XIV

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   Quando o ruído dos passos de Junghoon desapareceram, Jimin fechou a porta e deu um longo suspiro de alívio.

   Deus, que ele tenha um bom dia com meu irmão. Jimin pediu em silêncio. Por favor, amenize o desapontamento que o entristece desde a volta da Ilha de Jeju, na semana passada.

   Uma semana mais parecia ser um ano.

   Foi estranho voltar à Inglaterra, Jimin não poderia negar, e mais estranho ainda, estar de volta ao pequeno apartamento que não lhe parecia ser seu lar. E por quê? ele se perguntava, culpado. Porque era pequeno e apertado, em comparação com a enorme vila dos Jeons? Ou por causa da ausência de Jungkook, o que deixava tudo sem graça?

— Estou com saudades do papai. – Junghoon lhe dissera em mais de uma ocasião, e de um jeito que o fez se sentir mais culpado.

   Eu também, Jimin pensou. Eu também!

   Uma decisão provocada pelas melhores razões, agora lhe parecia intolerável, e Jimin não tinha alguém em quem se apoiar, com quem conversar. Taehyung vivia sua própria vida, e ia a Londres sempre que podia, para ver Yoongi o primo da moça que Jungkook contratara para ajudar na loja enquanto ele estivera longe.

   Como Seokjin, Yoongi parecia fazer parte do fã-clube dos Jeons e convenceu Taehyung de que o milionário só era arrogante e frio com as pessoas que queriam algo dele, mas que, com os amigos, era o exemplo de lealdade. Jimin tentava desesperadamente esquecer o milionário, e esta seria a última coisa que desejaria ouvir.

   Teria sido o seu rosto abatido que levara Taehyung a se oferecer para ficar um dia com Junghoon? Ou teria sido o fato de que Jimin estava tão agitado que levava todos à loucura? Não importava a razão. O irmão foi gentil, e seria uma chance de Junghoon esquecer por algum tempo as lembranças de Jeju.

   Jimin imaginava o que faria com o tempo livre à sua disposição, quando ouviu alguém bater. Ele correu e abriu a porta com uma sensação de alívio.

— O que foi que esqueceram...? – ele começou a dizer, mas perdeu a voz ao ver  quem batera.

   Não fora Junghoon, nem Taehyung, mas... Jungkook?

   Jimin engoliu em seco e piscou, como se a imagem do alfa fosse desaparecer com tal ato. Ele não parará de pensar em Jungkook. Sonhou com ele várias vezes, quase enlouqueceu, e seu coração doía o tempo todo.

   Por um momento foi como se seus desejos se projetassem num passe de mágica e o alfa diante dele não fosse, e nem pudesse ser real. Mas era.

   Jimin olhou o belo corpo de Jeon Jungkook parado à sua porta com os cabelos revoltos pelo vento e com uma expressão que ele jamais vira. Ele quase se esquecei de como Jungkook era bonito, de como era forte e vigoroso, de como ele dominava tudo com sua simples presença.

— Jungkook. – ele falou, ofegante, e seu coração começou a bater desordenado.

   Jimin queria abraçá-lo, acariciar-lhe o rosto, como se tocá-lo fosse a única maneira de se convencer de que o alfa realmente estava ali.

— O que faz aqui? – ele perguntou, e imediatamente se deu conta: ele viera ver o filho!

   No sofrimento da despedida, ele deveria ter prometido a Junghoon que viria mais cedo do que pretendia. Apesar de ter preferido que Jungkook o prevenisse de sua chegada, para que ele não abrisse a porta vestindo uma velha calça jeans e uma camiseta surrada, Jimin conseguiu dar um sorriso. Pense em Junghoon, ele disse a si mesmo. Ele é tudo o que importa.

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