Devil with angel face

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Ela olha para o relógio que fica acima do quadro, já é a terceira vez em menos de cinco minutos. Diferente das outras alunas que esperavam despreocupadamente pelo fim da aula Minjeong se perguntava se teria sorte de sair sem se deparar com seu algoz e seus capangas. Ela tinha medo, muito medo. Ansiedade lhe consumia diariamente.

O sinal toca.

Juntando suas coisas de modo desajeitado joga tudo dentro da mochila, não se importa se está arrumado, ela tem pressa, tem medo. Ela anda rápido, pois não é permitido correr e seria chamada atenção se o fizesse, e atenção era tudo que menos precisava agora. Com a cabeça baixa tenta passar despercebida no mar de alunas no corredor.

Acha que tem sorte. Está na metade do caminho e consegue ver o prédio do seu dormitório, porém como nada de bom dura na vida de Minjeong ela sente seu corpo ser empurrado para um canto com pouca visibilidade. Percebeu alguns olhares em si, elas viram o que aconteceu, mas nenhuma se atreve a intervir, era sempre assim, ninguém viria ao seu socorro. Seu corpo é novamente puxado e dessa vez vai com tudo ao chão, antes que possa fazer algo está cercada por três rostos conhecidos.

"Se eu não te conhecesse, diria que estava tentando fugir de mim, você não estava tentando fazer isso, certo, Kim?" - Quem pergunta é Dasom, líder do pequeno trio composto por ela, Mai e Lucy

Minjeong faz que não com a cabeça, assustada.

"Que bom, hoje eu estou particularmente irritada e não queremos mais problemas, certo?"

Minjeong apenas acena com a cabeça.

"Segurem ela - Dasom diz para suas amigas que fazem como pedido. - Tô precisando aliviar o estresse."

As lágrimas de Minjeong caem antes mesmo de sentir o primeiro impacto. Dasom não perdoa, descontando toda sua raiva e frustração no corpo da garota como disse que faria.

O colégio sykn era um colégio de elite para meninas. Ali só entrava quem tivesse uma quantia muito absurda de dinheiro para gastar, o que não é o caso de Minjeong. Vinda de família humilde e tendo uma bolsa integral ela sabia que sua vida ali dentro não seria fácil, não tinha sido antes em outras escolas e não seria diferente ali, mas foi assim que seu caminho cruzou o de Kang Dasom. Sabia que jamais seria aceita naquele ambiente, as diferenças sociais falariam mais alto do que qualquer coisa,entrou sabendo que não teria nem uma amiga, o que de fato não tem, mas Dasom... Dasom fazia tudo ser um caso à parte. Minjeong era acostumada a ser excluída e sabia que faziam piadas e rumores a seu respeito, mas está tudo bem, de verdade, até Dasom começar a levar isso para um outro nível. ela junto de Mai e Lucy, suas fiéis escudeiras começaram a xingar e insultar MInjeong na frente de todos e logo depois começaram os ataques físicos. já fazia um ano que isso acontecia quase que diariamente. ela infelizmente não tinha muito o que fazer, quem iria acreditar nela se denunciasse? se ninguém ao menos a ajuda quando via o que acontecia com ela imagina tomar seu partido para defendê-la. era Minjeong contra todas. aquele era seu martírio.

"Deixem ela ai." mandou Dasom depois do que pareceram horas de tortura para Minjeong. A garota caiu no chão sem suporte algum ao ter seus braços soltos.

O trio se retirou entre risadas e xingamentos direcionados a menina.

Minjeong ficou estirada ali no chão, seu corpo não tinha forças para levantar.

Com os olhos cheios de lágrimas, novamente Minjeong se questionava quando tudo isso ia acabar... E para sua surpresa sua pergunta pareceu ter uma resposta pela primeira vez.

A dor em seu copo é insuportável, mas o esforço necessário para ao menos levantar, precisava sair dali. não seria bom se a encontrassem ali caída e machucada. fariam perguntas que Minjeong queria evitar a todo custo possível. Sentou-se no chão, avaliando seus machucados, a gravidade deles e se teria o necessário em seu quarto para cuidar deles, queria evitar a enfermaria.

Ouviu passos se aproximando. Ao olhar para cima, uma rosto familiar, não a conhecia pessoalmente, mas era impossível não reconhecer o rosto frio e sério de Yu Jimin. A garota se agachou perto de Minjeong, em uma das mãos um pano de bolso, sem dizer uma palavras aproximou-se dos lábios alheios, limpando o sangue que havia ali.

Minjeong sobressaltou de leve, assustada. Um ato de cuidado que jamais tinha recebido. Mãos em seu corpo sempre para machucá-la, nunca para cuidar ou amar. Não estava acostumada a algo diferente. Ao perceber que não havia perigo deixou que Jimin cuidasse de si.

O clima era estranho. Em um silêncio gritante Minjeong expressava suas dúvidas, tinha perguntas, mas tinha medo de fazê-las e aquele momento desaparecer assim que abrisse a boca, como se não passasse de uma ilusão.

Os olhos negros não saiam de sua pele - agora machada pelo sangue - eram intensos demais e tornavam tudo mais constragedor para Minjeong uma vez que elas não tinham intidade e estavam tã próximas, Jimin parecia não se importar. Porém, havia algo naqueles olhos que a mais nova era inocente demais para captar.

Em um ato inesperado, Jimin aproximou seus lábios do rosto de Minjeong, mirando sua bochecha onde havia um pequeno corte. Em movimentos suaves, lambeu o local. Deixou um pequeno gemido de prazer ao sentir o gosto metálico do sangue em sua boca. Estava maravilhada, queria mais, porém sabia que o momento não era propício e tão rápido ele começou ela o finalizou se afastando novamente.

Minjeong não sabia como reagir, o corpo petrificado em choque. Muita informação de uma vez só para ser processada. Tudo era tão repentino, tão confuso e intenso.

Jimin mordia seu lábio inferior enquanto se afundava nos olhos perdidos e atordoados que lhe encaravam de volta.

"Sua pele é tão linda Kim Minjeong - disse Jimin pela primeira vez, a voz densa tomada pelos pensamentos que tentava afastar. - Mas ela ficaria ainda mais bonita se fosse eu quem a marcasse." Com o polegar tocou a ferida de Minjeong, ganhando uma coloração vermelha. Lindo, era lindo.

Ao terminar de falar seus olhos se encontraram novamente. Vários sentimentos relacionados ao medo passaram pelos olhos de Minjeong, mas não deixa que ela verbalize nenhum, retomando a fala.

"Eu tenho uma proposta a fazer. Algo que beneficia nós duas. Esteja no meu quarto amanhã depois da última aula. Estarei te esperando."

Aquilo não era um convite e aparentemente Minjeong não tinha como recusar.

Antes que pudesse questionar qualquer coisa, Jimin já tinha se levantado e ido embora.

E mais uma vez Minjeong era deixada com seus pensamentos e feridas.

Por alguns minutos achou que Jimin era um anjo ao seu resgate, achou que alguém finalmente olharia para ela como alguém digno de pena...

Jimin de fato olhou para ela, mas não pelos motivos que Minjeong esperava. Jimin de fato era um anjo, mas um caído do céu, com asas tão quebradas quanto a pele de Minjeong. Um anjo que veio a seu aclame não para salvar, mas para aprisionar.

Jimin não era boa e Minjeong veria isso mais cedo do que imaginava.





notas finais: Pessoal, qualquer erro me desculpa e espero que tenham gostado do capítulo. me deixem saber o que estão achando nos comentários. 

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Dark Angels (hiato)Onde histórias criam vida. Descubra agora