarde caiu novamente depois de um dia bem proveitoso das duas, já que fizeram uma caminhada bem longa para passar o tempo, ainda gravando, elas chegaram ao acampamento delas.

M — Ah, graças a Buda, chegamos, meus pés já estavam doendo.

O — Espera... Por que nosso acampamento está... Tão bagunçado?

Miriam ouvia e olhava sua amiga que estava logo a frente e passou a filmar o acampamento que estava completamente desorganizado, desde as roupas delas e comida que não estavam em seus devidos lugares, nas malas.

O — Olá? Tem alguém aqui!?

M — Pode ter sido um urso... Pare de chamar a atenção dele!

O — Isso não foi um urso, Miriam!

As duas moças ouviam um barulho de galho quebrando próximo delas que estavam no acampamento e Okiko foi a primeira a olhar em volta enquanto Miriam filmava de onde vinha o tal barulho.

M — O que foi isso?

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