Dona Mao

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Hanah levantou novamente antes do alarme. Seus cabelos estavam emaranhados ao redor de sua cabeça, fruto de mais uma noite mal dormida. Seu corpo cansado se obrigou a sair da cama, enquanto a boca carnuda proferiu um bocejo longo.
Após tomar um bom banho e desembaraçar os cabelos, Hanah se olhou no espelho. Apesar das noites mal dormidas e do estranho em seus sonhos, sua pele e cabelos estavam mais radiantes que nunca.
Com uma sacudida na cabeça, espaireceu os pensamentos impróprios para aquele horário da manhã e desceu as escadas em direção à cozinha.
Seus pais e seu irmão mais velho já estavam despertos, preparando o café da manhã antes do dia fatídico que vinha pela frente.
- Bom dia família - anunciou, dando um beijo na face de sua mãe, que era a mais próxima. Em seguida foi até seu pai lhe dar um abraço. Em seu irmão, agarrou o pescoço, imitando uma chave de braço fraca. - Chegou tarde ontem irmão, como está a Sunhe? Fez ela gritar pelos quatro ventos?
- Cala a boca Hanah! - Romeo lhe empurrou, saindo de seus braços e a prendendo sobre os seus, lhe forçando cascudos. - E você? Ainda sonhando com seu príncipe misterioso? Aposto que ele te deixou na mão de novo...
- Touché - Hanah deu um soco nas costelas de Romeo, fazendo-o soltá-la. - Mãe, os remédios não estão funcionando, pelo contrário, parece que só me deixam pior.
- Querida, nós já tentamos de tudo. Você já tentou encontrar alguém para ver se você apaga esse fogo? Depois de Justin, você nunca mais se relacionou com alguém.
A família Coleen é muito unida, sem tabus nem regras rígidas sobre relacionamentos e religião. Algumas regras serviam apenas para lembrá-los sobre responsabilidade e dever para com a família, amigos e sociedade. Então, todos foram sempre muito abertos sobre o que passavam, e Hanah não era diferente.
- Ela tem razão filha. Desde que você terminou com Justin, você tem ficado mais em casa, nem com seus amigos mais você sai.
- Eu sei, mas não tenho energia suficiente para curtir. Esses sonhos com esse homem misterioso está me desgastando demais.
- Talvez devêssemos interná-la - Romeo brincou. Hanah lhe mostrou o dedo do meio. - Só por precaução maninha.
- Estou planejando ir a um espírita. Tem um próximo a loja de antiguidades da dona Mao.
- Bom, não pode desistir até tentar de tudo. - Sua mãe opina. Serve seu prato de ovos com bacon.
A família toma café, debatendo sobre os próximos eventos da cidade e algumas fofocas matinais. Cada um se separa para o caminho da escola, trabalho, faculdade.
Seus pais trabalham juntos no hospital da cidade. Seu irmão está na faculdade, estudando para se tornar profissional olímpico. Hanah está no último ano do ensino superior, ainda sem definição do que quer fazer.
Enquanto pedala pelas ruas, seu fone sintonizado na sua rádio favorita toca alguma playlist famosa entre o público jovem. Segue rumo ao bicicletário, prendendo sua bike. Ajeita sua roupa, que consistia em uma saia xadrez, um short leggin por baixo, regata e coturnos, estes que já estavam surrados por tanto uso, porém a mesma não queria desfazer-se deles tão cedo.
Ruma em direção a sua sala, quando seu caminho é impedido por um corpo magro, olhos azuis e cabeleira loira.
- Hanah, vamos conversar - Justin entoa, usando uma voz melosa, com seus olhos pidões. - Já fazem três meses que a gente não se fala. Volta pra mim vai.
Hanah o empurra, fazendo Justin tropeçar sobre seus próprios pés e quase cair.
- Justin, pela última vez: não temos nada para conversar. E pode passar mil anos, eu nunca mais vou voltar para você.
O loiro a agarra pelo braço, impedindo de prosseguir o caminho. - Você me deve-
Hanah não o deixou continuar, seu punho acertou em cheio sua boca, o fazendo cair para trás com o baque. Sua boca se enchendo rapidamente com o sangue.
- Eu não te devo porra nenhuma! E não encoste em mim novamente. Eu tenho nojo de você.
Acontece que Hanah e Justin eram o casal mais famoso do colégio, antes eram melhores amigos. Hanah havia dado tudo de si para ele, seu amor, seus pensamentos, seu corpo. Até que um dia, se deparou com a cena de Justin entrando com uma garota parecida consigo, a diferença é que ela era mais alta e o corpo mais, digamos, em forma.
Hanah, que estava se preparando para fazer uma surpresa, segurando o celular na horizontal ativo na gravação para salvar a reação do loiro, apenas ficou estática, ao ver os dois corpos em tão fervoroso fogo.
As roupas sendo arrancadas, os gemidos proferidos e as risadas. Justin nunca havia tocado-a do jeito que estava tocando a outra. Tantas e tantas vezes que a ruiva pediu para Justin ser mais quente com ela e ele negou, fez Hanah acreditar que ele não queria machucá-la, porém era porque ele já tinha alguém com mais experiência para fazer o sexo selvagem que estavam tendo naquele momento, sem notar sua presença.
Hanah, cega pela dor e pela vingança, gravou do início ao fim, a depravação e traição, ainda escondida dentro do armário. Quando ambos terminaram, Hanah saiu de seu esconderijo, aplaudindo enquanto ainda gravava.
Justin tentou se explicar, porém Hanah não quis ouvir. Quando o loiro viu que ela estava gravando, tentou tirar o celular de sua mão, sem sucesso pois paralisou quando a ruiva anunciou que estava ao vivo para ambas as famílias e amigos do agora ex casal.

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Hanah terminou as aulas e seguiu rumo a cidade. Parou em frente a loja da Dona Mao, seguindo a pé até uma pequena lojinha.
- Olá, com licença. - chamou, entrando devagar. - Eu preciso de uma consulta.
Uma senhorinha apareceu por detrás da cortina. Seu cabelo era longo e branco, quase se arrastando no chão.
- Olá, Hanah. Estive esperando por você. Entre, entre!
Hanah não perguntou como a senhora sabe seu nome, e entrou na saleta que a senhora indicou.
- Provavelmente você já me conhece, eu sou a Dona Mao. Sei o porque você está aqui.
- A s-senhora sabe?!
- Claro! Você acha que eu não notaria essa energia que te rodeia? Algum espírito te assombra, estou certa?
- Mais ou menos isso - Hanah se senta na cadeira de frente a Mao. - Eu venho tendo sonhos com um homem...
E Hanah explicou a história, Mao interrompendo algumas vezes para fazer uma observação ou pergunta.
- Então você tem um sucubus se alimentando de você. E é um dos fortes. Mas eu tenho algo que pode ajudar com o acesso dele aos seus sonhos.
Mao sai da saleta e volta pouco depois, com um saquinho. Ao abrir, o conteúdo se revelou ser o que parece bolinhas de doce de leite.
- Antes de dormir, independente se é um cochilo ou um sono pesado, você irá comer uma bala. Como você pronunciou o nome dele, ele tem autorização para entrar em seu quarto e sua mente. Essa bala também ajudará com seus impulsos sexuais. Sua energia poderá atrair muitos outros, não apenas sucubus, mas também demônios.

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⏰ Última atualização: Apr 03, 2024 ⏰

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