Capítulo 1 : Paralelos Irônicos.

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"As verdades da grande cidade ao sul da Califórnia eram como peças de teatro. No proscênio, onde os holofotes são centrados, tudo se enxerga. Os entusiastas são persuadidos sem a necessidade de um único resquício de esforço. Mas a realidade é que somente o diretor e seus intérpretes sabem do que, de fato, acontece no umbrífero do outro lado das monumentais cortinas escarlate."

Gaslam Quarter, Los Angeles.
03/09/2023
23:10

A luminosidade rústica. A estrutura relembrando traços rudimentares de séculos passados. As luminárias cor de abóbora substituindo as modernas lâmpadas. O famigerado Gaslam Quarter, apesar de ser um estabelecimento integralmente desvinculado dos padrões de Los Angeles, ainda assim, é principal alvo de angelanos que procuram pelos fragmentos de serenidade que há anos havia abandonado aquela metrópole.

— O de sempre, Oliver. Capricha desta vez. Não me leve a mal, mas aquela nova atendente parece ter feito água com café- Ela é nova, então, deve ser só nervosismo... Tudo bem, tudo bem. — ministrou uma baixa jovem de pele morena e cabelos escuros, assentada num dos bancos altos em frente ao rapaz.

Do outro lado do balcão, com alguns fios de cabelo amarelos escapando do chapéu, olhar caído e longa camisa cinza amarrotada, Oliver Ashford gargalhava.

— Você se preocupa muito com essas coisas. Nós precisamos de opiniões para melhorarmos, Helena. Não se esqueça disso. — retrucou o sujeito, dando as costas para a mulher e se afundando nos fundos daquele lugar.

Os olhos ônix da freguesa se fixaram no limiar das prateleiras de caras garrafas de bebida na parede, enquanto sua cabeça descansava sobre o palmo direito. Involuntariamente, sua expressão tendia a mudar, desde aparentes questionamentos à curiosas negações.

*Trim, Trim*, balançou o badalo sobre a porta. As pessoas que se sentavam às mesas sequer notaram aquele som abafado pelas estridentes risadas e assuntos indiscerníveis submersos em numerosas vozes.

De repente, em seu ombro esquerdo, a Lispector sentia um peso que a despertava de vez. Com o inédito sobressalto, girou na direção do braço, e à frente, a morena se deparou com a origem do susto.

— Moça! Desculpa, desculpa. Não queria te assustar. Você me parecia meio... Não importa, desculpa!- — disse o menino, murmurando coisas inaudíveis, ao mesmo tempo que deslizava sus mãos pela própria camisa preta.

— Melancólica? Com tédio? Relaxa. — um curto sorriso nasceu em seus lábios avermelhados, à medida que seus olhos bisbilhoteiros percorreram o indivíduo dos pés à cabeça. — Helena, prazer. Senta aí.

— Lorenzo! Lorenzo Pattinson, prazer. — ele prosseguiu, aconchegando o traseiro ao lado da menor. — E aí, você é daqui também? 'Tá de passeio?

— Eu sou daqui mesmo. — o encarando depois de pouco pensar, Helena enxergou um campo peculiar que regia o sujeito: sua atmosfera magnetizava de modo constante, como se fosse uma criatura demasiadamente imaculada. — É... Lorenzo... Eu 'tô estudando na Pacific Coast University! Conhece? Não esperava que fosse realmente pra ela, porque... É a Pacific Coast University! Entende? — afirmou com tenacidade, exibindo evidentes brilhos naquelas íris negras.

— Ahm? Sério?! Eu fui pra lá também. Faço economia. Por algum motivo eu acho que não vou ter tantos colegas de turma. Algo me diz que a maioria prefere ir pra administração. É clichê. — desenhou um arco nos finos lábios.

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⏰ Última atualização: May 06 ⏰

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