Vermelho, não qualquer vermelho, vermelho sangue

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Jimin era apaixonada por pintar, não importava o que fosse, desde pessoas e animais até coisas abstratas, apesar da paixão por pintar não ser exatamente o que botava na tela que a encantava, mas as cores que iam nela, e Jimin tinha uma cor favorita.

Vermelho, não qualquer vermelho, vermelho sangue.

Jimin descobriu muito cedo que não só sua cor favorita era meio excêntrica, mas tudo que englobava suas paixões e prazeres mais íntimos. Ela sabia que era diferente da maioria.

Nem tendo todo o dinheiro que tinha facilitava botar seus desejos em práticas, mesmo com ofertas generosas as pessoas recusavam. O desejo de realizar suas vontades crescia junto da frustração de cada recusa.

Foi então que entrou no colégio de elite Synk e as coisas começaram a mudar um pouco.

Jimin não deixava que as pessoas se aproximassem dela. Além de achar que todas naquele colégio eram esnobes de nariz em pé, não queria ninguém perto o suficiente para talvez duvidar de seus gostos. Elas não entenderiam.

Foi então que seus olhos cruzaram com Kim Minjeong e seus desejos mais íntimos viraram quase que uma urgência. Não gostava de admitir, mas tinha uma pequena obsessão em botar suas mãos na menina desde que a viu passar pelo corredor quase correndo com um pequeno pano contra o nariz, o pano assumia uma cor vermelha e em uma das mãos o mesmo tom a acompanhava. Não qualquer vermelho, vermelho sangue. A pele clara igual uma tela em branco pintada de vermelho, não qualquer vermelho,vermelho sangue.

Desde aquele dia, Jimin não para de pensar como seria usar aquela tela em branco e pintá-la das mais diversas formas possíveis.

Jimin viu por quase um ano sua tela ser usada por outras pessoas. Tinha inveja, mas acima de tudo tinha raiva. Aquelas pessoas não eram dignas de usar um material tão valioso e raro, desperdiçando-o sempre. Era sua vez de mostrar que nas mãos certas uma verdadeira arte poderia ser feita. Jimin era essa artista e ela iria atrás de seu material pintar a mais bela tela com o mais belo vermelho, não qualquer vermelho, vermelho.

Jimin não era santa, sabia que suas razões para se aproximar de Minjeong eram puramente egoístas, mas não conseguia lutar contra aquilo, já tinha se rendido ao fato que precisava tê-la em suas mãos de qualquer forma.

E quem diria que depois de tanto tempo seus desejos finalmente bateram na sua porta.

Um toque em sua porta foi ouvido, despreocupadamente pede para que a pessoa entre, ainda na porta, se depara com uma Kim Minjeong toda machucada. Seus cabelos desarrumados assim como suas roupas. Observa a gola da camisa com algumas gotas de sangue que caem diretamente do seu queixo devido ao nariz machucado. Seu olho esquerdo mal consegue ficar aberto e a região começa a ganhar um tom roxo ao redor. Sua visão capta suas mãos rapidamente, estão raladas e vermelhas, não qualquer vermelho, vermelho sangue.

Jimin nada diz, apenas observa minjeong abrir e fechar a boca várias vezes, lágrimas que escorrem ajudam a afogar o que está entalado na garganta. A humilhação sendo tão grande quanto sua recusa a fazer o que estava prestes a fazer. Os sentimentos lutando dentro de si.

Deixa que mais lágrimas escorram, assim como as palavras de sua boca.

"Eu aceito"

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2 dias atrás

Das poucas felicidades que Minjeong tinha, escrever era uma delas. Ali, com seu papel e caneta, ela podia criar e viver outras vidas que não a sua através de suas histórias. Não que ela não gostasse de criar histórias por si só, mas pensar que não tinha controle sobre sua própria vida e a única coisa que tinha o controle eram personagens fictícios a deixava um pouco triste, mas ela logo afastava esses pensamentos e focava em sua paixão novamente.

Dark Angels (hiato)Onde histórias criam vida. Descubra agora