Capítulo 10 - Quem está no comando?

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É sexta-feira, a minha piscina finalmente está pronta e o vovô viajou de manhã bem cedo.
Me sinto relativamente melhor do que nos outros dias, acho que a pressão estava acabando comigo e consequentemente estragando a minha pele também.
Quando acordei, a chave da gaveta de documentos do escritório do vovô estava esperando por mim na minha mesinha de cabeceira. Eu já reclamei sobre entrarem no quarto enquanto estou dormindo, mas parece que mesmo estando no comando, não sou eu quem faço as regras aqui.

E falando em estar no comando, está sendo muito menos pior do que eu imaginei. Passei toda a manhã inaugurando a piscina, vasculhei o escritório em busca do meu celular, mas não o encontrei, e não vesti nada além de roupão o dia todo. E eu achando que as habilidades de ditador do vovô iam tomar conta de mim a partir do momento em que ele saísse pelos portões da propriedade.

-Olá, Holden! Mil perdões pela demora, o almoço já será servido!-Judy se explica, após um breve espanto ao chegar na sala de jantar e me encontrar sentado no lugar onde o vovô costuma ocupar na mesa.

Leio um jornal (sim, um jornal de papel machê com notícias impressas) porque é a única coisa minimamente interessante que encontrei para fazer enquanto espero.
De repente, duas funcionárias entram na sala empurrando carrinhos com o banquete de almoço que mataria a fome de um batalhão inteiro. Para uma única pessoa. Eu posso não ser a pessoa mais correta do mundo, mas isso com certeza tá errado pra caralho.

-Vamos, sente-se.-Indico a mesa com a cabeça, Judy imediatamente demonstra surpresa, chega a se perder entre as palavras.

-Mas... Holden...

-Não... antes chame os demais funcionários que estão na fazenda hoje. Quero todos aqui nesse almoço.

Ainda parece incrédula.

-Mas... o Sr. Hansbridge...

-Ele está viajando. Eu sou o Sr. Hansbridge no momento e quero todos os funcionários sentados à mesa comigo hoje.

-S-sim senhor...

Fecho o meu jornal, deixando-o de lado. Ainda incrédula e ligeiramente emocionada, acaba esbarrando na parede ao tentar correr para convidar os outros. Imagino a reação daquele senhorzinho nervoso vendo a sua enorme mesa de carvalho cheia. Ele provavelmente teria um ataque e diria algo como "os funcionários vão ficar acomodados e serão menos eficientes!" ou que essa não é a parte que eu deveria herdar do meu pai.

E que se fodam os dois.

*

A noite, não ironicamente, sinto um pouco de solidão. Mesmo tendo uns dez quatros, nenhum funcionário além da Judy dorme nessa casa, e ela meio que se enfia nos seus aposentos as sete da noite para dormir e acordar antes do nascer do sol, assim como fazem as galinhas. Eu, por outro lado, já andei por toda a casa tentando cansar o mínimo possível para pelo menos tentar dormir. Não obtive êxito.
Já devem ser dez da noite. Troquei o roupão por uma enorme blusa de mangas longas e estou deitado no sofá da sala na companhia de um poodle dorminhoco e ouvindo opera numa vitrola velha mas incrivelmente bem conservada.
É quase certeza de que ele não vai aparecer por aqui uma hora dessas. Eu não sei porque tô esperando... eu nem sei se tô esperando... acho que simplesmente perdi as minhas energias para subir as escadas e ir pra cama.

Três batidas sutís na porta. É a única visita que poderia aparecer. Ligeiramente, arrumo o meu cabelo no vidro espelhado da cristaleira do bar e corro para a porta.
Quando abro, em meio a escuridão no fundo, dou de cara com seus olhos azuis e vejo-o parado distante da porta. É a primeira vez que o vejo hoje.
No dia em que fomos ao rio, me trouxe de volta sem mais delongas ou palavras e nos últimos dias esteve muito atarefado para qualquer instrução sobre o meu período como manda-chuva por aqui. E esse foi o motivo do meu colapso.
Hoje a tarde, mandei um dos funcionários avisar para ele que eu o esperava a noite.

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⏰ Última atualização: Sep 17 ⏰

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