☆ 𝑇𝑊𝑂 ☆

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Na madrugada você mal conseguiu dormir, a história do "Park Lust" te atormentou ao ponto de você ter passado horas com a cara no computador, pesquisando mais coisas que te levassem a concluir que o cara da livraria era de fato esse mesmo indivíduo.

Stiven tinha perguntado se poderia passar na sua casa, você aceitou e disse que precisaria de companhia depois do trabalho. Talvez ter alguém para conversar fosse uma boa pra você depois da noite horrorosa que teve.

A campainha de casa toca e você caminha até a porta enquanto diz um "já vai" , sabendo que se tratava de Stiven. Você abre a porta e sorri para ele.

— Você está com uma cara péssima. – Ele diz assim que você abre a porta, dando um "toca aí" com você

Suas olheiras deduravam a sua noite em claro.

— Fiquei pesquisando algumas coisas, então nem consegui dormir. – Vocês caminham devagar até o seu quarto

Vocês entram e você se acomoda na cadeira da sua mesinha, onde tinha o seu computador e alguns livros.

—  Já até sei... Encontrou mais alguma coisa sobre o tal "Park Lust" ? – Stiven pergunta enquanto se senta sobre a sua cama. Ele parecia um pouco preocupado com o quanto você levou a sério a história do rapaz misterioso

— Quase nada. – Responde, um pouco cansada

— O que conseguiu achar? – Ele pergunta curioso

— Tem um belo pau. – Você responde enquanto sorri safada

— Belo pau? – O sorriso sacana dele mostrava o interesse no assunto, ainda mais quando ele era um gay assumido

— 18 centímetros. – Você diz num tom impressionado, mas nada exagerado, como se não se importasse com tal informação

— E asiáticos chegam nesse tamanho? – Seu olhar para Stiven fez um silêncio pairar no quarto, logo vocês dois começaram a rir da piada

— Esqueceu que ele não é humano, idiota? – Stiven ri mais um pouco

— Não, mas a piada foi boa! – Vocês riem mais um bocado, até você ficar um pouco pensativa

— Xenofobia é crime, hein? – Você ri mais um pouco – Mas vamos esquecer sobre esse cara, acho que nunca mais ele vai aparecer. – Stiven concorda, se acomodando mais no colchão macio da sua cama

— Aceitou a ideia da Alyce de ir comemorar seu aniversário naquela boate lá?

— Ah, acho que sim... Ainda estou um pouco receosa.

— Olha... Não é por nada, mas eu concordo com o que ela disse. Acho que você deveria se divertir mais, sabe? – Você o encara por um tempo, depois vira o rosto num suspiro pensativa – Quem sabe você perde a virgindade lá?

— Ah, que nojo Stiven! – Você diz enquanto ri, se levantando da cadeira

— Vai que o senhor Park Lust aparece por lá e te come com os impressionantes 18 centímetros dele de puro pau asiático? – Você cruza os braços, rindo

— Não viaja! – Você revira os olhos

— Nada é impossível, gatinha. – Diz em um tom desafiador – Mas você vai? – Ele pergunta enquanto te olha, como se sua resposta dependesse a vida dele

— Para comemorar meu aniversário. – Você diz firme, apontando um dedo para ele

— Sei! – Ele zomba e mexe no bolso da calça – Toma, comprei pra você. Já tinha até esquecido. – Você se assusta quando recebe uma barra de chocolate na cara, mas se senta na beirada da cama

— Caralho, se fosse pra humilhar desse jeito, nem precisava. – Você se estica na cama e deixa o chocolate na mesa – Mas obrigada. – Você ri, mas percebe que ele estava te encarando

— Posso te fazer uma pergunta? – Suas sobrancelhas se juntam em preocupação

— Claro! – Você responde um pouco afoita, se ajeitando mais na cama

— Tem certeza que você passou a noite só pesquisando mesmo sobre esse cara? Tem outra coisa que te atormentou a noite?

Você rapidamente arregalou os olhos, ficando um pouco quieta. Stiven te conhecia, ele sabia que você não ficava a noite inteira acordada pesquisando algo, normalmente você só virava a madrugada quando estava com medo ou preocupada.

— Eu acho que vi algumas coisas estranhas no meu quarto. – Você responde

— Como assim? Explica isso direito, vai. – Ele ordena, preocupado

— Não sei... Mas senti uma presença. Eu fiquei com muito medo e por isso não consegui dormir.

— Cara, eu acho que essa história está mexendo muito com você! Eu nunca vi você falando sobre isso antes de ver aquele cara lá na livraria, nunca te vi com medo de coisas no seu quarto. Sério, esquece esse maluco! – Ele diz, impaciente – Você só está assim porque colocou muita coisa na sua cabeça.

— É, você tem razão! É besteira! – Você agita a cabeça para ignorar o assunto, acreditando ter sido apenas coisas da sua cabeça

— Hum... – Ele te olha desconfiado – Mas de qualquer forma, toma cuidado. Eu também acho que já está na hora de encerrar o assunto sobre esse cara.

— Sim, você está certo. Não vamos mais falar dele. Me conta como está indo na faculdade.

— Ah... Até que bem. Só aquele cara idiota que fica jogando piadinhas quando me vê. Não sei como ele descobriu que sou gay, vocês mesmas disseram que eu não passo tanta vibe assim.

— Eu estou achando é que esse cara quer ficar com você. – Você responde e Stiven faz uma cara de nojo, negando com a cabeça

— Olha, não é porque eu sou gay que vou pegar qualquer bagulho. – Vocês riem

— Não, eu sei! É que esse cara está implicando com você desde que eu me lembro. Não acha estranho isso? – Ele pensa um pouco

— Ele só é um babaca. – Responde enquanto revira os olhos – Você sabe que gente assim não me atinge.

— Sei, e nem deve mesmo. – Você revira os olhos – Mas valeu pelo o chocolate.

— Nada, você tinha falado que estava com vontade. – Ele se vira para o outro lado da cama

— Vamos na cozinha! Fiz um bolinho de limão que sei que você ama.

— Ah, mentira?! – Ele vira e olha pra você, levantando da cama

Vocês saem do quarto correndo para a cozinha como duas crianças que a mãe acabou de dizer "Venham almoçar!" .
Stiven e Alyce são seus amigos desde o fundamental, vocês sempre andaram em trio e por isso das outras crianças chamarem ele de "viadinho", porque sempre andou com as meninas. Por mais que ele jogasse futebol e fosse crush de muitas meninas, todo mundo sabia que ele era gay.

Você e Stiven conversaram por um longo tempo, mas nenhum tocou no assunto do cara da livraria. Não queria ser chata e começar a falar dele novamente, com certeza levaria um tapa de Stiven.
Mas sua mente ainda continuava nele, lembrando do rosto e da voz, de como ele era o homem mais bonito que você já viu. O que você contou pro Stiven não foi nem a metade das coisas estranhas que viu no seu quarto na noite passada, e você sabia que aquele cara tinha algo a ver com isso.

A noite foi tensa devido aos ruídos sobrenaturais que ouviu no seu quarto. Sons que lembravam algo demoníaco e também vozes falando coisas obscenas. Seus olhos moviam para um lado e para o outro, para cima e para baixo. Sua única tentativa de se salvar dos barulhos foi se enrolar até a cabeça com o cobertor, mas se sentiu humilhada quando ouviu uma risada brincalhona. Já estava com raiva daquilo, e então retirou a coberta para enfrentar o medo, vendo a sombra de um homem no pé da cama. Você recua, perturbada pela visão na sua frente, seu brado de horror foi tão elevado que você imaginou que acordou algum vizinho. Fechando os olhos, você pediu para que aquilo fosse embora, e quando abriu os olhos novamente, seu pedido foi realizado.

Restou apenas as cortinas da janela sendo balançadas pelo o vento álgido.

𝐍𝐀𝐒 𝐂𝐇𝐀𝐌𝐀𝐒 𝐃𝐎 𝐥𝐍𝐅𝐄𝐑𝐍𝐎 - Park Seonghwa Onde histórias criam vida. Descubra agora