introdução

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PRÓLOGO

- Eu achei que tudo poderia ser normal, achei que havia uma saída...

Uma voz masculina ecoava com imensa beleza e pesar em cada uma de suas palavras.

Tudo parecia ser um imenso vazio totalmente escuro.

... Você pode, me resgate, por favor, eu preciso de sua ajuda antes qu-. -

A voz se calou de forma tão repentina quanto surgiu, incapaz de concluir a frase que antes iniciara. A cena mudou logo em seguida, a visão se distorcru por um momento. O lugar não era mais vazio, mas sim um enorme campo de golf, deserto, com exceção da presença de um menino ruivo prostrado de joelhos, que estava vestindo uma blusa branca e calça jeans.

— Kurt? Onde está você querido? Vamos, não precisa ter medo. — Disse uma voz feminina que parece sair dos céus.

— Mãe? — O menino se pôs de pé, aparentemente pasmo. — Mãe! — O jovem garoto gritou ainda confuso e começou a correr à procura da voz, porém parou poucos metros a frente. Estava diante de uma mulher alta, com cabelos castanhos lisos que iam até pouco mais que os ombros, seu rosto, bonito e suave, era carregado de dor. Ela murmurava algo sem parar.

—  A escuridão está chegando. —

seus dedos longos e magros tremiam com um pavor tão imensurável que contagiou até mesmo a jovem criança ali presente. A mulher caiu de joelhos gritando com uma dor aguda que parece não existir, diante de seu filho.

— Mãe? — disse Kurt já trêmulo ao ver a situação de sua mãe. Ele se aproximou e tentou a tocar, porém sua mão a atravessou como se estivesse tentando pegar fumaça.

O corpo da mulher começou a se tornar transparente, começando dos pés.

— Kurt! — disse ela, como se aquilo fosse o remédio para suas dores.

Ela olhou para o filho com um misto de ternura e dor, enquanto o céu começava a se tornar escuro, a cada segundo ela parecia estar um passo mais próximo da insanidade.

— Encontre eles, detenha a escuridão, enco... — suas palavras foram cortadas e seu corpo deixou de existir.

Um vento forte surgiu repentinamente de todas as direções.

Algo tentava levantar a criança que ainda estava em choque.

O céu ficou completamente negro e, quando o vento cessou, Kurt viu bem ao longe algo muito grande vindo rapidamente, ganhando território.

A criança, desesperada, começou a correr na direção oposta, mas logo descobriu que aquilo estava vindo de todas as direções, cada vez mais perto.

Mais perto...

Mais perto...

A cabeça de Kurt começou de forma repentina a latejar com muita intensidade, e ele percebeu que o que vinha até ele não era grande, era aparentemente um homem alto com longos cabelos pretos que iam até pouco menos que sua cintura. Sua pele era branca e fosca, lembrando muito o marfim de um mamute. O homem possuia ainda um curto chifre de cervo, e marcas roxas na bochecha como tatuagens. Seus olhos eram totalmente escuros, com exceção da iris, que lembrava a de um gato, mas sua cor era branca.

Sua expressão era de vitória num misto de sarcasmo e crueldade, e seu sorriso apenas exbia pequenos caninos, que se projetavam para fora da boca.

Ele caminhou na direção da criança, andava fora das sombras, mas elas o seguiam, e sua roupa pareciabser feita das sombras que dançavam em seu caminho, as vezes cobrindo o corpo inteiro e outras cobrindo-lhe apenas o sexo.

Seus olhos estavam focados, presos em um ponto fixo no meio do campo. O céu e a terra atrás dele pareciam uma única coisa, como se houvessem se esquecido de quem era quem.

O homem parou bem perto de Kurt que agora estava de joelhos olhando para ele.

Ele se aproximou e analisou o garoto como se ele fosse um brinquedo complicado — porém interessante —, depois se abaixou bem perto, fazendo sinal para que ele ficasse quieto, por mais que ele estivesse em silencio absoluto.

Ele sorriu com desprezo.

— Então é você... — diz o rapaz. Sua voz era tão bela e harmoniosa que foi difícil para Kurt não ansiar escutá-la. De perto era possível ver que ele não devia ter mais que 20 anos, mas um poder tão grande irradia dele que Kurt se sentia atraido.

Ambos ficam de pé, frente a frente, por um momento em absoluto silêncio.

— Quem é você? — perguntou Kurt com firmeza. Já não se sentia tão assustado, já que o rapaz não era tão ameaçador quanto pensou.

— Ninguém com quem tenha que se importar agora. — respondeu-lhe sorrindo e, inesperadamente, agarrando o pescoço de Kurt com uma mão, levantando-o do chão e sufocando-o. Ele riu da criança se debatendo, tentando se livrar, clamando por ar.

— Ela não pode mais te proteger. — sussurrou o rapaz com emoção no ouvido do garoto, jogando-o no chão bruscamente logo em seguida.

A criança foi sendo engolida pelas sombras, na escuridão interminável.

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