02 - Anne

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Abri os olhos e vi o teto branco com luzes fluorescentes, dei um suspiro longo mas senti uma terrível dor nas costelas e mal consegui soltar o ar. Meu corpo inteiro estava dolorido, fechei meus olhos novamente e lances do que aconteceu invadiram minha mente, Kevin me batendo, depois me empurrando escada abaixo e então senti seus chutes em mim, senti um arrepio de medo e tristeza ao me lembrar disso. Ouvi a porta abrir e vi que era a enfermeira.

- Bom dia... Que bom que está acordada, como se sente?

- Meu corpo todo doi.

- Eu vou injetar mais remédio no seu soro e vou chamar o médico pra te examinar.

O médico veio e me examinou, falou dos meus ferimentos, eu tenho arranhões e marcas por todo o corpo, tive uma concussão e costelas quebradas, me perguntei o que eu fiz para chegar a esse ponto. A boa notícia é que posso sair em no máximo dois dias e a má notícia é que não tenho para onde ir, vou ter que recomeçar do zero, arrumar um emprego e um lugar para ficar. Consegui comer, talvez fosse minha fome mas achei a comida do hospital muito boa, depois voltei a dormir.

Acordei novamente e o quarto estava escuro, quando meus olhos se adaptaram a pouca luz, me sentei na cama com certas dificuldade, olhei para a poltrona e vi a sombra de um homem sentado, meu corpo inteiro gelou de medo e eu comecei a tremer, fiquei de pé mesmo com o corpo doendo e andei pelo quarto devagar até a porta.

- Não adianta fugir pela espreita.

A voz falou atrás de mim e eu fiquei sem ar por um instante, a luz se acendeu e pude ver o homem no meu quarto, ao ver que não era o meu ex- marido fiquei dividida entre o alívio, medo e curiosidade.

- E... E... Quem é você? - minha voz saiu mais baixa do que planejado.

- Sou Richard Fletcher, achei você na estrada em frente a minha propriedade.

- Foi você quem me trouxe para cá?

- Foi... Você estava desmaiada, no início achei que estava morta.

- Acredite, eu queria estar. - respondi com pesar e seu olhar escureceu.

- Nunca deseje estar morta... Não é bom desejar algo assim para si mesmo.

- Quando não se tem motivos e nem alguém por quem ficar, isso não faz diferença.

- Quem fez isso com você?

Dei um suspiro longo me sentindo cansada de repente, não queria ter essa conversa com um estranho, desviei o olhar.

- Meu ex marido... - resolvi mudar de assunto - O que você está fazendo aqui?

- Vim ver você, saber como estava.

- A noite?

- Passei o dia muito ocupado e essa foi a única hora que deu.

- Bom, talvez o médico me dê alta amanhã...

- Isso é bom.

- Então agora que sabe, é melhor você ir ou eu vou chamar a enfermeira.

Ele ficou me olhando, me avaliando, eu não sabia o que dizer ou como reagir, por mais estranho que parecesse eu não estava com medo dele.

- Acho melhor você descansar.

Richard se aproximou de mim e estendeu a mão para me tocar mas eu me afastei.

- Desculpe... - ele colocou as mãos nos bolsos da calça e me olhou - Você disse que não tem para quem voltar, onde estão seus pais?

- Meu pai fugiu quando eu tinha três anos e minha mãe morreu há um ano.

- Eu sinto muito... Como veio parar aqui?

Destino do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora