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OBSERVANDO NATASHA VIRAR MAIS UM COPO DE VODCA, Wanda teve certeza de que a outra mulher estava verdadeiramente magoada ao ponto de chegar a beber no meio da semana.

Assim que o resultado do concurso foi divulgado, Wanda precisou se controlar para não abraçar Natasha na frente de todos os funcionários quando viu a mágoa atravessar o rosto da mais velha.  Mas ali, sentada no chão da sala de sua casa, Wanda podia dar o colo que Natasha tanto precisava.

— É assim que todos sobrevivem nesse mundo, não é? — Natasha começou a falar, colocando o copo vazio em cima da mesinha de centro. — Alguns dos funcionários que estão há muitos anos na empresa ficaram tão acomodados e se tornaram extremamente preguiçosos que para não serem mandados embora pela falta de produtividade, tiram as ideias de quem está chegando, que muitas vezes são inovadoras. Mas os supervisores simplesmente fecham os olhos para isso. Você fechou os olhos, Wanda.

Ao ouvir a reclamação da mais velha, Wanda soltou um suspiro e colocou o próprio copo em cima da mesinha de centro antes de encostar as costas no sofá que estava atrás de seu corpo.

— Eu disse que seria difícil, Tasha. E ninguém pediu para que você participasse do concurso.

— Só tentei provar para mim mesma que eu ainda sou capaz de trabalhar na minha área de formação, mesmo depois de todos esses anos longe do mercado de trabalho. — Natasha reclamou, cruzando os braços. — Mas você ficou do lado da sua chefe.

— Ela é a minha mãe, Natasha! — A editora-chefe exclamou, se lembrando da mãe, que também era sua chefe. — Queria que eu fizesse o quê?

— Você podia muito bem ter falado a verdade, que a ideia tinha sido minha. — Ela respondeu, soltando uma lufada de ar raivosa. — Mas não, você deixou que todo mundo na editora acreditasse que a sua mãe era quem tinha criado o slogan vencedor do concurso. Você viu o quanto eu me dediquei para criar aquela merda.

— Sua ideia pode ter sido escolhida, mas isso não prova o que você é ou não capaz de fazer dentro da editora.

— Mas eu quero que todos saibam da minha capacidade. E eu quero que os outros funcionários saibam que a ideia do slogan vencedor foi minha. — Descruzando os braços, Natasha ajeitou as costas no encosto do sofá onde estava sentada. — Natasha Romanoff não é só a nova assistente pessoal da Srta. Maximoff. Ela tem muito mais para nos oferecer se lhe dermos uma chance. Queria que as pessoas pensassem isso de mim ao provar a minha capacidade ganhando o concurso.

Wanda soltou um suspiro pesado ao se lembrar do maior obstáculo que Natasha teria pela frente dentro da editora: sua mãe, Magda Maximoff.

— Você não precisa provar nada para mim, Tasha. — Ela abriu um sorriso amoroso. — Mas você pode precisar de mais tempo até conseguir provar para minha mãe que não é um desperdício de tempo ter a sua presença na editora. Acha que consegue aguentar até lá?

— Para conseguir criar a minha filha com o mínimo de dignidade possível, eu aguento o que for preciso. — Natasha respondeu prontamente. — Parece que eu estou começando tudo de novo. Me sinto como uma novata no primeiro emprego. E sabe do que mais eu estou gostando, Maxie?

— Não.

— Sabe, as pessoas... elas me chamam pelo meu nome.

— O que você quer dizer com isso?

Natasha afastou as costas do encosto do sofá e inclinou o corpo um pouquinho para frente. Seu olhar vagou para um ponto longe dos olhos da editora-chefe.

— Durante anos, eu só ouvia o Bruce e a Charlotte me chamando de "querida" e "mamãe", mas nunca me chamavam pelo meu nome. Parecia que eu não tinha mais um nome para ser chamada. — Ela fez uma pausa, olhando para Wanda. — Natasha Romanoff. Esse é o meu nome. Mas parece muito estranho, sabe? Ser chamada assim de novo.

Two Worlds CollideOnde histórias criam vida. Descubra agora