Acordei cedo, muito antes do despertador tocar. A empolgação não me deixava dormir. Hoje é o dia. Tomei um banho rápido, fiz minha rotina de higiene e escolhi minha roupa com cuidado: um short jeans desbotado que eu adorava e uma blusa sem mangas com listras coloridas. Simples, mas perfeito para começar o dia no acampamento.
Enquanto descia as escadas, uma parte de mim – aquela que nunca aprendia – teve a esperança boba de encontrar meu pai me esperando na porta. Talvez ele mudasse de ideia e resolvesse me levar para a escola, para se despedir. Mas, é claro, ele não estava lá. Só o motorista, o Sr. Jorge, me esperava.
Suspirei, reprimindo o aperto no peito. Não era hoje. Não seria nunca. Meu pai não era do tipo que fazia gestos sentimentais, e eu precisava aceitar isso.
Mesmo assim, me forcei a sorrir.
— Bom dia, seu Jorge.Ele acenou com a cabeça e abriu a porta para mim. Entrei no carro, me acomodando no banco de trás enquanto ele assumia o volante. O motor ronronou suavemente enquanto deixávamos minha casa para trás.
O condomínio passava como um borrão do lado de fora da janela, mas minha mente já estava quilômetros à frente. Não conseguia parar de imaginar como seria o Acampamento Beverly. As atividades, as trilhas, o lago... mas, para ser honesta, o que mais me animava era passar todo aquele tempo com Mason. Ele tinha esse jeito de fazer tudo parecer mais divertido.
Era como se o mundo fosse mais leve quando estávamos juntos.
Meu despertador tocou, mas, para variar, eu já estava acordado. Pulei da cama com uma energia que raramente tinha em um dia normal de aula. Hoje era diferente. Hoje era o início da nossa aventura no Acampamento Beverly.
Tomei banho, vesti minha calça cargo favorita, uma camiseta preta e calcei meus tênis confortáveis. Peguei minha mochila, que eu mesmo havia arrumado (com a supervisão de minha mãe, claro), e desci as escadas.
Minha mãe estava na cozinha, mexendo nos ovos mexidos.
— Já vai? — perguntou ela, com um sorriso caloroso.— Sim, mãe. Não quero perder o ônibus.
Ela riu, colocando uma porção de ovos no meu prato.
— Nem parece você, tão apressado. Normalmente tenho que te tirar da cama à força.— É que hoje é diferente — respondi, entre uma mordida e outra.
Meu pai entrou na cozinha, me deu um tapinha no ombro e desejou boa sorte. Me senti bem com isso. Por mais que ele não fosse tão presente, ele sempre fazia questão de dar um pequeno gesto de apoio, e eu valorizava isso.
Quando terminei de comer, minha mãe me levou até a escola. No caminho, ela falou sobre como o acampamento era uma ótima oportunidade para eu me desconectar um pouco do celular. Eu balancei a cabeça, mas não estava prestando atenção de verdade. Minha mente estava ocupada com outra coisa – ou melhor, outra pessoa: Cooper.
Cheguei à escola e vi o ônibus estacionado no pátio. Estava cheio de alunos carregando mochilas e malas. Antes mesmo de sair do carro, avistei Mason ao longe, com seu cabelo bagunçado e aquele sorriso fácil que ele sempre tinha.
— Obrigada, seu Jorge — falei, enquanto saía do carro.
Caminhei em direção a Mason, acenando para ele. Quando me viu, seu rosto iluminou-se, e ele veio até mim com passos rápidos.
— Olha só quem chegou! Pensei que você fosse perder o ônibus.
— E perder a chance de te deixar no chinelo nas atividades? Nem pensar — retruquei, rindo.
— Você pode até tentar, cabelo de cenoura.
Revirei os olhos, mas não pude evitar o sorriso. A maneira como ele me provocava sempre me fazia rir, mesmo quando eu queria parecer séria.
— Já viu nossos assentos? — perguntei.
— Claro, escolhi dois no fundo. Assim, podemos falar o quanto quisermos sem que os professores fiquem no nosso pé.
— Você pensa em tudo, não é?
Ele deu de ombros, como quem não quer nada, mas eu sabia que ele tinha planejado isso só para tornar a viagem mais divertida para nós dois.
Quando vi Cooper descendo do carro, não consegui esconder o sorriso. Ela tinha aquela energia que fazia tudo parecer mais interessante.
— Olha só quem chegou! Pensei que você fosse perder o ônibus.
Ela riu, me provocando de volta. Era assim que funcionávamos – sempre uma troca de provocações e risadas. Ela tinha um jeito de me fazer esquecer de tudo o que me preocupava, e eu esperava que o acampamento fosse mais uma chance para estarmos juntos.
Enquanto subíamos no ônibus e nos acomodávamos nos assentos do fundo, senti que esse seria um dos melhores momentos da minha vida. Mas, ao mesmo tempo, havia um pequeno arrepio na base da minha nuca, como se algo estivesse prestes a mudar. Algo que nenhum de nós poderia prever.
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Acampamento Beverly - Mason Thames
FanfictionNo acampamento Beverly, nada é exatamente o que parece. Cooper e Mason, melhores amigos desde a infância, estão ansiosos para passar o verão juntos em uma das experiências mais aguardadas de suas vidas. Entre atividades emocionantes e histórias assu...