★Bom, de volta as aulas★

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Verão julho de 2018

_ _ _ _ _ _ _ _POV:Megumi Fushiguro_ _ _ _ _ _ _

Depois de uma temporada de insônia, meus olhos se fecham e meu corpo relaxa quase instantaneamente. Me viro e me deito no outro lado da cama para encontrar uma posição mais aconchegante e então me acomodo no travesseiro. Parecia um sonho finalmente conseguir descansar depois de horas sem sono.

Comecei a adormecer e, quando percebi, já estava quase completamente inconsciente. Até ouvir minha porta sendo batida com força na parede e, logo em seguida, uma voz familiar gritando meu nome. Me assusto e dou um pulo da cama que quase me faz cair. Me sento na cama automaticamente, com uma expressão de espanto. Olho para a porta e vejo meu sensei, Satoru Gojo, com um avental rosa e uma colher de pau na mão, com um sorriso um tanto perturbador no rosto.

— MEGUMI, ACORDA! Escola em dez minutos... Se arrume e desça se não quiser que seus ovos mexidos esfriem!

Satoru fala com aquele sorriso e, logo em seguida, bate com a colher de pau na porta do meu quarto e sai como se nada tivesse acontecido.

Eu estava processando o que estava acontecendo. Para mim, eu tinha pelo menos mais três horas antes da escola, mas então meu olhar se volta para o relógio: 6:55. Jogo meu corpo para trás e me deito, pressionando meu travesseiro contra o rosto com raiva. Fico refletindo por um minuto até perceber que já era hora de ir para a escola...

Me levanto e pego uma peça de roupa não muito chamativa para o primeiro dia de aula após as férias de verão. Meu olhar se detém no meu moletom de sempre. Eu sabia que Satoru iria implicar com aquele moletom preto simples; até esses dias ele ameaçava transformá-lo em pano de chão... Dou de ombros e pego o tão odiado moletom preto simples e coloco com a calça do uniforme escolar.

Após terminar de me arrumar e escovar os dentes, vou correndo até a cozinha, com pouco tempo disponível. Chego e me sento na cadeira da cozinha, dando de cara com um prato de ovos mexidos me esperando em cima da mesa.

— Ficou vendo pornografia no computador a madrugada toda?

Gojo fala com um sorrisinho de canto enquanto seca a louça que havia acabado de lavar.

— Sem comentários...

Respondo com um tom grosso e de desdém enquanto pego uma colher para comer o ovo.

Os comentários de Satoru não me afetavam mais. Após três anos morando com aquele cara convencido e com um senso de humor horrível, você acaba se acostumando com as piadinhas de mau gosto. Eu só achava que ele faria um comentário sobre meu moletom, mas não estava esperando um comentário tão inconveniente. Agradeço apenas por saber que no próximo ano eu vou morar na faculdade e não precisarei mais me preocupar com coisas como deixar a tampa da privada aberta de madrugada.

Termino meus ovos mexidos em um minuto e corro para pegar minha mochila e ir para a porta. Mas paro quando sinto uma bolinha de papel ser jogada na minha cabeça. Ponho a mão atrás da cabeça onde a bolinha foi jogada e me viro para Satoru com uma expressão de raiva.

— Esqueceu seu lanche, madame.

Gojo fala, segurando o riso e uma sacola embalada que visivelmente contém bolinhos de arroz.

Reviro os olhos e pego a sacola da mão de Satoru com força. Me viro e vou para a porta, ouvindo apenas as gargalhadas forçadas do albino. Abro a porta e a fecho com raiva, sem me despedir dele.

Não me arrependo de ter batido a porta na cara dele, apenas de não ter mandado ele se foder...

Desço as escadas do apartamento e me dirijo à escola. Perto da escola, há uma praça por onde se passa para chegar ao colégio. Enquanto entro na praça, vejo uma moeda de 500 ienes caída no chão. Me agacho e pego a moeda sem muita preocupação, já que não havia ninguém por perto. Me levanto com a moeda na mão e vejo Maki e Nobara sentadas no banco da praça, com Nobara segurando o rosto de Maki delicadamente enquanto sorria. Elas não pareciam ter me visto, mesmo que eu estivesse no campo de visão delas... Acho aquilo meio estranho, mas não me causa muita curiosidade. Apenas penso que é coisa de meninas e dou de ombros para a situação estranha logo de manhã.

Passo despercebido por elas e vou direto para a escola. Quando chego na porta, sou recebido com olhares... Todos estavam muito diferentes desde o início do ano; alguns com cabelos novos e outros com estilos diferentes. Não é de se admirar que me olhem tanto. Passei as férias todas estudando com o sensei Gojo, jogando videogame e largado na cama... E meu visual continua o mesmo do começo do ano, e não pretendo mudar agora.

Entro na escola e vou direto para meu armário guardar minha mochila. Nunca me importei com a opinião dos outros ou com julgamentos, mas ver todos com visuais novos me deixou realmente incomodado por algum motivo que eu não sabia descrever. Mas meus pensamentos sombrios desapareceram quando fechei meu armário e vi Inumaki, mas minha breve felicidade foi embora ao ver Okkotsu, que estava com ele. Nunca me dei bem com aquele idiota do Okkotsu. Ele chegou este ano na escola, mas só de olhar para a sua cara de santo me dá vontade de vomitar. No entanto, minha raiva não me dominou, e resolvi esperar Inumaki me cumprimentar.

— Fushiguro! Chegou meio tarde hoje... Tudo bem com você?

Yuta fala com um tom amigável enquanto educadamente estende a mão para me cumprimentar.

— Oi.

Respondo com desdém e ignoro completamente o aperto de mão dele, e mal olho para o rosto dele enquanto vou para minha sala, que provavelmente ainda nem estava aberta. Passo por Inumaki, mas também não faço questão de cumprimentá-lo e apenas sigo meu caminho reto, sem olhar para a expressão confusa de Toge.

Chegando à minha sala, vejo que a porta estava realmente aberta. Fico receoso de entrar e que a diretora ou o professor venham me dar uma lição de moral. Encosto nas laterais da porta e ponho a cabeça para dentro da sala para ver o que está acontecendo. Meus olhos veem um menino que eu não consigo reconhecer por estar de costas e muito no canto da parede. Queria poder avançar um pouco mais para tentar reconhecer quem era, mas o medo de ser pego era maior do que minha vontade. Não sabia se era aluno ou algum professor novo. Me irrito e entro na sala de aula.

Quando entro, vejo o menino mexendo dentro do armário do professor. Fico muito confuso e não penso duas vezes em perguntar o que estava acontecendo.

Chego até ele, ponho minha mão no ombro e o empurro contra a parede para ver quem era e o que estava fazendo.

— CARA, O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO!? — paro de falar e fico quieto por alguns segundos, ainda segurando seu ombro com força. — Itadori...?

Seu olhar era calmo, com um sorrisinho confuso. Eu não estava entendendo o motivo dele estar aqui. Olho seus olhos e ele olha para os meus, e um silêncio toma conta do local.

Eu paro de olhar para seus olhos e olho para baixo. Suas mãos seguravam um spray com cheiro ruim, um barbante e um isqueiro. Minha expressão muda de um semblante calmo e desentendido para um de raiva ao entender o que ele estava tentando fazer.

Dava para ver nitidamente a mudança na minha expressão. Itadori percebeu rapidamente que eu havia entendido... Seu semblante também muda, agora com desespero total.

— EU POSSO EXPLICAR!

Os olhos de desespero dele realmente não têm preço.

★Seus cabelos de algodão doce [Itafushi] ★Onde histórias criam vida. Descubra agora