Prólogo

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'Sou uma jovem que está com a cabeça nas nuvens pensando se deveria mesmo fantasiar aos vinte e um anos, e falando sério, quem nunca?'

Este é o talvez tóxico, pensamento que me ocupa a cabeça hoje enquanto fecho delicadamente o zíper da jaqueta de couro que estou vestindo, por cima da camiseta branca sem estampa.

- Alexa, parar - mando o robô pausar a música pop que dava vida ao quarto, colocando o mesmo som no celular e assentando o fone sem fio nos ouvidos. Pego a mochila cinza, com o chaveiro da Torre Eiffel pendurado juntamente à cópia da chave de casa que possuo, chaveiro este que me fora dado pela avó, antes de sua última viagem à França.

Contemplo e pondero a paisagem da manhã fria dos Estados Unidos conforme masco a goma de mascar sabor menta, acompanhada de um gole de água fria, coisa esta que gela minha garganta por dentro. O céu nunca esteve tão limpo em minha visão finita.

Corro apressada pelos pedregulhos da calçada até a garagem e apanho a chave da moto que se situava nos bolsos da calça jeans, ligo o veículo que me pertence, a motoca já passou pelas mãos de meu pai antes das minhas, o que fez dela um desgaste à mais para minha cabeça; mas ao menos pode ser conduzida. 

Percorro as ruas de Orlando em um ritmo calmo, a brisa faz meus cabelos esvoaçarem e me faz esquecer todos os pontos ruins em ser nativa do país que possui as melhores músicas, pareço dançar agitadamente sobre a motocicleta à caminho do colégio.

Chegando em meu destino, procuro desesperadamente a sala do último ano de faculdade antes de estar livre para o mercado de trabalho, informação esta que parece francamente perturbar minha mente por um determinado período de tempo. 

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Já concluída a vinda de volta para casa, subo para o quarto que é chamado de meu; provavelmente vou conservar-me aqui pela tarde inteira novamente, coisa que meu pai não concorda, mas o que poderia ele fazer afinal? 

A mente jovem necessita de um tempo apenas para si.

Esta fora uma lição que aprendi com uma de minhas melhores amigas, Celine definitivamente sabe o que dizer e quando dizer, de vez em quando, me pego perguntando-me se ela teria o superpoder de ler os pensamentos dos demais, ou se isso realmente acontece só em filmes de magia e fantasia; meu sonho era ir para um desses mundos mágicos para esquecer dos problemas e espairecer o quanto me fosse permitido.

Cumpro minha promessa, permaneço no dormitório até altas horas da noite. Para aliviar o tédio da noite, me passa pela cabeça a ideia de ir escrever meu diário, não tenho permissão própria para deixar de escrever por ao menos um dia. Uma das mais insólitas e exóticas manias que possuo é que não aceito escrever em qualquer lugar diferente do sótão, lá finalmente tenho o silêncio devido pra isso!

Portanto, escalando de forma ascendente os degraus acima, consigo alcançar o tão aguardado 'armazém', meu lugar favorito da residência, o clima instalado no local parece me enternecer de forma estonteante.

Cato o caderno com a capa feita de couro marrom e provavelmente sujo, abro na mais recente página existente e analiso minhas últimas anotações, o que me faz questionar o delírio de minha mente naquele momento. Tiro o curto lápis de sobre a mesa e abro a portinhola do armário de madeira para pegar meu estojo, onde está localizado borracha, apontadores e outros estranhos objetos. Escrevo até minhas mão parecerem cair. Não me sinto à vontade para compartilhar as loucuras descritas na página, espero que não me achem maluca quando me pegarem escrevendo coisas que parecem ter vindo de uma pessoa doente mental.

O Castelo De PedraOnde histórias criam vida. Descubra agora