Capítulo 1

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  A luz suave da manhã filtrava-se pelas janelas empoeiradas do castelo, lançando sombras longas sobre o chão de pedra. A neta de Kim, com o coração acelerado, caminhava hesitante pelo saguão. Cada passo ressoava como um eco, lembrando-a da solidão que permeava aquele lugar.

  Ela olhou ao redor, admirando os detalhes que pareciam ter sido congelados no tempo. Paredes descascadas, a casa tinha um ar de escuridão e tinha sua pintura escura também, fazia grande o contraste com a parte de fora da casa, que tinha belos arbustos de formas e desenhos diferentes, surgiu uma mistura de tristeza e curiosidade em Alice de saber o porquê da criação de um lugar como este. Subindo as escadas, Alice deu de cara com, o que ela achou que era um quarto, e um mural de cortes de revistas. Ah! E uma cama feita de sabe Deus que material.

  — Quem é você? — a voz de Edward quebrou o silêncio, soando inesperadamente do outro lado escuro do quarto. Ele se levantou pacientemente de onde estava sentado. Alice pôs a mão direita na boca, assustada e curiosa com o fato de que realmente existia o Edward que sua avó dizia fazer nevar as noites de Natal, sentindo uma onda de emoções conflitantes — curiosidade e, estranhamente, empatia, nada de medo.

— Eu... sou a neta da Kim, lembra dela? — a pergunta escapou de seus lábios, e agora sua visão desceu para as curiosas mãos de Edward. Como ele vive? Será que come? Ele já saiu na rua alguma vez depois de ser mandado de volta para cá?

— Kim... — ele pensou por uns instantes. E começou a acenar devagar com a cabeça. — Sim... eu conhecia uma Kim. — Edward se aproximou com dois passos curtos, suas articulações de metal emitindo um leve rangido. — Você é neta dela? O que... significa neta? — pergunta timidamente.

Alice achou isso fofo, não havia pensado na parte em que ele provavelmente não sabia do mundo do lado de fora do castelo. E ela não deixou de notar a quantidade de cortes que o rosto de Edward tinha, já que o mesmo havia vindo mais próximo da claridade de uma parte aberta do teto.

— Neta é quando uma pessoa tem um filho e desse filho nasce outro, e isso faz o neto. E nesse caso, minha avó, mãe da minha mãe, é a Kim. Quer dizer... era. — a lembrança da avó trouxe um sorriso triste ao seu rosto. — Ela era fascinada em contar as histórias que vocês viveram.

Ficou um silêncio no ambiente, o rosto de Edward parecia tentar digerir a explicação de Alice, o mesmo depois soltou uma pergunta:
— Onde está a Kim? — ele diz separadamente com sua doce voz. Seu olhar pareceu se recordar da amiga que teve. Talvez tenha se animado com a ideia de ver Kim novamente.

— Ela... ela morreu. — Alice responde, mesmo depois de 10 anos, ainda é estranho falar essa frase. Ela ainda sente falta de sua vó, a qual, ela carinhosamente chamava de nona.

O olhar de Edward agora...

Enquanto ele mexia os "dedos", sua cabeça abaixou-se, ele era um robô, mas aparentemente tinha sentimentos. Ele sabia o que significava aquela frase dita por Alice. E sua expressão ficou entristecida.

— Me... me desculpe. — ele diz.

Mais um silêncio pesado pairou entre eles, a neta refletiu sobre a conexão inesperada entre sua avó e o robô solitário, e viu que Edward tinha realmente ficado triste com a notícia.

Porém, ela tinha muitas perguntas a fazer, queria muito poder conhecer ele. Saber do porquê sua vó gostava tanto dele:

— Como... você está aqui, sozinho, por tanto tempo?

Edward hesitou, como se estivesse saindo de um transe e voltou a encarar Alice.
— Hmm... eu não sei. Eu... me acostumei com isso, eu acho.

Você aprende a conviver com a ausência, mas continua a sentir falta daquele alguém. Há beleza na solidão, mas também há força na conexão.

Alice recordou-se dessas frases que sua avó havia escrito no diário, quando jovem. Será que eram sobre Edward ou sobre a própria Kim?

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⏰ Última atualização: Oct 15, 2024 ⏰

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