Ep 2 - Tudo isso por causa de uma lagartixa

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Quando toda a luta acabou, minhas amigas e a equipe misteriosa mostraram o pouco que tinham resgatado da destruição de minha casa, basicamente meu notbook, algumas chaves, meu celular e uma bandeira idiota do XV de Piracicaba, meu pai amava aquele clube mas eu e meu irmão nunca ligamos nem um pouco para futebol, ainda mais para a droga de um time da cidade.

— Porque pegaram essa bandeira? — questionei irritada.

— Tem o autógrafo do time de 1996, achei que era importante — disse o garoto que a pouco era um Tamanduá gigante.

O encarei com a expressão mais debochada que eu podia, tentando entender em que momento ele achou que eu queria ouvir algo sobre a grandiosa história de qualquer time de futebol.

— Quem é você mesmo? — perguntei o mais debochada que consegui.

— Sou Felipe, muito prazer, é uma honra conhecer a filha de Pedro.

— Pedro?

— Uma coisa de cada vez — interrompeu Bianca.

Felipe parecia ser o tipo de garoto sem noção que não sabe fazer uma leitura básica das emoções das pessoas, além de um nível de noção quase zerado aparentemente.

Ele mexia constantemente no cabelo preto, a impressão que passava era que não prestaria mais atenção em nada.

— Bianca, o que está acontecendo? — perguntei irritada.

— Eu prometo que vou explicar, mas antes precisamos sair daqui, outra Cabra Cabriola pode aparecer, ou os bradadores voltarem, talvez até coisa pior.

— Pior do que aquilo? — Se espantou Bruno.

— Acredite, tem muita coisa pior vindo, precisamos ir, agora — enfatizou Camila.

Meu irmão e eu nos entreolhamos, com expressões de preocupação tivemos uma silenciosa conversa, nenhum de nós sabia o que estava havendo, nossa casa foi destruída e nossos pais haviam sumido, tudo que nos restava era acompanhar aqueles que vieram nos salvar e dar uma chance a de nos explicarem tudo que estava acontecendo.

— Vamos logo com isso.

Bianca sorriu satisfeita, pegou uma espécie de apito com som de coruja e soprou três vezes.

— Quem chama Matinta? — uma velha vestida de com uma capa surrada e portando um cajado de madeira surgiu entre nós após um vento de folhas.

— Eu ofereço a você — Bianca entregou algumas folhas para a velha, que as cheirou com vontade e deu um largo sorriso.

— O de sempre? — perguntou ela.

— O de sempre — respondeu Bianca.

A velha bateu com seu cajado no chão e um redemoinho se formou em volta de todos nós, durante um tempo o vento foi se intensificando até ser impossível olhar em volta.

— O que é isso? — perguntei tentando superar o som da forte ventania.

— É o modo mais rápido de chegar lá — gritava Bianca em resposta.

— Mas lá onde?

Antes que ela pudesse me perguntar a ventania parou e a visão voltou a ficar clara, mas não estávamos mais na rua de antes, a nossa frente tinha algo parecido com uma escola, abandonada, com muitas, muitas espadas de são jorge plantadas em todo o perímetro do prédio.

— Uma escola velha? Sério? — disse Bruno em tom de decepção, devo admitir que também não esperava por essa.

Bianca e os outros começaram a rir, ela acenou com a cabeça para Camila que começou a tocar uma guitarra imaginária, assim como em minha casa, uma luz começou a construir o instrumento e enquanto ele surgia o som ia aparecendo.

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