— Bruno, BRUNO — eu berrava com meu irmão, aquele ladrãozinha, eu queria matar ele.
— O que foi vira-lata? — dizia ele saindo do banheiro escovando os dentes como se nada tivesse acontecido.
Meu irmão Bruno era insuportável, irritante e minimamente tolerável, era o típico garoto conhecido na escola, alto, cabelos escuros, olhos cor de mel e um físico bem conservado, ele fazia capoeira desde a infância, ele tinha tudo para ser o cara, mas não passava de um...
— Nerd, seu nerd idiota o que você fez com o meu Not? Ele tá todo maluco.
— Quanto drama, só estou testando um programa que eu criei com o Caíque, nada demais.
— E foi testar isso logo no meu? Porque não usou o seu? — ai aquele garoto.
— Você tá surda? Eu estou testando o programa, vai que ele estraga o meu computador, PCs gamers são caros ta?
— Como é que é?
Depois disso nem lembro do que comecei a chamar ele e nem ouvi do que ele me chamou, só começamos uma briga emendando gritaria e caretas sem medir linguajar ou expressões, eu ficaria naquilo o dia todo, que ódio estava daquele mimado viciado em seus vídeo games infantis.
— Ei ei, o que está acontecendo por aqui? — Chegou meu pai, Paulo, ele sim era um amor de pessoa sem precedentes, eu daria o mundo para ele.
Meu pai era lindo, tinha um corpo musculoso e atlético, usava barba por fazer e o cabelo curto em quase padrão militar, seus olhos eram escuros e a pele levemente bronzeada.
— Essa vira lata ai fica me enchendo o saco, eu precisava testar um programa e usei o not dela e ta muito melhor do que o anterior.
— Me chama de vira lata que vou te mostrar o que Darth Vader fez com o Luke, essa língua você entende não é?
— Ta me ofendendo usando Star Wars? Você nem gosta de Star Wars.
— Mas você fez a gente ver no cinema em família um milhão de vezes, alguma coisa a gente grava, não é?
— Tá bom, já chega vocês dois, Bruno peça desculpas para a sua irmã, sabe que não pode mexer nas coisas dos outros — interviu meu pai antes que a briga ficasse mais séria.
— Ela que tá dando chilique — Bruno cruzou os braços e estava indo até seu quarto até minha mãe, Clara, aparecer.
Ela era linda, com cabelos ruivos ondulados e olhos cor de mel, sua pele era clara com pequenas sardinhas espalhadas pelo corpo.
— Vai virar as costas para o seu pai? Ta pedindo para ficar de castigo — disse ela
— Ninguém merece — resmungou Bruno.
— Ainda estou esperando, seu nerd — disse cruzando os braços.
— Ta, me desculpe, vou deletar o programa.
Bruno se virou e já se encaminhou para pegar meu notbook, Sarah um, Bruno zero, idiota.
— Muito bem, acelerem, precisam ir para a escola porque já estamos atrasados.
— Ah pai, não posso mesmo faltar? Hoje é o meu aniversário, por favor.
— Já conversamos sobre isso, sapinha, agora não esqueça do seu...
— Colar de proteção, já sei, você me obriga a usar esse negócio desde que me lembro por gente.
Meu pai me contou que esse colar foi me dado no dia em que nasci, já contou essa história tantas vezes que é impossível não ter decorado. Ele e minha mãe são historiadores antropólogos, são viciados em história e misticismo indígena, esse colar é um Muiraquitã, a lenda diz que ele protege contra o mal.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Os Sétimos
FantasíaApós descobrir a verdadeira história por trás de sua família, Sarah precisa encontrar seu pai desaparecido após um ataque de monstros, não tendo para onde ir, ela encontra outras crianças e adolescentes que lidam com essas criaturas desde que nascer...