Capítulo 1

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Pov: Atsumu Miya

Eu estava conversando com Osamu quando Suna veio correndo em nossa direção.

- Ficaram sabendo do novo protesto que está sendo organizado?- Pergunta ofegante com as mão apoiadas no joelho.

- Mais um? Tenho certeza que não vai mudar em nada, igual os outros.- Falo e logo meu irmão me completa.

- A não ser os desaparecimentos que ocorreram "misteriosamente" -Diz meu gêmeo fazendo aspas com os dedos.- com os protestantes.- Aceno com a cabeça concordando.

- Pelos boatos que eu ouvi, agora a escola inteira vai.- Suna se aproxima de nós dois e sussurra.- Aparentemente pegaram a irmã mais nova de um aluno chamado Hinata.- Fala mais baixo ainda.- Ela foi comprar comida e não levou documento.

- Essa menina não tinha uns sete anos?- Digo revoltado é meu irmão não parece muito diferente de mim. Suna olha para baixo e concorda.

- Já não bastava pegarem adolescentes, crianças também? Elas não sabem nem se defender, bando de covardes!- O desgosto é evidente em sua voz.- Eu vou no protesto!- Osamu diz determinado.- Onde e que horas vai ocorrer?

- Na praça do lado da escola, depois da última aula.

- Eu vou também! A gente se encontra lá?- Olho para os dois que acenam e nós vamos para as últimas aulas do dia.

Quando finalmente acabam as aulas com um sinal estridente tocando, eu me dirijo junto ao meu irmão a praça antes mencionada.

Fico impressionado com o tanto de gente reunida para o mesmo objetivo, sendo essas as mesmas pessoas que partem para a violência sem motivo nenhum, mas ignorando esse fato, talvez nós conseguiremos fazer alguma diferença no governo atual, imagina as notícias:

"Adolescentes de escola estadual protestam para estarem seguros em seus bairros e são apoiados pela grande parte da população."

Espero que esse protesto de certo.

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Deu tudo errado, mais errado do que eu esperava que fosse possível.

Tudo começou quando algum vizinho foi tirar satisfação do que estava acontecendo e depois disso algumas tropas militares começaram a aparecer.

Não preciso nem explicar que eles nem quiseram saber o que estava acontecendo antes começarem a retirar pessoas e bater nas que sobraram.

Quando percebi o que estava ocorrendo, imediatamente pensei em fugir, só não esperava que, ao olhar ao meu lado, Osamu e Suna não estivessem mais lá. Isso obviamente parou meus planos e me fez procurar por eles pelo que pareceu anos.

Quando finalmente avistei a cabeleira platinada do meu irmão, eu perdi todas as esperanças de fuga.

Um guarda estava o segurando como se ele tivesse cometido um dos piores crimes existentes, isso tirou meu chão. Nós só queríamos defender uma comunidade que não pode nem sair de casa sem se identificar que já é levada como criminosa.

Para piorar a situação, me lembrei que, além de estarmos em um protesto que vai contra o que o governo atual defende, nós deixamos nossas mochilas na escola, ou seja, impossível de sermos identificados. Nossa família nem vai saber do acontecido.

Quando nossos olhares se cruzam, eu sinto uma mão agarrando meu braço.

No final da noite, os gêmeos Miya não voltaram para casa.

Notas da autora:

Oi gente, segunda fic postada no perfil e gostaria de avisar que essa vai seguir um rumo totalmente diferente da primeira. Eu ouvi a música cale-se do Chico Buarque e tive a idéia. Espero que gostem.

Só para vocês se localizarem, ela se passa perto dos anos 1970 durante a ditadura militar no Brasil.

512 palavras

1970 - SakuAtsu Onde histórias criam vida. Descubra agora