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— Finalmente! — exclamei deitando-me na minha nova cama do meu dormitório. Posei as malas ao pé da secretária e liguei à minha mãe.

Chamada ON

— Olá mãe - disse com um sorriso na cara.

— Olá filha, já chegaste à universidade? — perguntou curiosa.

— Acabei agora mesmo de entrar no meu novo dormitório — respondi um pouco histérica.

— É grande, é pequeno, como é, conta-me! — ouvi a minha mãe dizer.

— É espaçoso e acolhedor ao mesmo tempo, acho que me vou sentir confortável aqui.

— Ainda bem amor — conheço a minha mãe o suficiente para saber que ela está com um sorriso no rosto.

— Mãe vou ter que desligar, aqui já um pouco tarde e ainda quero dar um jeitinho às coisas.

— Está bem filha, vai dando noticias ok? Amo-te muito.

— Amo-te mãe.

Dito isto desliguei a chamada, liguei o spotify e pus as mãos à obra. Fui arrumando as roupas no armário que estava encostado à parede. Acabei de arrumar as roupas, vesti um casaco e saí do dormitório. Fui dar uma volta. Era sexta-feira à noite o campus estava vazio. Provavelmente deviam estar em festas. Decidi sair da universidade e fui à procura de um café. Ainda não tinha comido nada desde que sai do aeroporto, a minha barriga já estava a dar horas. Não me afastei muito do perímetro da universidade pois não me queria perder, avistei um café e caminhei em sua direcção, entrei e sentei-me numa das mesas do fundo. Pedi uma salada e um sumo natural de laranja. Fiquei a mexer no meu telemóvel enquanto ficava à espera do meu pedido. Chegou, comi e pedi a conta. Já estava a ficar muito tarde, por isso decidi voltar para o campus. A caminho da universidade avistei uma figura alta que cambaleava na minha direcção. Decidi aumentar o ritmo do meu passo mas mesmo assim não foi o suficiente pois conseguiu chegar até mim. Colocou a sua mão no meu ombro e ficou assim. Fiquei assustada, quando me atrevi a olhar para trás vi um rapaz lindo com arranhões e feridas ensanguentadas no corpo. Queria sair dali, mas algo me impediu. Acho que foi o medo pois não sabia o que aquele estranho era capaz de fazer. Fiquei momentaneamente paralisada. Até que tomei coragem e virei-me de frente para o rapaz. Queria perguntar-lhe o porquê de estar a agarrar-me mas tinha perdido a capacidade de falar, por isso fiquei só a olhá-lo. Antes que pudesse dizer qualquer coisa o rapaz largou-me e foi-se embora. Fiquei ali no passeio parada a olhar para o vazio da noite à espera de respostas para o que acabara de acontecer. Quando cheguei à realidade peguei no meu telemóvel e vi as horas, 01:00 a.m., já era tão tarde, continuei a fazer o meu caminho.

Quando cheguei ao meu dormitório despi-me e vesti o pijama, deitei-me e fiquei a olhar para o tecto a pensar no que vou ter que fazer amanhã. Tenho que acordar mais cedo para ir tomar banho, odeio o facto das casas de banho serem mistas mas enfim. Amanhã é a feira dos clubes, tenho que lá dar uma vista de olhos. Acho que vou dormir, senão amanhã não acordo.

07:00 a.m. Jesus como é que eu já estou acordada. Tenho que ir tomar banho, pego nos meus objectos de higiene pessoal e numa muda de roupa e vou em direcção aos balneários. Felizmente não está aqui ninguém. Pouso as coisas no banco que está em frente aos lavatórios e começo a despir-me até ficar de roupa interior enrolo-me numa toalha e entro para dentro de um dos chuveiros, antes de ligar a água oiço um barulho. Decidi não ligar e comecei com o meu duche. Acho os banho tão mais relaxantes, sentir a água a escorrer nas minhas costas é quase como uma terapia mas pronto a partir de agora vai ser só duches rápidos. Acabei o meu duche e enrolei-me na toalha. Saí do chuveiro e deparei-me com o rapaz de ontem à noite, ele tinha somente uma toalha enrolada de volta da cintura. Parecia um deus grego, tinha o tronco levemente definido e coberto com tatuagens, o cabelo estava ensopado por isso caíam-lhe gotas de água para o peito tornando-o tão sensual. Porém o seu peito continha feridas, que eu suspeito que sejam de ontem à noite. Ele finalmente olhou para mim e eu desviei o olhar, comecei a secar-me e a vestir-me, o que foi um pouco constrangedor pois sentia os olhos dele a olharem-me de alto a baixo, fiz o meu melhor para o ignorar até que quando estava prestes a sair ele agarrou-me o braço. Por favor outra vez não.

— Desculpa — olhou-me directamente nos olhos — por ontem à noite — continuou.

Finalmente mexi-me e separei-me do seu aperto, fazendo com que ele murmurasse um desculpa. Fixei no seu peito e antes que pudesse processar o que estava a acontecer comecei a tocar nas suas feridas levemente. Rapidamente tirei as minhas mãos antes que ele dissesse alguma coisa.

— Desculpa — disse envergonhada — dói muito? — as palavras saíram antes que me apercebesse o que estava a dizer.

— Não — respondeu.

Consegui ver que um sorriso começara a formar-se na sua cara.

— Tenho que ir — comecei a andar em direcção à porta até que o ouvi ele falar.

— Espera! — virei-me e olhei-o à espera que continuasse — será que podias dizer-me como é que te chamas? — notava-se a léguas que ele estava nervoso pois não parava de passar a mão na parte de trás do seu pescoço.

— Scar — disse saindo dos balneários.

Fui ao meu dormitório deixar os meus pertences e segui em direcção ao refeitório porque a minha barriga já estava a dar horas. Peguei numa maça e sentei-me numa das mesas virada para uma janela, isto estava vazio, literalmente às moscas, não é para admirar é de manhã e hoje ninguém tem aulas porque é a feira dos clubes. Olhei pela janela à minha frente e fiquei a observar, num canto mais distante estava um jardim. Nesta época do ano ninguém deve ir lá, o inverno está a chegar e esse canto é realmente muito escondido. 

Saí da cantina e segui caminho para o dormitório, ainda faltava algumas horas até a universidade estar acordada e a funcionar como deve de ser. Entrei pelo meu quarto a dentro e deitei-me na cama, decidi ler um bocado até fazer horas de ir para a feira. Abri uma das malas que ainda não tinha arrumado à procura dos meus livros para ver se escolhia um. Finalmente encontrei e fui com dos meus preferidos,  ''Montes dos Vendavais'' . Desbloqueei o telemóvel e pus música a dar,  Chris Brown a dar e o meu livro, nada melhor para fazer passar o tempo. Encostei-me na cabeceira da cama e tapei-me com um cobertor. Passado algum tempo a vista começou a pesar. Pousei o livro e deitei-me. Entrei num sono profundo sonhando com Catherine e Heathcliff. Eu encarnava a personagem de Catherine. Estávamos a dançar na festa de Edgar quando a música parou eu olhei em frente. O seu olhar estava vidrado em mim, não era Heathcliff. Do nada já não estávamos num salão, estávamos na rua onde nos encontrámos pela primeira vez, especados a olhar um para o outro sem dizer uma única palavra. Estava já no sétimo sono quando oiço batidas na porta. Levantei-me e fui abrir a mesma.

— Sim? — perguntei com voz de sono antes de olhar para a pessoa que estava à minha frente.

— Scar? — uma voz rouca prenunciou o meu nome. Era ele.

— Da última vez que confirmei, sim sou eu — disse levemente irritada por ele ter interrompido a minha sesta.

— Desculpa, enganei-me no dormitório, desculpa ter-te incomodado — falou e desapareceu pelo corredor.

Fechei a porta e sentei-me na ponta da cama tentando processar o sucedido. Porque raio andamos sempre aos encontrões? Será que este rapaz só sabe pedir desculpa? Será coincidência? 

Imensas perguntas sobre ele pairavam na minha cabeça. 

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⏰ Última atualização: Jul 02, 2015 ⏰

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