Capítulo 6 - Longa Noite (Parte 2)

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Viro-me devagar para Lila, que não sabe nem disfarçar e já está pálida, eu, por minha vez, continuo agindo como se não tivesse visto ninguém passar pela porta agora a pouco.

-Sabe aquela espingarda?-Começo a dizer.

-Então o riquinho gostou daqui...-Diz o idiota do Hart, já arrastando uma das cadeiras vagas da mesa para sentar-se e testar a minha paciência. Os outros riem neste momento, mas ainda não sentam.-Achou que a nossa conversa tinha acabado?

Continuo ignorando-o.

-Tem outras mesas vazias, Hart.-Diz Lila.

Ele ri.

-Então eu tô atrapalhando um encontro?-Encosta-se na cadeira e coloca os pés na mesa, com suas botas sujas. Os outros riem como se isso fosse um grande ato, faço um grande esforço para demonstrar tédio.-Escolheram a mesa que eu mais gosto.

-Deixa eu ver se eu entendi...-Viro-me para ele devagar, após pensar um pouco.-Me odeia só porque eu sou rico e você não?

Isso o deixa puto imediatamente, mas não entendo o motivo. Eu só fiz uma pergunta para ter uma resposta, juro que não estava tentando nada além disso e não sou o culpado pela sua capacidade intelectual limitada.

-Nessa cidade não cabe nenhum riquinho metido e com jeito efeminado!

Assinto, pensando seriamente em concordar.

-Não! são malfeitores como vocês que não cabem aqui!-Interfere Lila. Pelo menos eu ganhei uma defensora. Ele a manda calar a boca no mesmo momento e ela o faz.

-Tá bom, vamos acabar com essa idiotice de vez. Eu sei o quanto vocês não me querem aqui, e acreditem, eu me quero aqui muito menos do que vocês. Não gostam de mim? é um sentimento totalmente recíproco, mas eu estou disposto a ignorar a existência de vocês, não podem fazer o mesmo comigo?-Decido questionar, cada palavra que emito deixa o tal de Hart cada vez mais confuso, e então eles se entreolham.-Cordialmente...-Completo.

-Não gosto desses dizeres da cidade grande!

Suspiro, buscando conseguir um pouco mais de paciência para continuar dialogando com esse caipira. As vezes acabo me esquecendo de que voltei no tempo e me encontro atualmente em alguma espécie de faroeste selvagem.

-Resumindo, levanta dessa cadeira e finge que não tá me vendo, eu sei que é difícil, mas você consegue. Anda, me deixa em paz.-Digo, não tendo muito êxito. Senta-se normal, mas ainda não faz menção de sair, ao invés disso, aproxima-se mais.

-Não vai ter paz pra você aqui... não tão fácil.-Diz, com um certo tom ameaçador e dramático.

Os outros riem.

-Ah, ótimo. Agora só falta me desafiar pra um duelo...-Relaxo na cadeira, mesmo não estando lá muito relaxado e  com uma sensação de que posso levar um soco a qualquer momento.

E pelo visto, acabei lhe dando uma ideia, o que começa a me preocupar.

-Tragam a "morte na garrafa".-Ordena aos seus companheiros.

-Não!-Exclama Lila, sua cara é de quem acaba de presenciar o início de uma tragédia.

Um dos comparças com nome de cachorro vai até o bar, atravessa o balcão e olha para os lados antes de pegar uma garrafa nas prateleiras mais baixas. Ainda não posso vê-la ainda. Hart, por outro lado, me encara de uma forma esquisita, com um riso de canto. Da última vez que alguém me olhou assim eu perdi a minha virgindade e espero que não seja o caso hoje.
Lila, por outro lado, parece bem preocupada enquanto mexe a cabeça negativamente e meio que reza para sua padroeira.

Indomável (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora