Capítulo único

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O corpo de Sana cedeu contra a parede enquanto ela esperava pela namorada, lentamente abaixando até estar sentada no chão da sala bem em frente a enorme janela da varanda. O terceiro andar do prédio era realmente algo quando se falava da vista, as árvores gigantes e os prédios maiores ainda, o céu azul se tornando laranja pouco a pouco enquanto o vento roubava as folhas das árvores.

Realmente uma paisagem de tirar o folego.

Seus olhos pegavam cada detalhe da paisagem enquanto seus dedos brincavam com a barra da camiseta larga que ela usava, seus corpo relaxava enquanto sua mente a preparava para a tensão que ela sabia que viria. Ela escutou a tranca ser desfeita e viu quando o corpo de Jihyo se aproximou aos poucos do seu.

Sentiu o olhar da mulher sobre seu corpo até que ela suspirou e finalmente se sentou ao seu lado. O barulho do carros viraram uma sinfonia reconfortante enquanto o tempo esperava que elas se conectassem pela última vez e dessem aquele passo.

- Estou cansada disso.

A voz baixa que Sana tanto amava se fez presente fazendo com que ela se encolhesse com as palavras de Jihyo, ela também estava cansada de amar sozinha, mas ela não queria desistir tão fácil.

- Cansada disso ou cansada de mim?

O silêncio pairou por alguns bons minutos. Ela se perguntava o quanto tinha se deixado desgastar dessa forma, sem amor, sem companheirismo e apenas uma presença enfeitando sua vida da pior forma possível. Uma sombra constante que a impedia de ser feliz e dar felicidade já que não importava o quanto ela amasse nada estaria de volta. Machucando a si mesma até que saísse por seus dedos e atingisse a pessoa ao seu lado.

- Não me olhe assim.

- Sana.

- Quatro anos juntas Jihyo! Eu conheço o seu olhar de que está desistindo.

O sorriso triste que ela tanto odiava se fez presente, quando se tornou comum ver aquele olhar tão machucado em sua direção? Buscando sua paixão, seu carinho, mas completamente repleto de ressentimento por não conseguir retribuir. Os olhos de Jihyo brilharam quando a luz do sol pousou sobre eles, o castanho ficando claro e o cabelo cada vez mais brilhante pedindo que seus dedos se perdessem neles. A pupila se dilatando conforme encontrava seus olhos e seu coração cada vez mais acelerado pela aproximação.

Ela era tão apaixonada por Jihyo, mas porque ela nunca conseguiu fazer a garota a amar de volta?

- Eu estou indo passar um tempo com os meus pais.

- Certo.

A voz quebrada machucava um pouco o coração de Jihyo, ela gostava de Sana e de como as coisas funcionavam entre elas, mas não era suficiente e ela sabia que nunca seria. Prender a japonesa daquela forma e prender a si mesma naquelas mentiras que ela insistia em contar não iriam adiantar de nada.

- E-eu preciso de um tempo pra entender como me sinto.

- Você sempre precisa de um tempo pra entender tudo Jihyo.

- O que quer dizer com isso?

A risada irônica que Sana só usava quando estava começando a ficar nervosa se fez presente.

- O que eu fui pra você além de alguém que só estava ali?

- Você não era alguém que só estava ali Sana! De onde diabos você tirou isso?

- De todas as vezes em que você apenas me olhou quando eu pedi pra ser vista!

A garota encarou seus olhos por minutos incrivelmente lentos antes de suspirar e se levantar. Jihyo estava cansada de todas essas brigas bobas e de como ela estava surtando desde cedo por conta dos seus sentimentos.

Clichês de natal e outras merdas: Luzes de verão • SATZUOnde histórias criam vida. Descubra agora