Capítulo IV

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— O que quer dizer com "ele quer um exame de DNA"?

   Jimin olhou para o irmão, tentando escapar da terrível sensação de cansaço que parecia tê-lo envolvido como uma nuvem pesada.

   Após sair do Hotel The Londoner na noite passada, ele se hospedou  por algumas horas num hotel barato, antes de pegar o trem de volta para casa. Sua cabeça ainda girava com todos os insultos que ouvira de Jungkook.

   Chegou a tempo de levar Junghoon para a escola e estava de volta à loja, onde Taehyung atendia os fregueses da manhã. Aquele calmo intervalo significava que ele teria de enfrentar o pesado interrogatório de seu irmão. Jimin deu de ombros, desanimado. Já tinha passado por todas as emoções, da raiva e indignação à pura humilhação, e havia esgotado todas elas.

— É evidente, não é? Ele quer um exame de DNA que prove que Junghoon é filho dele.
— Você mostrou para ele a fotografia? – Taehyung perguntou.
— Claro que sim. – Jimin respondeu.
— E...? – Taehyung incentivou o irmão a continuar, ele sabia que tinha algo mais.

   Jimin pensou na melhor maneira de falar, relutando em repetir as palavras insultuosas de Jeon. Seria seu próprio orgulho ferido que o impedia de contar para o irmão que aquele alfa o desprezava, e a tudo que Jimin defendia?

— Ele disse que, apesar de Junghoon parecer com ele, não correria o risco de reconhecê-lo como herdeiro de sua enorme fortuna sem uma prova.
— Que bastardo! – Taehyung vociferou.

   Mesmo tendo dito a mesma palavra para o alfa na noite anterior, Jimin se viu na curiosa situação de ter de defender um ponto de vista contrário, que lhe ocorreu durante a viagem de trem.

— Eu compreendo o ponto de vista dele - o ômega mais velho disse com cautela. — Quer dizer, ele não sabe que é o único candidato a ser pai de Junghoon , não é?
— Você não lhe contou?
— Não. – a raiva de Jungkook fora bem palpável, o clima entre eles, instável. Ele chegou a acusá-lo de usar sua virgindade como instrumento de barganha. —Mesmo que eu contasse, ele não acreditaria. Por que deveria?
Taehyung franziu a testa. — Jimin... Eu não acredito! Você ainda o defende?
— Claro que não! – Jimin respondeu severamente, mas a verdade era mais complexa.

   Ele compreendia o ponto de vista de Jungkook, apesar de profundamente magoado por Jeon pensar que Park fosse capaz de ter vários amantes e que quisesse atribuir a paternidade ao mais rico. No dia em que o conheceu, comportou-se de uma maneira incomum que jamais se repetiria, mas Jungkook não sabia disso.

— Tudo o que ele acha que sabe é, que eu posso ter tido uma longa fila de amantes na vida. – disse ao irmão com clareza, piscando para evitar as lágrimas.
— O quê? Todos eles ancorando seus iates aqui? –perguntou Taehyung com sarcasmo. — Eu não sabia que nossa cidade era gêmea de Atenas! – Taehyung comentou.
— Muito engraçado. – disse Jimin, vestindo o avental.

   Pelo menos, os comentários cáusticos de Taehyung o ajudaram a recuperar a perspectiva, e na hora do almoço ele entrou na Internet, maldizendo a dislexia que o atrasava na procura de laboratórios que fizessem exames de DNA. Sentado no canto da sala diante do computador, ele colheu todas as informações que conseguiu e se assustou ao ouvir o toque de seu celular.

   Normalmente, Jimin só o usava para emergências, e poucas pessoas tinham seu número. Ele não reconheceu o número que mostrava na tela, mas imediatamente reconheceu a voz.

— Jimin?

   Ele fechou os olhos. Longe do olhar cruel de Jungkook, era fácil permitir que a doce aspereza de seu sotaque invadisse seus sentidos e arrepiasse sua pele, lembrando-o de como um beijo faz bem à carência de sensações que Jimin vinha sentindo.

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