Maya
Alguns anos atrás...
Gostaria de dizer o quanto a escola é podre, mas, a verdade, é que o câncer desse lugar são as pessoas que aqui frequentam.
As amizades que fiz aqui, no fundo, eu sabia que não iria levá-las comigo, e agradecia mentalmente por isso. Eles eram falsos, e sinceramente, isso não me acrescentava em absolutamente nada.
Athena, Jéssica, e Theodoro. Eles eram meus amigos. Eu os levaria comigo.
Guardo meus livros no armário, e assim que bato a pequena porta de metal, encontro um loiro encostado nos outros armários, ele usava uma calça jeans clara, camiseta preta e uma jaqueta branca com a gola vermelha do time. Um palito estava entre seus lábios e o cabelo jogado todo para trás. Gregory era o típico adolescente que todas as meninas se matariam para ter uma chance.
— Como vai, furacão ? — perguntou
O que ?
— Você me chamou do que ?
— Furacão.
— Eu acho que não entendi ainda... — o olho incrédula
— Você tem algum problema auditivo ?
Gregory chega perto o suficiente e coloca meu cabelo para trás, dando um leve puxão na minha orelha. Dou um tapa em sua mão, o fazendo se afastar novamente.
— Eu escuto muito bem, a propósito. Não entendi o porquê desse apelido.
— Você causa desastres por onde passa.
— Obrigada ?!
A dúvida ronda minha mente, mas, decido o ignorar e caminhar para a aula. Gregory envolve seu braço direito ao redor do meu esquerdo e depositar um beijo, dando um sorriso nada convincente.
— Então... — ele começa
— Não.
— Eu nem disse nada!
— Tá bom, diga.
— Vai ao meu jogo hoje ? — ele pergunta, piscando os olhos freneticamente
Como eu imaginava...
— Deixa eu pensar... não.
Ele para abruptamente e me vira, me fazendo ficar de frente para ele. Muitas pessoas estão passando na hora e ficam nos olhando curiosos. Eu adorava me sentir quase invisível nessa escola, e com Gregory grudado em mim, me impedia de continuar nesse processo.
Não vejo de onde surgiu, mas uma blusa grande aparece em suas mãos e ele coloca em seu corpo e depois mede no meu. A camisa fica embaixo dos meus joelhos, mas parecido com um vestido.
— Ela é sua, só deveria ter pego um tamanho menor.
— Pode devolver e pegar seu dinheiro de volta.
— Dinheiro ? — ele franze o cenho — esqueça. Ela é sua, use-a no jogo de hoje a noite, combinado ?
— Gregory, eu agradeço, mas eu não vou ao jogos.
Vejo seu semblante que até pouco tempo era feliz, se tornar triste. Ele força o sorriso e balança a cabeça devagar, concordando contra sua própria vontade. Pego a camisa de sua mão e o deixo parado no mesmo lugar, me olhando, cada vez mais longe.
Gregory era gentil, prestativo, diferente dos meninos daqui que nunca se deram o trabalho de ser pelo menos educado com os demais. A única comparação em que posso fazer entre eles é a questão de serem tão idiotas, por sentirem necessidade em brincar com os sentimentos de meninas da sua idade. Espero que ele não me leve a mal, mas, o que ele quer é algo que eu não posso dar. Para sermos sinceros, eu nunca beijei um menino antes. Bom, eu já dei um leve beijo em um menino quando tinha oito anos, mas foi tão rápido que tenho a impressão que não cheguei a tocar seus lábios.
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A Caminho Da Tempestade
RomanceLivro II da saga Amores Incontroláveis. Somos uma mistura de substâncias químicas capazes de causar uma explosão a qualquer instante. Enquanto ela está no enemies, ele vive no lovers... ou quase isso. Um acidente fatal faz com que dois caminhos se...