Episódio Piloto

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— Andem homens, ela está aqui, vamos rápido.

Nunca surgiu uma oportunidade como essa, durante séculos, nós caçadores, estamos tentando achar essa bruxa maldita antes dela transferir sua alma para outra criança indefesa, dessa vez ela não vai escapar.

— Carlos, ela entrou ali, naquele barracão — dizia um dos recrutas ao líder dos caçadores.

— Mas já? Ela primeiro precisa da criança — respondeu Carlos.

Nosso líder era um homem de pele negra, expressões fortes e um corpo forte, tanto em força bruta quanto em resistência física, ele tinha uma cicatriz em um dos seus olhos, como se três garras tivessem arrancado seu globo ocular direito, ele fazia questão de não usar tapa olho, queria mostrar sua marca de guerra para todos ali.

— Deve ter percebido nossa presença e se adiantou, Carlos precisamos impedir que ela faça o ritual — alertei de imediato.

Enquanto Carlos era corpulento e experiente, eu era apenas um recruta franzino mas com muita habilidade com armas, atirava melhor do que todos os caçadores que conheci e muito mais rápido do que o habitual, perdi minha família para um ataque de bicho papão há dois anos, os caçadores me salvaram e me tornei um deles desde então, essa missão era a minha primeira.

— Eu sei disso Pedro, localizar Cuca sempre foi uma missão impossível e finalmente conseguimos, não vamos perdê-la agora. Homens, preparem suas armas, o barracão deve estar sendo protegido por vários monstros, os mais selvagens que podemos imaginar, não se intimidem, hoje será o dia de nossa vitória, hoje vingaremos aqueles que deram suas vidas a essa causa, hoje manteremos a bruxa.

Todos os caçadores levantaram suas armas e deram gritos de empolgação. Carlos nos orientou e seguimos todos os comandos, usamos o cafezal em volta como cobertura e mesmo a distância foi possível ver alguns Capelobos, Cabras Cabriolas e Mapinguaris, todas ameaças de alto nível.

— Precisamos distraí-los, pelotão um, preciso que chamem a atenção das criaturas, vou entrar com o pelotão de elite no barracão e finalizar a missão, pelotão dois, vocês deem cobertura ao primeiro pelotão, pelotão três preciso que não deixem nada sair ou entrar no barracão depois que entrarmos, todos entendidos?

— Sim, senhor — todos responderam.

Eu estava no pelotão de elite, vi a movimentação dos pelotões um e dois atraindo todas aquelas feras, monstros que causavam carnificina por onde passavam. Alguns gritos e tiros sem direção foram ouvidos, não gosto de pensar quantos mais estavam dando a vida naquele momento pela causa.

— Pedro, vamos — obedecendo a ordem, corri junto com meus companheiros, saindo do cafezal pude ver a guerra que acontecia do lado de fora, metralhadoras e fuzis mirando e acertando inúmeros monstros enquanto garras e dentes destroiam vidas de homens que só queriam salvar o mundo da maldita bruxa chamada Cuca.

Chegamos ao barracão, chutando a porta e disparando contra inúmeros lobisomens que nos atacavam. Meu coração estava acelerado e eu transpirava freneticamente diante daquela situação, nós éramos caçadores e não soldados, nos unimos no último mês para destruir o maior mal que esse mundo já viu, mas ainda sim éramos rastreadores, fazíamos armadilhas e estudávamos nossas presas mas nunca nos envolvemos em uma guerra.

Depois de vários segundos atirando e desviando de golpes que vieram de todos os lados, tudo que restava no barracão eram corpos jogados no chão, um círculo com simbologias estranhas e uma figura de capuz, virada de costas para nós.

— Então, vocês me encontraram — disse a figura de capuz, sua voz era de uma senhora, sua fala foi logo acompanhada de uma tosse.

— Não tem mais para onde fugir, bruxa — dizia Carlos apontando sua arma para a cabeça dela.

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