Eu não beijo mulheres bêbadas.

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Desde muito nova fui ensinada que ninguém é confiável, as pessoas são imprevisíveis, não importa há quantos anos ou o quão profundamente você conhece alguém, há sempre um segredo macabro que ela esconde sobre si mesma, algo que ela sabe que a sociedade abomina, um desvio de caráter.

Mesmo sabendo disso, sabendo que eu posso ser ferida e prejudicada por qualquer um ao meu redor, lá estava eu, sendo arrastada por Simon Riley até a porta da minha casa, porque eu bebi demais da conta. Não me entendam mal, eu não vou com a cara dele, entre todos da força tarefa ele é o cara que menos me desce. O que mais me incomoda, é a razão pela qual ele usa aquela maldita máscara de caveira a porra do tempo todo. Isso para mim, é um desvio de caráter.

-Simon, Simon, Simon... -cantarolo o nome do grandalhão que me levava até a porta de entrada.

-Não devia ter te contado meu nome -ele resmunga com uma voz rouca, minha visão estava meio embaçada, mas eu pude ver o olhos dele enrugando levemente, como se ele estivesse sorrindo.

Jogo a cabeça para trás e solto uma risada alta, porque aparentemente, quando você está bêbada tudo se torna mais engraçado.

-Opa -digo quando meu corpo mole se inclina e quase caio para o lado, deixando risadas baixas fluírem.

-Corpo duro, sargento -Ghost me segura firmemente pela cintura. Ele tem a mão forte, uma mão grande e forte. -Vou levar como um elogio, obrigado -ele diz em um tom divertido.

-Eu disse isso em voz alta? -eu não tinha percebido como minha fala estava lenta.

-Pode apostar que sim.

-Puta merda -solto o ar com força, eu estava cansada mesmo que não tivesse feito esforço algum.

-Cadê a chave?

-O quê? -enrugo a testa encarando os olhos de Ghost.

-A chave da porta -o tom neutro dele faz um arrepio percorrer por todo o meu corpo.

Sorrio de lado e ergo as sobrancelhas de uma maneira meio sugestiva.

-Está no meu bolso traseiro -solto uma risada esganiçada, fazendo aquilo parecer ser a coisa mais engraçada já dita.

-Pelo amor de Deus -vejo os olhos do britânico revirando, antes de ele pegar a chave no bolso de trás da minha calça em um movimento um pouco bruto, como se não fosse nada. Aquilo foi engraçado, ou pelo menos pareceu para a minha mente bêbada, porque eu estava rindo contentemente.

Simon abre a porta com uma mão e a outra permanece na minha cintura, a luz automática da entrada liga assim que entramos e noto como Ghost olha ao redor, um pouco curioso.

-Onde posso deixar você? -ele volta a atenção para mim e pisco lentamente.

-Posso me virar sozinha a partir daqui -digo tirando o braço ao redor do pescoço dele e me afasto do seu aperto na minha cintura, o que não foi uma boa ideia, porque a partir do momento que eu não tive mais apoio, eu simplesmente caí para frente que nem um saco de batatas, como se minhas pernas fossem de papel.

-Porra, McBride -a voz de Ghost estava um pouco distante, e meu corpo demorou um pouco para raciocinar que eu havia caído, a dor era leve, quase nada, meu corpo estava um pouco dormente e muito quente. -Que droga -ele reclama mais uma vez e o sinto me agarrando pelos ombros, solto um resmungo porque o chão estava fresco e eu estava com calor. -Você se machucou? -Simon me ergue como se eu não pesasse nada e checa meu corpo com os olhos, ainda me segurando pelos ombros para me manter em pé. Ele olha para o meu rosto, mas não para os meus olhos, consegui ler sua expressão preocupada e ele leva uma mão até minha bochecha, tocando a área onde bateu com força no chão.

Embriagados. | Ghost/Simon Riley -ShortficOnde histórias criam vida. Descubra agora