"Mas a ambição do homem é tão grande que, para satisfazer uma vontade presente, não pensa no mal que daí a algum tempo pode resultar dela. "- Maquiavel
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Ele gostava de correntes quando o conheci, tiras de couro, argolas prateadas e meias pretas, daquelas finas a qual poderia rasgar ou jeans surrados, com buracos que deixam os joelhos cheios de cicatrizes à mostra e passam do tornozelo.
Ele tinha obsessão por pirulitos vermelhos e personagens de desenhos animados. Não é atoa que sempre continha uma bola de cereja dançando dentro da boca e o porão ficava cheio de máscaras feitas de papel machê que aprendeu nas aulas de artes do fundamental, ou polaroids em um varal estendidas para secar após o processo de revelação.
Ele era ansioso, tinha agonia de esperar mas também aprendeu que o processo da analogia era preciosa demais para ser substituída por um aparelho moderno. Ficar horas e horas naquele porão com apenas luzes vermelhas, químicos e fones de ouvido era uma dádiva, e você tinha que ser grato por isso.
Eu tinha que ser grato por ter a sorte de poder revelar, admirar e guardar cada um dos rostos das minhas vítimas, distribuídas em rolos e mais rolos de filme, esperando por sua vez de ser colada no álbum fotográfico da minha família.
Eu tinha de ser, mas às vezes eu não era. Ele me obrigou a ser assim, sabe? Eu não queria, mas ele deu o empurrão necessário.
Eu não queria dar ouvidos às vozes na minha cabeça ou sequer aquela bem específica que ficava rindo e repetindo a mesma coisa toda vez, até minha mente se apagar e, no dia seguinte, acordar com as mãos sujas de sangue.
Kitty Kill era assim, gostava de se lembrar de cada vítima a qual torturou por puro capricho, gostava de me ver voltar à lucidez e entrar em choque, surtar, ter alguma crise de pânico ao visualizar tudo que teria partido de minhas próprias mãos ou dele, especificamente dele.
Kitty não amava, mas ele sentia satisfação em realizar os maiores prazeres dele. Kitty não matava, mas torturaria até o grito mais agudo e sincero de dor e agonia, se isso ele quisesse. Kitty nunca deixaria que eu os atrapalhasse se Bunny estivesse incomodado demais com a minha presença.
Manchas de vermelho eram comuns no corpo que ele residia, o meu corpo. Tudo porque era a cor favorita do psicopata a sua frente, sempre sentado em uma cadeira ou encostado na batente de alguma porta, apenas observando como seu trabalho era perfeito.
Kitty Kill era perfeito, sua criação perfeita, eu só era mais um parasita que veio acoplado na Caixa de Pandora.
Killer Bunny, seu vulgo, não passava de uma manchete para aqueles que não o conheciam pessoalmente. Jungkook não era lá muito anti social, diferente de Kitty Kill, a Bonequinha Russa.
A diferença entre os dois? Jeon era um tipo de psicopata crítico, gostava de assistir, degustar a dor do outro e ainda mais quando aprendera leitura corporal na faculdade de psiquiatria.
Conveniente, não? Tentar estudar seu próprio monstro interior para se autodiagnosticar e só provar o que todos já sabiam... Seus bichinhos de estimação não morreram de forma tão incomum e perturbadora atoa.
Já Jimin... Park Jimin obtinha traços de dupla personalidade e sociopatia, cresceu em uma família pobre, diferente do outro, cercado de dor, angústia, abusos e sofrimento. Obtinha palavras chave, o qual Jungkook sabia exatamente quais eram, para girar a tranca de uma porta selada a sete chaves por sua própria mente.
Precisava de apenas um gatilho específico para acessar seu eu explosivo, rancoroso e causar dor, dor sem remorso. Pelo menos, enquanto não estivesse lúcido.
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𝘽𝘼𝘿 𝘽𝙇𝙊𝙊𝘿
FanfictionUma alma quebrada pode ser o maior entretenimento de outra que jamais existiu.