Capítulo 3

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- Já – Respondi, como em um impulso, e abaixei a cabeça

Ele riu

- Vi que você é bem tímida. - Ele falou puxando uma cadeira para perto de mim, e virando a minha para ficar frente a frente com ele.

Dessa vez, eu ri.

Eu queria ir embora, estava com um pressentimento ruim, queria que aquela cena humilhante acabasse, para que eu pudesse sair dali.

- Vamos logo com isso – Falei puxando ele para perto de mim

E nos beijamos.

Mas dessa vez foi diferente, sabe a primeira sensação de você está comendo algo delicioso pela primeira vez? Como se estivesse nas nuvens, como se aquilo encaixasse perfeitamente. Foi exatamente assim. Um beijo calmo, mas com desejo. Com fome de querer mais. Como se o mundo estivesse acabando e aquilo seria a última coisa que eu quisesse fazer.

Ele me puxou para mais perto dele, e colocou a mão na minha nuca, parecendo que estava sentindo o mesmo que eu, parecendo que ele não queria me soltar, mas eu já estava sem ar, eu precisava soltar, mas eu não queria. Eu me afastei e quando me afastei ele estava olhando pra mim, as pupilas estavam dilatadas e a boca um pouco aberta, querendo atender o que tinha acabado de acontecer.

Por um segundo meu olhar foi para frente e eu vi a Fernanda me olhando, ela batia palmas e sorria, como se tivesse acabado de ganhar um doce.

Voltei a olhar para ele, suas mãos ainda estavam na minha nuca, ele me olhava querendo mais, e eu também queria, mas eu queria entender o que tinha acabado de acontecer, eu não entendia e ele também não, pelo menos, no seu olhar eu entendi isso. Ele não falava nada, só me olhava, aquilo não me deixava mais envergonhada, mas curiosa, quem era ele?

Ele me puxou de novo para perto, e me beijou, a sensação era a mesma, era algo tão bom que eu não conseguia explicar, só não queria que parasse, eu queria morar ali.

- Bonito

Paramos, ele me soltou e eu levantei.

Estávamos todos levantados, olhando para porta que não tinha mais a mesa como empecilho para alguém entrar, ela só estava aberta, com a diretora e minha mãe olhando para mim com cara de negação.

Fomos para a direção, e eu torcendo para que a minha mãe não me batesse na frente de todos, pelo jeito que ela me olhava, certeza que ela queria puxar meus cabelos bem ali mesmo. Do outro lado da sala, o Rafael me olhava preocupado, os olhos dele procurava o meu, mas eu estava preocupada com o que minha mãe poderia fazer ou dizer a ele. Quando tudo acabou, minha mãe foi me puxando o caminho inteiro me puxando pelos braços, não falei com ninguém, e pelo visto acho que nem poderia mais.

Chegamos em casa, ela me jogou no sofá e me encarou, certeza que eu iria apagar, eu só me encolhi e aceitei, mas não, ela olhou, ficou me olhando e saiu.

Ela tirou meu computador e ia me levar e buscar todos os dias na escola, me proibiu de falar com a Fernanda e meus intervalos era na sala da diretora, fiquei assim até me mudar de escola.

Rafael, sempre tentou conversar comigo, mas eu me afastei, estava envergonhada, não sabia o que dizer a ele, toda vez que eu saia da escola, ele estava lá fora me olhando entrar no carro com minha mãe e ir embora.

No ano seguinte me mudei de escola, perdi o contato com todos, quando finalmente ganhei um celular, entrei no meu Facebook, e estava cheio de mensagens, tanto da Fernanda, quanto de Rafael. Fernanda me pedia desculpas, falava que a culpa era dela, e que sentia a minha falta.

Já Rafael, me perguntava como eu estava, se tinha acontecido alguma coisa, que ele queria conversar, queria namorar comigo, falava que eu estava linda e que queria me beijar novamente. Só que isso nunca mais aconteceu.

Depois de dois anos, fiquei sabendo que Fernanda está firme e forte com o Vinicius, agora sim eles tem um relacionamento saudável, e que ela é bastante ciumenta. E sobre o Rafael, bom. Ele entrou no exército, está namorando, e a namorada dele está esperando um neném, uma menina e pelas más línguas disse que ele quer que se chame Gabriela.

Fiquei muito feliz em saber que ele está bem, mas um pouco triste por não poder conversar com ele depois de todo aquele sentimento dentro de uma sala de aula, por um simples momento. Quem sabe um dia, podemos ter nossa conversa.

Depois que me mudei de escola, minha mãe parecia ter mudado também, estava mais compreensiva, tinha voltado para a igreja e nós conversamos mais, comecei a namorar um dos meninos que ela me falava que seria o certo para mim. Apenas por esse motivo, que ele seria o certo para mim, não durou cinco meses. Ela ficou super decepcionada, mas eu não estava feliz, então prometi a mim mesma, que só estaria com alguém que me deixasse feliz, iria pensar em mim.

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