QUASE ALGO

Capítulo 01

O ano era 2017, eu estava na euforia de um novo ano, uma nova vida, acabava de me mudar de escola, o tão sonhado ensino Médio, me perguntava se aquele ano, seria o meu ano, bom no começo parecia que sim.

Dois anos antes, minha mãe havia me tirado da escola, tive muitas reclamações, coisas normais de adolecente que quer ter o rei na barriga, brigava na escola, conversava em todas as aulas, até que minha mãe realmente se revoltou mesmo, e me tirou da escola, no meu último ano do ensino fundamental. Eu, que não que não sabia nem como fazer sinal para o ônibus parar, tive que aprender o horário certo que ele passava para não se atrasar, e o dinheiro do lanche, virou dinheiro da passagem.

Bom, eu não era muito namoradeira, mas gostava de beijar, meu primeiro beijo foi dentro de uma sala de aula, no intervalo, com vários casais lá dentro. Para as minhas amigas, eu falava que já tinha beijado, que era excelente no que eu fazia, mas sinceramente? A minha única experiência com beijo, foi o teste na maçã que eu via os vídeos no Youtube. Sabe a história que o primeiro beijo é horrível? Sim, ele é horrível, eu não sabia o que fazer, sentir aquela língua estranha entrando na minha boca, uma mão segurando a minha bunda e ter vários casais, que possivelmente já tinham passado da parte só do beijo, era uma coisa bastante desconfortável.

Eu só tinha treze anos, estava começando a me relacionar agora, e sinceramente tinha bastante traumas, nunca fui uma pessoa muito magra, sempre tive "corpo", meus seios eram grandes, apesar da idade minha bunda e coxas, sim chamavam bastante atenção, principalmente quando usava calças legs para educação física.

Depois dessa experiência horrível com meu primeiro beijo, foi fácil beijar outras pessoas, parece que quando se faz algo pela primeira vez, você fica com a sensação de que as próximas serão melhores, e foram mesmo.

Mas alguns meses se passaram e como de costume, sempre andávamos no intervalo, era eu e mais duas amigas, eu estava esperando elas em frente a uma das sala de aula, quando um menino surge do nada e fala

- Como faço para sentir o gosto dos seus beijos?

Eu achei super estranho, franzi a testa, olhei para ele e disse

- Não faz

Ele saiu rindo, e parece que estava bem apressado, sumiu no meio dos outros alunos, e eu agradeci por não ver ele mais, pelo menos daquele dia.

Na saida do colegio, eu tinha hora marcada para chegar em casa, como eu morava a algumas ruas abaixo do colégio, minha mãe garantia que eu não precisaria demorar mais de trinta minutos para fazer aquele trajeto, então eu nem ficava na frente da escola conversando como muitos faziam, eu apenas me despedia e saia.

Quando me despeço das meninas e me afasto, sinto alguém me olhando, encostado no portão com os braços cruzados, sim, era o menino de mais cedo, que sumiu feito fumaça depois de me falar que queria sentir o gosto dos meus beijos. Olhei para ele e ri, virei as costas e fui para casa.

Cheguei em casa, dez minutos atrasada no horário estimado da minha mão, então sabia que as duas horas reservadas para eu poder mexer no computador estariam ameaçadas.

- Mãe, cheguei - colocando a bolsa em cima do sofá.

Ela vem e me abraça, eu fico assustada, porque isso não é de acontecer, nunca foi, na verdade o abraço dela, era para me cheirar, ver se eu estava fumando ou algo do tipo.

No final da tarde, eu pude mexer no computador, é a hora do dia que eu mais gosto, poder olhar meu facebook e conversar com as meninas.

Quando eu entro, já percebo que tem mensagem, não três como é de costume mas sim quatro, e uma solicitação de amizade.

Era o menino estranho de mais cedo, descobri o nome dele, Rafael Sousa Silva, ele tinha 16 anos e amava gatos. Ele não era feio, mas também não era bonito, ele era rústico, uma beleza diferenciada.

Fui olhar as mensagens, as meninas contando que já estavam de saco cheio dos seus "namorados", sim em aspas, porque sinceramente, que relacionamento é esse que existe entre eles? Os meninos já ficaram com as três meninas, e tinha uma trocação de baba, que misericórdia, quando um deles enjoava da menina que estava ficando no momento, trocava, e assim seguiam. Nunca gostei disso, e sempre reclamei, mas se elas não se incomodavam, quem sou eu para falar algo.

A outra mensagem que tinha era do Rafael

- Te achei muito bonita, certeza que não quer nada comigo? Eu posso ser persistente quando quero algo.

Eu ri. Merda eu ri.