Capítulo 17 - Reencontro

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Maraisa Pereira

Depois de uma hora e meia, eu finalmente havia chegado a meu destino. Neste exato instante, eu estava parada em frente à casa de Almira. Fiquei ali parada, olhando com certa atenção a todo aquele ambiente onde vivi por tantos anos. Tudo me parecia diferente, estranho demais. Minha antiga casa se enquadrava em classe média, não era muito grande e tampouco pequena. As paredes de cor marfim agora estavam mais maltratadas desde a última vez que vi.

Mas nada que uma bela reforma não desse jeito.

Fechei os olhos, pensando que a qualquer momento aquele patrimônio poderia ser tomado enchia meu coração de raiva.

Abri os olhos, e respirei fundo. Hoje, aquele não era o maior dos meus problemas, olhar para Almira sim era a tarefa mais difícil.

Caminhei em passos lentos até a varanda da casa, olhando pela janela em busca de Maya, mas nem sinal. A pequena provavelmente estaria dormindo, ainda era cedo demais. Eu tinha receio de entrar, aquela já não era mais minha casa, apesar de eu sustentá-la.

Já iria fazer dois anos que eu não as via, depois de muitas discussões com minha mãe, eu decidi manter distância. O que me fez bem eu poderia dizer, eu não sei se aguentaria ser julgada por ela por tanto tempo.

Mas aqui estava eu, com certo nervosismo e ansiedade me atormentando. Eu já não era mais a Maraisa de antes, mas ainda sentia medo de ouvir tudo aquilo outra vez. As palavras de Almira nunca saíram da minha cabeça, eu poderia odiá-la se não soubesse tudo que ela passou para nos manter.

"Você ainda pode ir embora Maraisa"

Meu subconsciente gritava em um alerta, mas eu não daria ouvidos. Aquela era uma situação que hora ou outra teria que ser enfrentada.

Com o passar dos anos me tornei uma mulher madura, capaz de lidar com os problemas que a vida nos traz. Eu faria meu papel de filha, e Almira teria que fazer seu papel de mãe.

Puxei o ar com força, enquanto caminhava em direção a porta. Parei em frente a mesma, dando três leves batidas, que rapidamente foram ouvidas. A porta se abriu, e para meu alívio, a primeira pessoa que vi diante de mim foi Maya.

A pequena me olhou estática, como quem visse um fantasma. Mas aquilo não durou, logo minha irmã expandiu os lábios em um sorriso lindo.

- Isa!

A baixinha praticamente pulou em meus braços, apertando-me com força em um abraço carregado de saudade. Eu juro, eu sentia vontade de chorar, derramar todas as lágrimas de saudade daquela menina. Ela já estava bem diferente desde a última vez que a vi.

Seus cabelos estavam mais longos, provavelmente seriam bem parecidos com os meus, ela estava bem mais alta, já passava de minha cintura. E com toda certeza já sabia falar perfeitamente bem.

- Eu não acredito que você voltou! Senti tanta a sua falta.

Seu tom de voz era feliz e empolgado. Eu apenas chorei, chorei toda a falta que ela me fez, chorei por vê-la tão grande e tão diferente. Chorei por não ter acompanhado tudo isso.

- Eu também senti sua falta Maya, muita.

Ela soltou os braços do meu corpo e me fitou sorrindo.

- Onde esta Almira? - Perguntei rapidamente.

- Ela não está, saiu a pouco tempo. Entre aqui Isa!

Senti certo alívio por saber da ausência de minha mãe naquele momento. Maya segurou em minha mão, puxando-me para dentro daquela casa. Parece que nada havia mudado, tudo estava quase no mesmo estado de quando havia saído. A não ser por alguns novos objetos decorativos, e a nova cor das paredes da sala.

THE NIGHT DANCER - MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora