A CALOROSA RECEPÇÃO DE ROBERT LESTRADE

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Ao chegarmos à Inglaterra, fomos recepcionados por um homem baixo, trajando roupas não muito extravagantes e com um distintivo à mostra. Donovan não tirava os olhos do sujeito, o que me levou a crer que ele era quem procurávamos e também o autor da carta que recebemos na rua B.

"Senhor Lestrade, eu suponho," disse Donovan. Logo após a afirmação dele, o homem se voltou para nós e acenou vigorosamente com a cabeça.

"Sim! Sou eu. O senhor deve ser Donovan Rocha."

"Isso mesmo, e esta é minha amiga, a Doutora Lara Almeida."

Após as apresentações, Lestrade sugeriu irmos ao hotel para nos situarmos, mas Donovan, apressado como sempre, disse que seria uma perda de tempo e sugeriu irmos direto para Baker Street.

"Senhor Donovan, este caso é extremamente perturbador. Lamento não ter dado mais detalhes na carta, mas foi por questão de privacidade."

"Está tudo bem, inspetor. Eu também seria cauteloso se me fosse dado a ordem de proteger um objeto do século 19 e ele fosse furtado, objeto esse que, pelo desespero, estava em destaque."

"Isso mesmo!"

Continuamos seguindo Lestrade até o local que já fora palco para casos extremamente peculiares no passado e agora era somente um santuário de memórias arranjadas em prateleiras empoeiradas. O que chamava atenção no cenário era uma caixa de vidro no centro da sala que estava vazia, exceto pelo pedestal que servia de suporte para alguma coisa.

"Então é disso que se trata todo esse alvoroço. O precioso cachimbo de Sherlock Holmes foi roubado," disse Donovan, parecendo satisfeito com o mistério que acabara de entrar. Apesar de Sherlock ter morrido há muito tempo, seu famoso cachimbo de barro permanecera intocado por todos esses anos, isto é, até agora.

"Lara! Parece que nosso ladrão não é muito cuidadoso."

"Como assim?"

"Veja o cantinho direito da caixa de vidro."

Aproximei-me cuidadosamente para não encostar e consegui observar um pequeno tufo de cabelo com pequenos rastros de sangue seco.

"Realmente é muito descuidado."

Lestrade foi o próximo a observar e, após isso, disse calmamente:

"Não acredito que deixei passar esse detalhe."

"Um erro comum, meu caro Lestrade."

Donovan pegou uma pinça de sua bolsa e retirou o tufo de cabelo do vidro para analisar mais de perto. Em seguida, pegou uma lente de bolso e, após um pequeno momento de silêncio, soltou uma única risada. Eu e Lestrade nos encaramos e olhamos para meu amigo com dúvida, mas logo ele guardou as ferramentas, dizendo com um tom empolgado:

"Procuramos por um homem de cabelos castanhos, e apesar desse tufo parecer cabelo, na verdade é um pedaço de seu bigode... um bigode muito aparente, por sinal."

Lestrade olhou para Donovan de forma surpresa.

"Como pode saber de tudo isso?"

"Eu não sei, meu amigo, eu observei."

"Clássico Donovan. Agora só precisamos encontrar alguém que bata com a descrição."

"Ora, Lara! São milhares de pessoas assim por aqui, e na verdade não vamos precisar fazer muita coisa, o cachimbo será devolvido."

Lestrade exalou um suspiro de dúvida seguido de três passos para frente na direção de Donovan.

"Olha, eu não queria falar nada, mas já faz cinco dias que ele foi roubado. Eu mesmo me encarreguei de colocar essa réplica aqui para ninguém notar, mas ainda assim não é a mesma coisa. Como já faz esse tempo, acredito que não será devolvido, Donovan."

"Está errado, Lestrade. Se não for devolvido hoje, amanhã será."

Logo em seguida, saímos do museu e nos preparamos para ir ao nosso hotel. Mas antes de realmente irmos, meu amigo parou e disse para Lestrade:

"Só mais uma coisa, gostaria de saber se há algum descendente de John Watson na cidade."

Logo em seguida, partimos.

A Psicóloga e o Detetive: O Cachimbo de SHOnde histórias criam vida. Descubra agora