12. RETORNO

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Ouvir Dustin contar sobre seus últimos três dias, nos quais perdemos contato, foi tão envolvente que, enquanto esperávamos o embarque sentados em algum canto do aeroporto, quase perdemos o voo por um detalhe.

Não fazia ideia de que ele renunciaria à sua vida para começar a confiar em Deus tão rapidamente. Em três dias, ele abandonou sua carreira, contratos e até seu apartamento para voltar ao Brasil, sem sequer avisar seus pais.

Ele me deixou fascinada, comovida, contente e, principalmente, orgulhosa ao perceber que ele não precisou de um plano ou convite de alguém. Ele não pensou nas dificuldades de sua doença e lesão, ou como se sustentaria financeiramente.

Ele simplesmente confiou, como disse que faria, e obedeceu aos céus de olhos fechados com uma coragem que nem eu tive quando decidi voltar, mesmo sem ter metade dos problemas dele.

Pensando nisso, eu o observava às vezes no avião ao meu lado e depois no desembarque, ainda admirada.

Ao notar, ele comentou: — Estou começando a me preocupar com esse olhar, não me diga que você está pensando que estou fazendo uma...

— Você está fazendo uma das melhores escolhas da sua vida ao escutar a voz de Deus... — interrompi-o de imediato, e ele sorriu aliviado enquanto observava o chão brasileiro ao caminharmos para a saída — Mas pode ser que essa decisão, em algum momento, pareça errada, louca e precipitada. Quero que se lembre deste dia e da coragem que teve.

— E você está me encarando sem parar porque ainda está chocada que eu vim? — ele perguntou, e quando eu confirmei, ele respondeu sorrindo — Lembre-se deste dia quando pensar que sua oração não está sendo atendida.

Fiquei surpresa inicialmente, mas logo depois me emocionei ao lembrar de uma conversa com sua mãe.

"— Estou muito feliz por te rever querida, principalmente pela sua mãe que é minha amiga que está extremamente feliz após uma notícia tão triste com a morte do seu avô. Mas, eu não posso negar que ao te ver, tudo que eu peço a Deus é que assim como você voltou para casa, que o Dustin também volte.

Com ela desabando em choro, eu logo a abracei com a mesma força e carinho que ela me ofereceu. E isso a fez chorar ainda mais, pela certeza de que ela não estava sozinha.

— Ele vai voltar Sra., confie em Deus"

Com essa lembrança em mente, sorri concordando, ciente de que Deus havia ouvido todas aquelas orações.

— Vou me lembrar disso eternamente... — respondi com a voz tremendo um pouco.

Percebendo minha emoção, Dustin, mesmo sem entender o motivo, me abraçou de lado com o cuidado de quem não queria me machucar com sua força, mas ainda assim desejava oferecer algum conforto.

— Você está com fome? — ele perguntou ao me soltar, e eu confirmei com a cabeça.

Dez minutos depois, eu estava sentada na calçada com as malas ao lado, aguardando nosso Uber chegar, segurando um delicioso cachorro-quente ao estilo brasileiro, que eu havia sentido tanta, mas tanta falta... que até adicionei alguns acompanhamentos que não gostava muito, mas que pareciam perfeitos naquele instante.

Isso arrancou boas gargalhadas de Dustin, que comia em pé tentando avistar nosso carro, muito mais contido e controlado do que eu.

— Deus é bom, nossa, isso é delicioso... — eu ria, afastando o guardanapo para dar mais uma mordida, sem conseguir parar de comer e sorrir ao mesmo tempo — Eu não fazia ideia de como sentia falta disso... — mastiguei e, após engolir, agradeci à senhora que preparava os lanches e a Dustin, que riu abafado.

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