O noivo da minha filha

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Naquela noite tempestuosa, ainda ecoava em minha memória os toques que delinearam trilhas em meu corpo, enquanto sua boca sussurrava palavras lascivas, incendiando-me de desejo. Éramos dois estranhos que se entrelaçaram na penumbra, emergindo como conhecidos, e agora ele se tornara meu genro, o único capaz de provocar em mim sensações que nenhum outro alcançou.

Procuro reprimir esses pensamentos ao recobrar a lucidez, avistando o noivo de minha filha ali presente, o mesmo homem que uma vez compartilhou momentos comigo, agora imóvel do outro lado do salão, como se buscasse pela presença daquela vadia desgraçada que me compelira a segui-lo para lá e para cá, enquanto ele ansiava por sua companhia.

Deixando a taça de lado, aguardo que o álcool surta efeito, e me aproximo dele quando seu corpo se vira na minha direção. Seus olhos se estreitam para me observar com mais atenção, seu sorriso desvanecendo ao me reconhecer.

Uma expressão carrancuda começa a se formar em sua testa, formando um V, e seus olhos verdes escuros percorrem meu corpo, avaliando as curvas destacadas pelo vestido. Eu permanecia inalterada ao longo dos anos, com poucas mudanças em meu corpo, exceto pelo quadril ligeiramente mais largo que se delineava em vestidos justos como este, longos e na cor escarlate, sua preferida e a cor do desejo proibido.

- O que você está fazendo aqui? Onde está sua filha? - suas primeiras palavras ao me ver se transformam em indagações diretas, sem saudações cordiais.

Suspiro profundamente, reprimindo o impulso de deixá-lo sozinho naquela festa maldita.

- Ela me pediu para assumir seu lugar... - ele revira os olhos, enfia as mãos nos bolsos da calça, visivelmente irritado com minha presença. - Diana teve um imprevisto. - explico, deixando claro minha razão para estar ali.

- Sempre ela tem, não é mesmo, Olivia? - ele abaixa a cabeça, aproximando-se como um predador, e seguro a borda da bolsa para conter minha raiva.

- Tenha certeza, Xavier, de que os todos lugares que eu desejava estar jamais incluiriam este! - seus dedos gélidos se elevam, acariciando minha bochecha com força excessiva, deixando uma leve marca rubra.

- Diga a Diana para vir na próxima vez, ou serei obrigado a levá-la à força para casa, sogrinha. - ele pisca com um sorriso cafajeste, estendendo o braço esquerdo para que eu o segure, o que faço impulsionada pelo ódio. Odiava o fato de ele me chamar assim, apenas para me provocar.

- Tenho pernas, então posso muito bem caminhar sozinha. - começamos a nos dirigir a uma mesa cercada por homens, com algumas mulheres presentes, provavelmente esposas ou amantes.

- Use-as para ficar em casa! - algumas pessoas na pista de dança tomam cuidado para não esbarrar no fazendeiro arrogante.

- Não comece, senhor D' Andrea, ou farei você passar vergonha na frente de todos os convidados. - ameaço, interrompendo nossa caminhada e puxando sua camisa, trazendo-o para perto, mostrando que não estou ali para brincadeiras ou piadas ridículas, como as do seu irmão. Stefano era pior que Xavier e seu melhor amigo, guarda-costas.

- Se não fechar essa boca, mostrarei quem é Olivia Torres. - seus olhos se arregalam de medo, e posso jurar que o vi engolir em seco.

Já o suportei por tempo demais, especialmente para alguém que era apaixonada na adolescência e agora convivia com sua paixão dia e noite sob o mesmo teto, embora não fosse ele seu amor, e sim da sua filha, que não dava valor algum ou sequer se importava com o próprio noivo.

Afasto minhas mãos dele com repulsa, dirigindo-me à mesa sem ele, deixando-o para trás.

Escuto um suspiro resignado antes de me afastar, e assim que meus dedos tocam a borda da cadeira para movê-la, sinto sua mão agarrar minha cintura, puxando-me para si.

Desejo PerversoOnde histórias criam vida. Descubra agora