Capítulo 6

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Melanie's POV

13 de novembro, los angeles

Todo sábado era dia de ir ao mercado. Desde que me mudei pra cá, tive que me acostumar que compras no mês, como eu fazia com meus pais no Brasil, não funcionavam tão bem aqui. Geralmente Hailey vai comigo fazer as compras, ela adora colocar coisas desnecessárias no meu carrinho com a desculpa que iríamos precisar para o nosso fim de semana.

Coloquei uma calça de moletom branca, uma blusa larga qualquer e um par de all stars. Na noite passada escrevi em um pedaço de papel o que estava faltando na minha cozinha e nos produtos de limpeza, então logo tratei de encontra-lo e tomar em minhas mãos a chave do carro, o celular e meus fones. Desci até meu carro e assim que entrei, me agradeci mentalmente por ter colocado uma parte de baixo quentinha. A Califórnia no geral é conhecida por ser um lugar bem tropical e praiano, mas nem os melhores dias de Malibu conseguem salvar essa cidade de toda essa chuva e frio do final de ano. Dei partida no carro e dirigi até um mercado que ficava um pouco distante do centrão de L.A. Por morar no centro, tenho sempre tudo perto, mas os mercados próximos são tão caros que prefiro gastar mais gasolina para encontrar bons preços.

Dei três voltas no estacionamento aberto do mercado até me dar por vencida e estacionar no subsolo, o mercado estava realmente cheio. Antes de sair do carro, coloquei o papel com as compras em um bolso da calça, liguei meus fones e os pareei com meu celular, para enfiar ele dentro do bolso também. Desci do carro e o tranquei, ficando com as chaves na mão mesmo.

Rodando o mercado, pude perceber que a quantidade de carros lá fora não condiz nada com a quantidade pessoas que tem aqui dentro, tendo em vista que não há nem filas no caixa. Estava quase terminando minhas compras, só faltava a parte das frutas. Essa semana a parte de hortifruti não estava tão bonita, mas persisti ali em busca de uma boa caixa de morangos e alguns pêssegos. Entretida com a voz do Niall em Little Things, não vi que chegaram pessoas na sessão em que eu estava. Meu fone não estava tão alto, então pude ouvir em baixo tom risadas e conversas em uma língua que eu não entendia e nem sabia qual era. Não liguei muito, pois aqui é super normal ver turistas e residentes falando outras línguas que não sejam o inglês.

- Oh, me desculpe! - Ouvi alguém com um sotaque forte se dirigir a mim logo após esbarrar em minha mão para pegar uma caixa de morango.

- Não se preocupe. – Disse sem muito interesse. Peguei a caixa e quando estava indo ao caixa, percebi quem esbarrou em mim. Isso é perseguição? – Jungkook?

- Melanie? Oh! - Ele parecia tão surpreso quanto eu. Percebi que quando se vê de frente com algo novo, ele faz com que sua boca fique em um formato de O perfeito.

- Sempre nos encontramos em lugares inesperados, né? Tá tudo bem? Precisa de alguma ajuda? - Perguntei tirando um lado dos fones do meu ouvido.

- Oh, hoje não. Estou com um segurança para me ajudar. – Ele disse e apontou para um homem alto, também coreano e vestido com roupas normais, nada típico de um segurança. Acenou com a cabeça pra mim e retribui o gesto dando um sorriso sem amostrar os dentes.

- Espero que não se perca dessa vez. – Disse descontraída ao lembrar que no dia em que se perdeu em Downtown, estava sozinho. – Bom, eu já vou indo. Até mais!

Segui meu caminho até o caixa, mas meu cérebro estava me mandando sinais de que deixei de falar alguma coisa. Não queria me lembrar o que era, mas acabei pensando no passeio que prometi para Jungkook quando nos conhecemos. O anjinho sentado em um dos meus ombros diz "você terá outras oportunidades de vê-lo, Melly, vamos pra casa", mas o diabinho do outro lado praticamente gritava "e se ele for embora amanhã? Deixa de ser pateta, Melanie, chama ele nem que seja pra tomar um sorvete". Ignorei ambas as vozes e me deixei ir para o caixa sem pensar muito. Para minha sorte, o auto atendimento estava vazio, então não precisaria desligar meus fones para falar com ninguém.

Sai do mercado e, de volta ao carro, ainda com a sensação que deveria falar com o garoto, mas novamente, ignorei. Peguei estrada de volta pra casa e me deparei com um trânsito fora do comum no sentido do centro, essa cidade realmente não está devidamente preparada pra uma mudança de temperatura. Olhei o painel do carro e vi que a gasolina estava quase acabando, era só o que me faltava, pensei. Peguei a pista da esquerda para cortar os carros e entrar em algum posto. Quando desci do carro e engatei a mangueira da bomba no carro, meu celular tocou. Hailey, como adivinhei.

- Onde você tá? - Ela indagou. Nem um boa noite?

- Oi, Hailey! Tudo bem? Ah que bom, estou bem também. Como você sabe, sábado é dia de ir ao mercado, Los Angeles está com um trânsito dos infernos e estou parada no posto de gasolina pois esse carro consegue ser mais alcoólatra que você. – Ironizei. Sei que ela detesta ironias, ainda mais por ligação, por isso terminei a frase dando início a uma risada.

- Desculpa, estou com saudades. – Seu tom soou um pouco pra baixo - Quer dormir aqui?

Pensei em não aceitar, me conheço o suficiente pra saber quando minha bateria está baixa, mas ao mesmo tempo estava com saudades dela, então acabei dizendo um sim.

***

- Você não me conta mais sobre sua vida amorosa, o que tá rolando? – Hailey perguntou dando uma golada em sua taça de vinho. Naquele momento, nós duas já estávamos de pijamas e devidamente confortáveis em sua cama.

- Eu não te conto porque ela não existe. As vezes acho que você enxerga outra Melanie, e não a que realmente existe. – respondi. Entendo a preocupação dos meus amigos sobre a minha vida amorosa, por mais que ache um exagero, mas tem horas que essa marcação cansa.

- Mel, já falei milhares de vez que você precisa se permitir mais. Você é tão jovem, mora na cidade mais viva desse país e mesmo assim não aproveita. – O tom de sua voz já indicava que ela estava bêbada, então não falei mais nada, apenas assenti com a cabeça. – Ok, você não quer falar sobre isso, né? Vamos dormir então. – Deitei minha cabeça no travesseiro e puxei um pouco mais da coberta. – Eu te amo, tá?

- Também amo você, Hailey.




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oii, quem é vivo sempre aparece, né? os tempos que into you ficou parada foram bem difíceis pra mim, a autora aqui teve uma reviravolta muito grande, mas já tá tudo certo agora e pretendo voltar a postar com mais constancia.

boa leitura, amo vocês.

into you - jungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora