Capítulo 2

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Emma não se considerava o tipo de pessoa que acreditava na existência de alguma força maior. Expressões como "o universo nos uniu" ou "estava escrito nas estrelas" eram estranhas para ela, principalmente devido ao seu histórico conturbado. Sua vida começou com o abandono à beira de uma rodovia quando tinha apenas dias de vida, definindo desde então o curso de sua existência.

Após ser levada para o orfanato, sua vida não seguiu o caminho esperado. A adoção não veio de imediato, e ela passou seus primeiros anos sob os cuidados das funcionárias do local. Embora algumas famílias tenham demonstrado interesse, não era surpresa quando eles se encantavam rapidamente por outras crianças.

Sua infância complicada desencadeou uma adolescência turbulenta. Swan tornou-se um modelo perfeito de uma típica garota problemática, causando conflitos e irritando as pessoas ao seu redor. Diferentemente de muitas garotas, ela não tinha pais para colocá-la na linha.

Ao completar dezoito anos, teve que deixar o abrigo, pois a lei não permitia que adultos convivessem com crianças. Embora houvesse apoio disponível para pessoas como ela, que cresceram em abrigos, era por um período limitado. Swan sabia que acabaria sozinha, independentemente do suporte oferecido.

Determinada, iniciou sua busca por emprego e estabilidade, mas sua falta de experiência e especialização dificultou sua contratação. Desesperada pela escassez de dinheiro, acabou se envolvendo com pessoas e atividades questionáveis.

Foi durante esse período que conheceu Neal Candissy, que parecia ser o parceiro perfeito para ela. Suas histórias semelhantes facilitaram a aproximação e logo desenvolveram uma forte amizade, tornando-se parceiros nos negócios e na vida.

Quando estavam juntos, sabiam como se divertir e aproveitar a vida, aplicando golpes em empresários incautos e compartilhando momentos íntimos em seu fusca amarelo.

Com o tempo, Swan percebeu que aquele estilo de vida não era sustentável. Ela ansiava por algo mais: um emprego estável, uma casa para chamar de lar e a segurança de uma vida tranquila. Esse desejo se intensificou quando descobriu estar grávida.

Inicialmente, ela negou os sintomas sutis e atraso menstrual, mas a realidade se impôs quando os testes confirmaram sua gravidez. Com medo e incerteza sobre o futuro da criança, confiou em Neal para enfrentar essa nova fase da vida juntos.

No entanto, ao compartilhar sua visão de uma vida estável com Neal, percebeu que ele não compartilhava dos mesmos desejos. Ele parecia confortável com a vida que levavam e não via necessidade de mudança. Swan esperava que a notícia da gravidez o fizesse reconsiderar, mas sua reação revelou o contrário.

As palavras de Neal após digerir a informação ecoaram na mente de Swan, revelando um dilema que ela nunca imaginou enfrentar



FLASHBACK



Emma respirou fundo, sentindo o peso da revelação que estava prestes a fazer. – Neal, preciso te contar algo... – Ela hesitou por um momento, antes de finalmente prosseguir. – Estou grávida.


As palavras ecoaram no pequeno quarto de hotel, preenchendo o espaço com uma tensão palpável. Neal arregalou os olhos, sua expressão mudando rapidamente de surpresa para incredulidade.


– Grávida?! – Sua voz saiu em um sussurro, como se ele estivesse tentando processar a informação.


Emma assentiu, os olhos marejados de lágrimas. – Sim, estou esperando um filho. O nosso filho.


Uma longa pausa se seguiu, durante a qual nenhum dos dois soube o que dizer. Então, Neal finalmente quebrou o silêncio com suas palavras cortantes.


– Desculpe, mas eu não quero ser pai. Nunca quis. E definitivamente não estou interessado em trabalhar num emprego que mal pagará as contas. Além disso, ter que lidar com choros e birras de criança quando chegar em casa? Só de pensar nisso, me sinto sufocado.


As lágrimas escorreram pelo rosto de Emma enquanto ele falava. Ela tentou segurar suas mãos, mas antes que conseguisse, Emma desferiu um tapa em seu rosto, acertando em cheio sua bochecha esquerda e deixando-a vermelha instantaneamente. Neal ficou paralisado, sua mão ainda no lugar do impacto, sem acreditar no que acabara de acontecer.


– Você está sendo egoísta, Neal! Essa criança é parte de você também, mas parece que só se importa consigo mesmo! – Emma disse, sua voz embargada pelo choro e pela raiva que a consumia.


Neal suspirou, seus olhos mostrando uma determinação fria. – Não vou mudar de ideia, Emma. Eu não quero essa responsabilidade, não agora e nunca. – Sua voz era firme, sem um traço de arrependimento.


Emma virou-se e começou a recolher apressadamente seus pertences espalhados pelo pequeno quarto de hotel. Depois de terminar, com apenas uma mochila nas costas, ela caminhou em passos largos em direção à porta. Antes de fechá-la, virou-se de volta para encarar Neal, seus olhos agora transbordando de raiva.


– Vá para o inferno! – Ela gritou, antes de bater à porta com força, sem se importar se o estrondo perturbava os outros hóspedes.



FIM FLASHBACK



E foi dessa forma que se viu decepcionada e sozinha mais uma vez. Depois disso, decidida a mudar sua vida para poder seguir em frente com seu filho ainda não nascido, entregou vários currículos ao redor da cidade e após se humilhar em muitas entrevistas de emprego, foi contratada para trabalhar em uma lanchonete de difícil acesso, localizada na beira de uma rodovia próxima à entrada da cidade. O lugar ficava longe do apartamento em que estava morando agora, mas, por ser uma lanchonete mais afastada da cidade e não haver muitas pessoas dispostas a trabalhar lá, o salário era bom o suficiente para que conseguisse pagar suas contas e comprar algumas coisas extras. A carga horária era cansativa, mas não podia reclamar, pois era a única opção no momento.



[...]



O despertador começou a tocar pela segunda vez no dia. Emma se espreguiçou na cama e olhou em direção ao timer do relógio, arregalando os olhos ao perceber que novamente colocou o despertador em modo soneca.


– Merda! – Exclamou enquanto se levantava rapidamente e corria em direção ao guarda-roupa em busca de algo decente para vestir.


Quando saiu do quarto já pronta, passou pela cozinha pegando uma das últimas de suas frutas favoritas. Apanhou as chaves em cima da mesa e rapidamente caminhou em direção à porta de seu pequeno apartamento. Ao fechá-la, deu uma mordida na maçã, começando a caminhar em direção ao elevador. Suspirou ao pensar que teria que enfrentar mais um dia cansativo de trabalho.

MASTERMIND (SWANQUEEN)Onde histórias criam vida. Descubra agora