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Harry lambuzava seus lábios com o sorvete de morango da tigela

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Harry lambuzava seus lábios com o sorvete de morango da tigela. Passando propositalmente a traseira da colher nos lábios, não sabia exatamente, apenas gostava da sensação de chupa-los e sentir o gostinho de morango na língua.

Seu corpo estava todo largado na cama. Pernas abertas, os dedinhos dos pés brincavam entre si, e os braços segurando seu sorvete como se fosse escapar dali. Seus cachos se formavam até seus ombros, conseguia sempre fazer tranças. As ondulações marcadas se bagunçavam no lençol branco do travesseiro, nem se importava caso alguém abrisse a porta e visse tal cena. Harry gostava de usar camisolas em casa, jamais calças ou moletons.

Casa era sinônimo de liberdade para Harry. Morava sozinho, tinha sido emancipado assim que ingressou na carreira de ator aos 17 anos. Então, não sentia um pingo de vergonha em ser quem queria ser. Seu quarto era uma mistura de bagunça e delicadeza. Não gostava de armários, suas roupas ficavam todas a mostra, e somente suas peças íntimas guardava em uma pequena cômoda. Muitos tons de rosa, azul e branco, todos pastéis. Era uma gracinha. Podia imaginar Harry sendo uma fada em seu quarto.

Harry carregava uma essência excêntrica, mas ainda assim, inocente. Não tinha malícia nas coisas. Era como se enxergasse o mundo com um filtro colorido nos olhos, e se queixava quando sentia algo aflorar em seu peito, que até então, não tinha conhecimento. Desde muito jovem, fora cortejado por homens e mulheres - mais velhos - e principalmente homens, que o olhavam com um desejo absurdo, diziam coisas absurdas em seu ouvido e de certa forma, o deixava com uma pontinha de curiosidade. E as mulheres se alisavam inteiras só de ver o rostinho angelical adentrando qualquer recinto.

Nunca passou disso. Harry tinha pavor de pensar em se deitar com qualquer uma dessas pessoas. Com dezenove anos, tudo se intensificou. Sendo o ator mais jovem da indústria a conquistar tantos prêmios, Harry se tornou o diamante do cinema. Seu nome estava em todas as capas, revistas e matérias. Todos os diretores queriam trabalhar com ele. Harry aceitava, e a maioria sempre muito profissional, realmente valorizando o talento de Harry.

Gostava de papéis melancólicos. Tristes. Amorosos. Instáveis. Sentia que podia se encontrar a cada personagem.

Harry sabia dos olhares que conquistava. Sabia dos comentários e dos desejos. Porém, entre tantas propostas - tentadoras - e pessoas desesperadas para ter só um pouquinho dele, Louis era o único que o instigava de fato. Instigava pra caralho.

Certa vez, Harry foi escalado para atuar em um filme dirigido pelo Sr. Louis Tomlinson, sendo o papel principal. Tinha que interpretar Tom, um garoto que vivia um romance escondido com o pai de sua prima, toda a história no ponto de vista de Tom e de como sua vida virou de cabeça para baixo quando se encontrou apaixonado pelo pai de sua prima. O papel já era um tanto difícil de atuar, Harry entrou com tudo nesse papel. Ele se sentiu especial por ser escolhido a dedo por Louis, já que era o primeiro filme gay do diretor.

De começo, Harry estava acanhado demais. Chegava no set de gravação meia hora antes para não decepcionar Louis, usava suas roupas mais bonitas para chamar atenção dele, talvez puxar algum elogio daqueles lábios finos que prendiam tanto sua atenção. Não conseguia nada disso. Harry ficava perdido só com a voz rouca de fumo ecoando pelo set, o cheiro de perfume e cigarro se fazia presente, e o jeito extrovertido e solto o pegava demais.

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