Leitor: gênero neutro Tema: amizade, medo, coragem, conforto, humor
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— "Em meio à escuridão da noite e ao medo que nos assombra, encontramos conforto nos braços daqueles que amamos, iluminando até mesmo os cantos mais sombrios de nossas almas."
[...]
Você estava ao lado de Niki no sofá da casa dele, no meio da escuridão da noite. Niki, com a cabeça jogada para trás do sofá, parecia imerso em um sono profundo, enquanto você mantinha sua atenção ao filme de terror que passava na tv. O suspense do filme envolvia você, mas sua atenção se dividia entre o filme e a presença de Niki ao seu lado, mesmo que adormecido.
O ambiente sombrio da sala, junto ao silêncio da madrugada, criava uma atmosfera carregada de tensão. Você tentava conter seus instintos, evitando fazer barulho para não perturbar o sono de Niki. Entretanto, quando as luzes repentinamente se apagaram, um calafrio percorreu sua espinha, e seu coração disparou derrepente.
A escuridão não era um problema para você, mas logo veio uma sensação de algo encostando rapidamente em seus pés que o fez estremecer. Um grito involuntário escapou de seus lábios, enquanto sua mão instintivamente voava para cobrir sua boca, seus olhos arregalados encarando um ponto fixo na escuridão em choque.
Seu corpo reagiu por puro instinto, levantando os pés para o sofá em um movimento rápido, e então se jogando para trás, buscando refúgio na lateral do sofá. Sua respiração estava pesada, e a ansiedade consumindo você enquanto tentava recuperar a compostura.
A voz rouca de Niki quebrou o silêncio, fazendo você estremecer ainda mais. "Quase me deixou surdo com esse grito" ele murmurou, despertando do sono.
"Desculpa" você respondeu, sua voz trêmula e falha. Sua respiração falhando pelo susto
"Pensei que você não tivesse medo de filmes de terror" Niki comentou, movendo-se desconfortavelmente no sofá.
"Não foi o filme que me assustou" você explicou, tentando controlar a respiração. "Acho que senti algo nos meus pés... talvez um rato"
"Bom... espero que tenha sido mesmo um rato e não um espírito fazendo cosquinha nos meus pés" você comentou, deixando escapar um leve tremor na voz enquanto tentava ignorar a risada baixa e abafada de Niki, que ainda estava sonolento.
Aos poucos, o som da chuva forte lá fora invadiu a sala, acompanhado pelo estrondo dos trovões. O apagão repentino agora fazia sentido, pois a casa de Niki era um pouco velha e os fios de eletricidade eram meio acabados.
"Essa chuva está intensa" comentou Niki, sua voz ainda carregada de sonolência. "Parece que trouxe um pouco de caos para a nossa noite de filme"
"Nossa? Você acabou dormindo nos primeiros 10 minutos do filme" Digo irritado, tentando encontrar os olhos deles em meio a escuridão da sala.
De repente, consegui ver seus olhos, mas foi por causa da luz repentina do trovão que atravessou a janela, junto com seu estrondo alto segundos depois. Aquilo me deixou muito assustado. Trovões não são meus melhores amigos, mesmo que eu ame a chuva, ela traz consigo um dos meus medos de infância, trovões. Quando criança, meu tio disse que um trovão cairia na minha cabeça se eu fosse uma criança malcriada, então quando comecei a crescer, isso se tornou um gatilho forte.
Aquele som alto fez eu me encolher, abraçar meus joelhos, esconder meus ouvidos e me esconder junto. Niki, mesmo tendo descoberto recentemente meu desconforto com os trovões, era ainda atento às minhas necessidades, percebeu eu me encolhendo e se aproximou. Ele sabia o quanto aqueles sons altos me afetavam.
"Você está bem?", ele perguntou preocupado, mas sua voz suave me deixava seguro. Sua presença reconfortante era como um escudo contra os medos que me assombravam.
"Eu estou aqui, não se preocupe, nenhum raio, trovão ou rato vai te pegar" Niki se aproximou mais, envolvendo seus braços em volta de mim, tentando relaxar meu corpo e mente. Nós dois nos ajeitamos e deitamos no sofá juntos, nos aconchegando nos braços um do outro.
"E nenhum espírito vai te fazer cosquinha..." Niki não conseguiu se segurar com a piada, dei um tapa leve nele em resposta. Porém, ambos acabamos rindo, e toda aquela tensão parecia se dissipar no ar.
