It Hurts

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Estou parada no meio da sala, enquanto você está sentado alheio aos seus próprios assuntos. Quando você quer se isolar, não tem quem te tire desse celular. Nem olha para mim, não se importa mais com o que eu digo, ou com o que eu sinto. Sua maneira de lidar com a situação é tão infantil que chega a ser ridícula, mas você é assim, não é mesmo? Sempre tão descomplicado, sempre tão prático e calculista. E eu odeio essa sua forma de encarar a vida, e encarar o que estamos passando. Odeio ter que implorar pela sua atenção. Até porque, acho que isso acaba envaidecendo você.

"Não vamos conversar?" Você olha para mim, lentamente, mas não há um pingo de sentimento nesses seus olhos profundos. É como falar com uma pedra de gesso: há beleza em suas formas, mas não há calor humano.

Como foi que você se tornou essa pessoa? Esse homem tão frio. Eu adoraria saber. Quem sabe assim, eu teria feito algo a respeito.

Você abaixa a cabeça outra vez, voltando aos seus próprios assuntos, sem me responder da forma que desejo. E como eu queria que você me respondesse, depois do que houve? Talvez eu quisesse um beijo seu? Um carinho, um pedido de desculpas? Ou quem sabe, queria ouvir dos seus lábios que você me ama. Mas isso não vai acontecer, não é?

Sinto um nó na garganta, quase sufocante. Me sinto humilhada também, rebaixada, como sempre. Minha nossa, quem é você? Onde foi parar aquele homem que dizia que iria resolver tudo? Que estava disposto a enfrentar tudo para me fazer feliz? Ele sumiu. O tempo passou e você deixou de me amar.

Bufo um riso amargurado e me apresso até a porta, afim de chamar a sua atenção.

"Eu vou embora!" falo, em mais uma tentativa imatura e desesperada de provocar algum tipo de reação em você. Mas você continua igual. É como se não valesse mais a pena lutar por mim, por nós.

Respiro fundo, com os meus olhos cheios de lágrimas. Meu coração doendo.

Abro a porta e saio por ela, com a esperança de que você vai me interromper a qualquer momento. Vai chamar meu nome e me abraçar e pedir para que eu não vá. Imagino seus passos atrás de mim, enquanto caminho. Seu grito abafado pedindo para que eu volte. Quando entro no elevador, nutro a esperança de que quando as portas estiverem se fechando, bem na pequena fresta, eu virei o seu rosto antes que ela se feche completamente. Demonstrando sim que você se importa, só estava fazendo charme. Só estava testando até aonde iria o meu amor por você. Você viu o suficiente, então não havia mais motivos para joguinhos. Mas não é isso que acontece, você não vem atrás de mim. E eu sofro mais uma vez.

Assim que saio do elevador, meu coração dispara ao ponto de quase sangrar. Você sempre foi cruel assim, ou é só comigo? Eu vejo o modo como trata as pessoas ao seu redor. Sempre sorridente, sempre de bem com a vida, porém nesses últimos meses tem erguido os olhos ao se referir a mim, como um soberbo detestável.

Eu te odeio!

Pego um táxi e digo ao motorista para que me leve a qualquer lugar. Não importa aonde, desde que seja bem longe daqui. Assim que me encontro distante o suficiente, desço do veículo e caminho até a praia. O mar azul em um dia ensolarado é tão bonito que chega a doer. Meu coração dispara, porque me lembro de quando vínhamos juntos a esse lugar. Brincávamos como duas crianças felizes, e depois nos amávamos feitos dois loucos a beira da insanidade. Você sempre tão intenso, sempre tão forte e perspicaz. Sempre tão amável, porém tão selvagem. Você era o meu homem e eu a sua mulher. No entanto, agora sou só mais uma na sua cama. Talvez nem isso mais, já que me proibiu de dormir nela.

Fechos olhos e as lágrimas escorrem sem parar. As enxugo depressa, com raiva de mim por me permitir tamanha humilhação. Eu não deveria estar sofrendo por você. Eu deveria acreditar terminantemente que é você que está me perdendo, mas sou apenas uma mulher, droga! Uma mulher apaixonada, que está machucada de amor.

Love me DeeplyOnde histórias criam vida. Descubra agora