Em algum lugar na França, em um enorme casarão, com seus telhados inclinados, janelas grandes e portas ornamentadas. Duas irmãs brigavam sem parar. Só não eram mais barulhentas que os cavalos e as carruagens que passavam nas ruas.
Ambas aborrecidas com um pequeno ser que jazia triste em uma gaiola frívola.
— Já disse e não me faça repetir! — Gritou uma delas, vermelha de raiva.
— Você deveria sacudir essa gaiola com mais força, quem sabe assim ela aprende! — Murmurava a outra que sorria com perversidade.
A gaiola era fria e triste, mas era a única coisa que lhe impedia de cair diretamente nas mãos daquelas duas monstras.
— Cinderela cante! — Ordenava a primeira.
Mas nenhum "piu" fora ouvido. Cinderela se recusava.
— Cinderela cante agora! — Berrou, sacudindo com mais força a gaiola.
Mas ainda sem obter resposta, bufou em frustração.
— Deixa ela aí! Esse pássaro borralheiro não serve para nada, afinal. Cinderela ficará sem comida até aprender a obedecer.
Com uma risada para lá de sinistra, ambas abandonaram o quarto, onde Cinderela chorava baixinho para que não fosse ouvida. Pois, o que muitos achavam que era uma bela cantiga era, na verdade, uma melodia sofrida.
Como se pudesse se compadecer daquela situação, uma mulher de expressão duvidosa adentrou o quarto e se dirigiu a gaiola.
Cinderela sentiu suas penas tremerem e de medo se encolheu no canto.
Devagar, a mulher abriu a gaiola e pegando o pequeno pássaro-azul trêmulo em suas mãos, o deu a seguinte ordem:
— Cinderela voe!
E a deixou partir.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Tempo Acabou, Mas Tudo Recomeçou
Short StoryO guardião apagou o tempo e como consequência o cosmo se desfez. Na tentativa então de restaurá-lo, uma autora desconhecida começa a tecer por meio de sua escrita, a lápis, caneta ou tinta, um conjunto de histórias, onde os contos que conhecemos gan...