05 - Richard

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Depois de passar o dia com Anne e do quase beijo no meu escritório, o jantar com ela foi estranho. Estranho porque eu queria tê-la beijado e porque agora eu não conseguia parar de reparar nela, em seu corpo esguio, seu rosto delicado e uma boca que pedia para ser beijada. Eu senti raiva e repulsa ao ler as mensagens e ameaças de seu ex, não consigo explicar, mas Anne desperta em mim um instinto protetor, eu quero protegê-la, quero que ela fique aqui.

- Isso aqui está delicioso... A carne é daqui? - Anne perguntou.

Marta tinha feito um ensopado e batatas cozidas para o jantar, realmente estava bom.

- Sim... Aqui temos gado e quando ele está bom vendemos a carne... O rancho tem um abatedouro perto da cidade, vendemos para outras cidades e para o mercado. Mas eu abri um site de vendas de peça de carne on-line. - Anne me encarou surpresa.

- Isso existe?

- Sim... As pessoas querem comodidade, eu estou oferecendo carne de qualidade no conforto de casa... Há donos de mercados que também compram de forma on-line, é bem mais em conta, é um bom custo benefício.

- É muito interessante também.

Eu estava tomando coca cola para acompanhar Anne, mas queria algo bem mais forte nesse momento. Depois do jantar, fomos para a sala, Anne está especialmente curiosa, percebi que agora que está mais a vontade esse jeito falante e exploratório são traços de sua personalidade e estou gostando disso. Ela olhou as fotografias, olhou os discos e livros na estante e então parou na mesa do jogo de xadrez.

- Você joga? - ela perguntou.

- Hoje em dia não...

- Quer jogar?

- Tem certeza? - perguntei diante do sorriso dela.

- O quê? Tá com medo de perder?

- Eu não... Sou muito bom no xadrez, você é quem pode perder. - falei e ela cerrou o olhar.

- Quer apostar?

- Quero. - respondi e levantei do sofá para pegar uma dose de uísque - Se eu ganhar, quero uma sobremesa deliciosa, se você ganhar pode pedir o que quiser.

- Feito. - ela estendeu a mão e eu apertei.

Começamos a jogar e logo pude ver que Anne é boa nisso, precisava me concentrar mais mas depois de um tempo comecei a me sentir inquieto e sua presença estava me deixando estranho, eu sentia o mesmo que senti no meu escritório uma atração, uma vontade de esticar o braço e tocar em seu rosto. Meu celular vibrou no bolso, peguei e vi uma mensagem.

" Oi docinho... Você vem me ver hoje? Estou com saudade!"

Era a Shirley, uma antiga amiga, mantemos nossa relação no sexo casual e nos encontramos de vez em quando. Guardei o celular sem responder a mensagem, se fosse outro dia, eu iria agora mesmo vê-la, mas hoje não, eu tinha um jogo para terminar. O jogo se arrastou por um bom tempo, eu acabei me concentrando de verdade e gostei mas não foi o suficiente, por uma pequena distração, Anne ganhou.

- Uhuuuuuu!!!! Ganhei!!! - ela falou sorrindo e levantou os braços.

- Isso foi sorte de principiante.

- Eu sou muito boa nisso.

Me levantei e fui até o bar pegar mais uma dose pra mim, meu celular começou a vibrar no bolso, era a Shirley. Me virei e Anne me olhava, fiquei surpreso por ela estar me encarando, devolvi o olhar, faz uma semana que ela está aqui mas só agora reparei em como Anne é.

- Você está bem mesmo? - perguntei.

- Não posso dizer que estou cem por cento mas eu não quero e não posso ficar me lamentando, não posso mudar essa escolha que fiz no passado mas agora eu quero viver minha vida de outra forma.

Destino do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora